sexta-feira, 24 de junho de 2011

A arte pagã, a arte cristã, a arte espírita





Na sessão da Sociedade, do dia 23 de novembro, o Espírito de Alfred de Musset tendo se manifestado espontaneamente , a pergunta seguinte lhe foi dirigida:

A pintura, a escultura, a arquitetura, a poesia foram alternativamente inspiradas pelas idéias pagas e cristãs; quereis nos dizer se, depois da arte paga e da arte cristã, haverá, um dia, a arte espírita? - Ó Espírito respondeu:

"Fizestes uma pergunta que se responde por si mesma; o verme é verme, torna-se verme de seda, depois borboleta. O que ha de mais aéreo, de mais gracioso do que uma borboleta? Pois bem, a arte pagã, é o verme; a arte cristã, é o envoltório; a arte espírita será a borboleta."

Quanto mais se aprofunda o sentido dessa graciosa comparação, mais se lhe admite a justeza. À primeira vista, poder-se-ia supor, ao Espírito, a intenção de rebaixar a arte cristã, colando a arte espírita no coroamento do edifício; mas não é nada disso, e basta meditar esta poética figura para apanhar-lhe a justeza. Com efeito, o Espiritismo se apoia essencialmente sobre o Cristianismo; não vem substituí-lo, completa-o e veste-o com uma roupa brilhante.

Na infância do Cristianismo, encontram-se os germes do Espiritismo; se se repelissem mutuamente, um renegaria o seu filho e o outro o seu pai. O Espírito, em comparando o primeiro ao verme e o segundo à borboleta, indica perfeitamente o laço de parentesco que os une; há mais: a própria figura pinta o caráter da arte que um inspirou e que o outro inspirará. A arte cristã, sobretudo, deveu se inspirar nas terríveis provas dos mártires e revestir a severidade da origem materna; a arte espírita, representada pela borboleta, se inspirará nos vaporosos e esplêndidos quadros da existência futura desvendada; alegrará a alma que a arte cristã tomara de admiração e de temor; será o canto de alegria depois da batalha.

O Espiritismo se reconhece todo inteiro na teogonia pagã, e a mitologia não é outra coisa senão o quadro da vida espírita poetizada pela alegoria. Quem não reconhece o mundo de Júpiter nos Campos Elíseos, com os seus habitantes de corpos etéreos; e os mundos inferiores no seu Tártaro; as almas errantes nos manes, os Espíritos protetores da família nos lares e nos penates; no Letes, o esquecimento do passado no momento da reencarnação; nas suas pitonisas, os nossos médiuns videntes e falantes; em seus oráculos, as comunicações com os seres de além-túmulo? A arte, necessariamente, deveu se inspirar nessa fonte tão fecunda para a imaginação; mas para se elevar até o sublime do sentimento, falta-lhe o sentimento por excelência: a caridade cristã. Os homens não conhecem senão a vida material; a arte procurou, antes de tudo, a perfeição da forma. A beleza corpórea era então a primeira de todas as qualidades: a arte se interessou em reproduzi-la, em idealizá-la; mas só ao Cristianismo estava dado fazer ressaltar a beleza da alma sob a beleza da forma; também, a arte cristã, tomando a forma na arte paga, acrescentou-lhe a expressão de um sentimento desconhecido dos Antigos.

Mas, como dissemos, a arte cristã deveu se ressentir da austeridade de sua origem, e se inspirar nos sofrimentos dos primeiros adeptos; as perseguições impeliram à vida de isolamento e de reclusão, e a idéia do inferno à vida ascética; é por isso que a sua pintura e escultura, em suas três quartas partes, sobressaem pelo quadro das torturas físicas e morais; a arquitetura nela reveste um caráter grandioso e sublime, mas sombrio; sua música é grave e monótona como uma sentença de morte; a sua eloqüência é mais dogmática do que tocante; a própria beatitude nela traz marca de tédio, de ociosidade e de satisfação toda pessoal; aliás, ela está longe de nós, tão alto colocada, que nos parece quase inacessível, por isso nos toca tão pouco quando não a vemos reproduzida sobre a tela ou o mármore.

O Espiritismo nos mostra o futuro sob uma luz mais à nossa altura; a felicidade está mais perto de nós, está ao nosso alcance, nos seres mesmo que nos cercam e com os quais podemos entrar em comunicação; a morada dos eleitos não é mais isolada: há solidariedade constante entre o céu e a terra; a beatitude não está mais numa contemplação perpétua, que não seria senão uma eterna e inútil ociosidade, ela está numa constante atividade para o bem, sob o próprio olhar de Deus; está, não na quietude de um contentamento pessoal, mas no amor mútuo de todas as criaturas chegadas à perfeição. O mau não está mais relegado às fornalhas ardentes, o inferno está no próprio coração do culpado que encontra, em si mesmo, o seu próprio castigo; mas Deus, em sua bondade infinita, deixando-lhe o caminho do arrependimento, ao mesmo tempo, deixa-lhe a esperança, essa sublime consolação do infeliz.

Que fontes fecundas de inspiração para a arte! Que obras primas essas idéias novas não podem criar pela reprodução de cenas tão variadas e, ao mesmo tempo, tão suaves ou tão pungentes da vida espírita! Quantos assuntos, ao mesmo tempo, poéticos e palpitantes de interesse nesse comércio incessante dos mortais com os seres de além-túmulo, na presença, junto a nós, dos seres que nos são queridos! Isso não será mais a representação de despejos frios e inanimados, será a mãe tendo ao seu lado a sua filha querida, em sua forma etérea e radiosa de felicidade; um filho ouvindo com atenção os conselhos de seu pai que vela por ele; o ser pelo qual se pede vem testemunhar o seu reconhecimento. E, numa outra ordem de idéias, o Espírito do mal soprando o veneno das paixões, o mau fugindo da visão de sua vítima que lhe perdoa, o isolamento do perverso no meio da multidão que o repele, a perturbação do Espírito no momento do despertar, a sua surpresa diante da visão de seu corpo do qual se espanta por estar separado, o Espírito do defunto no meio dos seus ávidos herdeiros e amigos hipócritas; e tantos outros assuntos tanto mais capazes de impressionar quanto tocam mais de perto a vida real. O artista quer se elevar acima da esfera terrestre? Ele encontrará assuntos não menos interessantes nesses mundos felizes que os Espíritos se comprazem em descrever, verdadeiros Édens de onde o mal está banido, e nesses mundos ínfimos, verdadeiros infernos, onde todas as paixões reinam soberanas.

Sim, nós o repetimos, o Espiritismo abre à arte um campo novo, imenso, e ainda inexplorado, e quando o artista trabalhar com convicção, como trabalharam os artistas cristãos, haurirá nessa fonte as mais sublimes inspirações.

Quando dizemos que a arte espírita será um dia uma arte nova, queremos dizer que as idéias e as crenças espíritas darão, às produções do gênio, um cunho particular, como ocorreu com as idéias e as crenças cristãs, não que os assuntos cristãos jamais caiam em descrédito, longe disso, mas, quando um campo está respigado, o ceifeiro procura colher alhures, e colherá abundantemente no campo do Espiritismo. Já o fez, sem dúvida, mas não de um modo tão especial como o fará mais tarde, quando para isso será encorajado e excitado pelo assentimento geral; quando essas idéias estiverem popularizadas, o que não pode tardar, porque os cegos da geração atual desaparecem, cada dia, da cena pela força das coisas, e a geração nova terá menos preconceitos. A pintura f oi mais de uma vez inspirada por idéias desse gênero; na poesia sobretudo elas pululam, mas estão isoladas, perdidas na multidão; o tempo virá em que farão eclodir obras magistrais, e a arte espírita terás seus Rafaéis e seus Miguel-Ângelos, como a arte paga teve os seus Apeles e os seus Fídias.


Revista Espírita, Allan Kardec, publicado em dezembro de 1860.



Nesse artigo do querido mestre lionês podemos mais uma vez confirmar o seu vanguardismo quando prevê que a Arte espírita terá a aceitação geral das pessoas.

É o que vem ocorrendo na popularização de filmes espíritas como o Nosso Lar, filme digno de concorrer ao Oscar e visto mesmo por ateus e católicos, As mães de Chco Chavier, Chico Xavier o filme, sem mencionar as inúmeras peças de teatro que vem atraindo multidões.

Deixo registrado o exemplo de Valdelice Salum, médium espírita que exercita a arte pictórica – pintura mediúnica – há mais de 35 anos(1)

Valdelice Salum nasceu em Condiuba (BA) em 5/11/1938 e ali viveu até os sete anos. De família pobre radicada na zona rural, teve pouco acesso aos estudos e trabalhou no campo até os dezessete anos. Católica fervorosa, Valdelice não entendia suas visões em que quadros caíam sobre sua cabeça. Mais tarde, já casada, transferiu-se para Uberaba, mas titubeou muito em aceitar o convite de uma amiga para conhecer o médium mineiro Francisco Cândido Xavier.

Desde o início reconhecendo nela as possibilidades para o trabalho sério, Chico Xavier a incentivou a começar a estudar o Evangelho e frequentar uma instituição espírita. Disse a ela que muitos artistas encontravam-se ao seu redor esperando para realizar um trabalho de divulgação da vida após a morte por meio da pintura mediúnica.

Aos 70 anos, já bisavó, Valdelice ainda se dedica à pintura, tendo catalogadas apenas nos últimos anos mais de 16 mil telas de artistas desencarnados diversos, como Aleijadinho, Cézanne, Da Vinci, Dali, Degas, Gauguin, Lasar Segal, Manet, Matisse, Modigliani, Claude Monet, Miró, Picasso, Portinari, Rembrandt, Renoir, Reynolds, Sisley, Tarsila do Amaral, Toulouse Lautrec e Van Gogh, pintores famosos que voltam para dar testemunho da imortalidade, trazendo-nos uma prova mais do que necessária para os dias atuais.

Os pintores desencarnados trabalham por meio de Valdelice, como também de outros médiuns, usando o potencial mediúnico que cada um tem. E, por meio dos quadros, conseguem em certos casos dar ajuda não só psicológica como também energética para aqueles que assistem ao trabalho. Os pintores manipulam as energias do público como também as dos médiuns presentes para ajudar os desencarnados desequilibrados, trocando a energia negativa do doente pela energia positiva que é gerada pelo trabalho.

Chico Xavier, conversando certa vez com a médium, disse-lhe que os quadros e seu trabalho enquadram-se na proposta de evangelização através das cores. Durante o trabalho, observa-se o perfeito domínio dos pintores sobre as tintas, que não se misturam e mantêm as características de cada cor. 


(1)Referência: Revista O Consolador

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Mensagem de esperança


Nunca diga que algo é impossível
As coisa são no máximo improváveis
Mas nunca são impossíveis.

Nunca desista antes de tentar
E, se você for se arrepender de algo,
Não se arrependa do que você fez
E sim do que você deixou de fazer
Porque tentear e errar é ao menos aprender
Enquanto nem mesmo tentar é desperdício.

Não desperdice nenhuma chance da sua vida
Afinal a sorte não bate todo dia à sua porta

Tenha discernimento para saber o que é certo
E o que é errado,
Tenha sua própria cabeça
Não se deixe influenciar,
Mas saiba ouvir sempre a opinião dos outros
E saiba admitir seus erros.

Corra atrás de seus sonhos
Porque sem eles não chegamos a lugar nenhum.
Não se conforme
Vá atrás do que você quer
Lute!!!

A vida é bela e as esperanças nunca devem acabar
Assim como também não deve acabar
O amor que existe dentro de nós.

Saiba sobreviver às tristezas,
Saiba se erguer após cada queda
E saiba amar sem medo
Pois o medo não nos traz nada.

Somos todos iguais, filhos de Deus,
E que merecemos respeito, carinho, amor, felicidade...

Reze e agradeça
Pois Ele nos deu o maior presente de todos:
A Vida!!

 
Autor desconhecido

Prece



Perdoai-me Senhor,
ter desperdiçado tantas horas de minha vida,
em fútil tédio,
quando havia sol nos prados
e brisa no oceano ...

Perdoai-me Senhor,
cada hora não vivida,
cada minuto consumido em marasmo,
cada segundo sem usufruir
as bençãos da vida ...

Perdoai-me o que desperdicei
em ódio, em inveja, em vício,
quando fizestes o homem para amar
e fruir as bem-aventuranças do paraíso ...

Perdoai-me
se voltei meus olhos para a lama,
quando podia comtemplar os astros ...
Se me detive em pedras e cardos,
quando havia flores e crianças ...

Perdoai-me Senhor
por não ter amado bastante vossas criaturas,
nem compreendido vossas palavras,
nem ouvido a música de vossos gestos.

Ai! se eu pudesse recomeçar e viver novamente cada momento perdido!

Renato Castelo Branco

Dr Décio Iandoli Jr. - "Reencarnação, Fenômeno Biológico"





quarta-feira, 22 de junho de 2011

Pensamento e Vida

 


Orson Peter Carrara

O pensamento é poder criador de grande intensidade. É ele que gera nossas palavras e nossas ações; com ele construímos o edifício grandioso ou miserável de nossa vida. Ele é igualmente a causa inicial de nossa elevação ou rebaixamento moral. Também é ele que prepara as grandes descobertas científicas, as maravilhas da arte, como igualmente as misérias e vergonhas da humanidade. Ele, o pensamento, funde ou destrói instituições, pessoas, impérios ou consciências.


Na verdade, somos o que pensamos ser, determinado pela força, vontade e persistência que imprimimos no pensamento. O ruim é que não temos constância naquilo que pensamos, pois passamos constante de um assunto para outro, sem fixar-nos com a seriedade que se espera num assunto que nos interessa. Raramente, por outro lado, pensamos por nós mesmos, mas refletimos e nos deixamos dominar pelos milhares de pensamentos alheios que nos rodeiam, pois pouquíssimas pessoas sabem viver dos próprios pensamentos, deixando-se conduzir por pensamentos alheios.


Porém, há que se considerar que o controle dos pensamentos (sejam nossos ou sugeridos) arrasta o controle dos atos. Ele é, pois, o diretor de nossa conduta. A mente é o espelho da vida em toda parte, pois o pensamento cria a vida que procuramos, através do reflexo de nós mesmos.


O Dr. Augusto Cury (psiquiatra, psicoterapeuta, cientista e escritor, com livros publicados em 40 países) apresenta em seu fabuloso livro Seja líder de si mesmo, uma afirmação que nos parece muito útil para o tema que estamos analisando. Diz ele: Se você deseja ser apaixonado pela vida, faça-lhe um grande favor: não seja mais tímido e passivo diante dos seus próprios ataques de raiva, irritabilidade, dos pensamentos negativos. Peça desculpas se errou. Não brigue com os outros, não os culpe, não discuta. Nossa luta é interior e silenciosa.


E é exatamente nesta luta interior e silenciosa que está o “x” da questão. É esta luta interior que solicita a alteração dos pensamentos. Alteração que exige persistência, coragem, determinação.


Por isso é que o conhecido Dr. Dráuzio Varella, em texto que circulou pela Internet, recomenda que Se não quiser adoecer, há que se tomar algumas decisões importantes. Entre elas, destaco as quatro que mais nos interessa no assunto: a) Tome decisão – pessoa indecisa permanece na angústia; b) Busque soluções – pessoas negativas não enxergam soluções; c) Confie – sem confiança, não há relacionamento durável; d) Não viva sempre triste – a alegria recupera a saúde.


Portanto, para a serenidade que todos buscamos; para a harmonia interior que tanto almejamos; para a superação de conflitos; para o exercício do amor e especialmente para a conquista de patamares aprimorados de equilíbrio e saúde, comecemos desde já a pensar melhor. Alteremos o rumo dos pensamentos: da intolerância para a compreensão; da inveja para a solidariedade; do medo para a decisão; do egoísmo para o amor. E viveremos melhores.

De tudo




De tudo ficaram três coisas:
A certeza de que estamos começando,
A certeza de que é preciso continuar e
A certeza de que podemos ser interrompidos antes de terminar
Fazer da interrupção um caminho novo,
Fazer da queda um passo de dança,
Do medo uma escola,
Do sonho uma ponte,
Da procura um encontro,
E assim terá valido a pena existir!



Fernando Sabino, do livro "Encontro Marcado"

terça-feira, 21 de junho de 2011

Questão de consciência




A consciência da culpa torna-se azorrague de lamentável aflição para quem delinque, constituindo presença indesejável na vida irregular.

Todos os homens com mediana capacidade de discernimento sabem como se devem conduzir e quais os mecanismos corretos de que se podem utilizar, a fim de lobrigarem êxito nos tentames de uma existência sadia.



O erro, que é fator para a aprendizagem, ensinando a melhor metodologia para a fixação do acerto, na área do comportamento moral assume papel preponderante, gerando consequências de breve ou longo curso, conforme a ação negativa desencadeada.



*



Na Terra, face aos compromissos ético-sociais que impõem a aparência, não raro em detrimento da realidade, aquela exige que os indivíduos se permitam duas condutas: a que se aceita e aquela que se vive na intimidade do ser.



Tal atitude desencadeia distúrbios emocionais que se transformam em processos de alienação mental e comportamental infelizes. Não suportando a carga da dicotomia emocional que se impõe, o indivíduo foge pelos episódios neuróticos, jugulando-se a patologias que o tempo agrava, caso não se permita a necessária terapia e a mudança de ação moral.



*





Fora do corpo, a questão da consciência da culpa assume proporções mais graves, tomando aspectos mais infelizes. A impossibilidade que experimenta o culpado de dissimular o delito e a presença da sua vítima inocente, que o não acusa em momento nenhum, quando é nobre e elevada, tornam-se-lhe um tormento inominável.



Se, todavia, estagia no mesmo padrão de conduta e é incapaz de compreender e perdoar, ei-la transformada em cobrador implacável, iniciando-se o processo de obsessão cruel, que se alongará na carne futura, que o calceta busca a fim de esquecer e reabilitar-se...



Age corretamente sempre. Não te anestesies com os vapores do erro moral ou de qualquer outra procedência. 


Sofre hoje a falta, de modo a não padeceres longamente, mais tarde, o que usaste de forma indevida. O júbilo de poucos momentos não vale o remorso de muito tempo. 


Felicidade sem renúncia é capricho dourado que se converte em pesadelo. Tudo passa!



Eis que o tempo, na sucessão das horas, conceder-te-á em paz o que agora te falta, durante o conflito.



Tem paciência e persevera no bem, na retidão.



*



As leis de Deus encontram-se registradas na consciência humana, para que saibamos como agir, para que agir e por que agir sempre da maneira melhor para todos.



Assim, não te comprometas com o mal, o crime, o vício, liberando-te da culpa por antecipação.



Tal atitude será, na tua felicidade, uma questão de consciência.






Do cap. 13 do livro Momentos de Meditação, de Joanna de Ângelis, obra psicografada pelo médium Divaldo P. Franco.

sábado, 18 de junho de 2011

Em torno da palavra falada





LEDA MARIA FLABOREA




“Porque não há coisa oculta que não haja de manifestar-se, nem escondida que não haja de saber-se e vir à luz. Vede, pois, como ouvis”. – Jesus ¹ (Lc, 8:17-18.)


Em todos os lugares surgem pessoas que abusam da palavra, porque, ainda, temos dificuldade em controlar nossa língua. A palavra tem força e uma vez tendo sido dita, não será possível apagá-la.


Entretanto, o falar não pode ser dissociado do ouvir. São duas faculdades que se completam, porque são interdependentes entre si. Se é importante o cuidado com o quê e como dizemos as coisas, também o é com o quê e como ouvimos aquilo que nos é dito. A palavra é forte fio condutor, tem força, e uma vez dita não poderemos mais conter-lhe o caminho, porque na outra ponta desse fio está o receptor, o ouvinte e, por isso mesmo, ela pode ser captada e espalhada como bálsamo ou veneno, paz ou discórdia, luz ou treva. Se de um lado temos quem fala, do outro surge quem escuta, ambos responsáveis por suas atitudes. Por isso disse Jesus que o homem fala do que está repleto o seu coração. E quem ouve também.


Quando atentos, observando as pessoas ao nosso redor, poderemos perceber que dentro do nosso lar, ou mesmo fora dele, escutamos os mais variados comentários acerca de tudo e de todos. São comuns as discussões sobre o que acontece com a Natureza, sobretudo em uma época em que estamos acordando para a necessidade de preservá-la; comentários sobre os atos, fatos e boatos em torno das autoridades constituídas; observações sobre a vida alheia – pública ou privada –, esquecendo-se de que a vida do outro, como a própria palavra diz, é do outro, e não nossa; escutamos opiniões diferentes, coerentes ou descabidas, sobre os mais diversos assuntos, sejam eles na esfera da ciência, da política, da filosofia, da arte ou da religião.


Todavia, podemos, ainda, observar que não é somente no campo intelectual que surgem descalabros, desequilíbrios, ao lado de colocações ponderadas e lúcidas. A própria sociedade é um verdadeiro campo de batalha nesse aspecto. De um lado, temos Espíritos nobres semeando bem e luz e, de outro, os semeadores da discórdia, da maledicência, da calúnia, perturbando a harmonia e o progresso de todos e de tudo.


O Apóstolo Paulo nos recorda, em sua carta a Tito, Capítulo 2, versículo 1, que devemos falar para o bem em atendimento à recomendação de Jesus, e para termos os ouvidos atentos àqueles que nos falam. Porque, muitas vezes, seremos chamados a falar nas mais diferentes situações: entre os bons, para falarmos do bem, do belo, do amor; entre os maus, tentados a caluniar, a julgar levianamente, destacando a maledicência como foco nas conversações. Assim, de desastre em desastre, vamos criando, em torno dos próprios passos, todas as desventuras que formos construindo no nosso caminhar, pois falamos hoje e pagamos a conta amanhã. Isso é da lei. Semeadura e colheita. Dependência perene... Resultado das nossas escolhas...


Mas, se já possuímos algum conhecimento evangélico e se não desconhecemos os valores do Espírito, precisamos ficar atentos para não usarmos o verbo, contrariamente, às orientações de Jesus. Falar o que o outro quer ouvir é fácil. Replicar-lhe o argumento, atendendo aos nossos interesses, também, não é difícil. Mas, ouvir-lhe com paciência e entendimento e falar-lhe com “a prudência amorosa e com a tolerância educativa, como convém à sã doutrina do Mestre, é tarefa complexa e enobrecedora, que requisita a ciência do bem no coração e o entendimento evangélico dos raciocínios”. ²


De tudo isso, podemos concluir que o problema não está no comentário em si – quem fala responderá pelas consequências que provocar –, mas na forma como o recebemos, tendo em vista que reagiremos a ele de acordo com nosso entendimento e sentimento. Por isso se faz tão importante compreender a nossa postura diante desse fato: Como estamos respondendo ao que ouvimos? Estaremos convertendo-o no bem ou no mal? Estamos espalhando, em consequência daquilo que escutamos, alegria ou sofrimento para aqueles que estão junto de nós? Ouvimos com malícia ou caridade?


A resposta honesta e transparente a essas questões é que nos dará a correta medida de como e o quanto estamos evoluindo, espiritual e moralmente, nesta nossa jornada planetária, no campo das relações interpessoais.


Emmanuel lembra que precisamos aprender “a lubrificar as engrenagens da audição com o óleo do amor puro, a fim de que nossa língua traduza o idioma da compreensão e da paciência, do otimismo e da caridade, porque nem sempre o nosso julgamento é o julgamento da Lei Divina e, conforme asseverou o Cristo de Deus, não há propósito oculto ou atividade transitoriamente escondida que não hajam de vir à luz”. ³


Porém, como não dá para fazer tudo de uma só vez, a proposta é a que, num primeiro momento, aprendamos a controlar a língua para, depois, modificarmos a recepção do que ouvirmos, em atendimento ao convite de Jesus: caridade no ouvir, caridade no falar.


Consoante a essa recomendação do Amado Mestre, Irmão X, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, narra uma pequena história com o título Os Três Crivos, que transcrevemos. Diz-nos ele:


Certa feita, um homem esbaforido achegou-se a Sócrates e sussurrou-lhe aos ouvidos:


– Escuta, na condição de teu amigo, tenho alguma coisa muito grave para dizer-te, em particular...


– Espera!... – juntou o sábio prudente. Já passaste o que vais me dizer pelos três crivos?


– Três crivos? – perguntou o visitante, espantado.


– Sim, meu caro amigo, três crivos. Observemos se tua confidência passou por eles. O primeiro é o crivo da verdade. Guardas absoluta certeza, quanto aquilo que pretendes comunicar?


– Bem – ponderou o interlocutor –, assegurar mesmo, não posso... Mas ouvi dizer e... então...


– Exato. Decerto peneiraste o assunto pelo segundo crivo, o da bondade. Ainda que não seja real o que julgas saber, será pelo menos bom o que me queres contar?


– Hesitando, o homem replicou:


– Isso não... Muito pelo contrário...


– Ah! – tornou o sábio – então recorramos ao terceiro crivo, o da utilidade, e notemos o proveito do que tanto te aflige.


– Útil?!... – aduziu o visitante ainda agitado – Útil não é...


– Bem – rematou o filósofo num sorriso –, se o que tens a confirmar não é verdadeiro, nem bom e nem útil, esqueçamos o problema e não te preocupes com ele, já que nada valem casos sem edificação para nós...


Aí está, meu amigo, a lição de Sócrates, em questão de maledicência...



Bibliografia:


1 – LUCAS, 8:17-18.


2 – EMMANUEL (Espírito). Vinha de Luz, [psicografado por] F. C. Xavier – 14ª ed. FEB – RIO DE JANEIRO/RJ - lição 16.


3 – Id. Palavras de Vida Eterna, [psicografado por] F.C. Xavier – 20ª ed., CEC Edições – UBERABA/MG - pg. 122.

domingo, 12 de junho de 2011

Células-Tronco - Dra. Marlene Nobre

A esperança





Eu me chamo a Esperança; sorrio à vossa entrada na vida; eu vos sigo passo a passo, e não vos deixo senão nos mundos
onde se realizam, para vós, as promessas de felicidade que ouvis, sem cessar, murmurar aos vossos ouvidos. Eu sou
vossa fiel amiga; não repilais minhas inspirações: eu sou a Esperança.


Sou eu que canto pela voz do rouxinol e que lança aos ecos das florestas essas notas lamentosas e cadenciadas que vos
fazem sonhar com os céus: sou eu quem inspira à andorinha o desejo de aquecer seus amores ao abrigo de vossas moradas;
eu brinco na brisa leve que acaricia os vossos cabelos; eu derramo aos vossos pés os perfumes suaves das flores de vossos canteiros, e é com dificuldade que dais um pensamento a esta amiga que vos é tão devotada! Não a repilais: é a Esperança.


Eu tomo todas as formas para me aproximar de vós: eu sou a estrela que brilha no azul, o quente raio de sol que vos vivifica; embalo vossas noites de sonhos ridentes; expulso para longe de vós a negra inquietação e os pensamentos sombrios; guio vossos passos para o caminho da virtude; acompanho-vos em vossas visitas aos pobres, aos aflitos, aos moribundos e vos inspiro as palavras afetuosas que consolam; não me repilais: eu sou a Esperança.


Eu sou a Esperança! sou eu que, no inverno, faço crescer sobre a crosta dos carvalhos os musgos espessos dos quais os
pequenos pássaros constroem seu ninho; sou eu que, na primavera, corôo a macieira e a amendoeira de suas flores
brancas e rosas, e as derramo sobre a terra como uma juncada celeste que faz aspirar aos mundos felizes; estou
sobretudo convosco quando sois pobres e sofredores; minha voz ressoa, sem cessar, em vossos ouvidos; não me repilais: eu sou a Esperança.


Não me repilais, porque o anjo do desespero me faz uma guerra obstinada e se esgota em vãos esforços para me substituir junto de vós; não sou sempre a mais forte e, quando ele chega a me afastar, vos envolve com suas asas fúnebres, desvia os vossos pensamentos de Deus e vos conduz ao suicídio; uni-vos a mim para afastar sua funesta influência e deixai-vos embalar docemente em meus braços, porque eu sou a Esperança.



FÉLICIA.
Filha do médium.
Revista Espírita nº 2 – Ano IV

sábado, 11 de junho de 2011

Água de remanso



Cismo o sereno silêncio:
sou: estou humanamente
em paz comigo: ternura.


Paz que dói, de tanta.
Mas orvalho. Em seu bojo
estou e vou, como sou.


Ternura: maneira funda,
cristalina do meu ser.
Água de remanso, mansa
brisa, luz de amanhecer.


Nunca é mágoa mordendo.
Jamais a turva esquivança,
o apego ao cinzento, ao úmido,
a concha que aquece na alma
uma brasa de malogro.


É ter o gosto da vida,
amar o festivo, o claro,
é achar doçura nos lances
mais triviais de cada dia.


Pode também ser tristeza:
Tranquilo na solidão macia.
Apaziguado comigo,
meu ser me sabe: e me finca
no fulcro vivo da vida.


Sou: estou e canto.


Thiago de Mello

A caridade


 

 

Kardec cunhou a máxima “Fora da caridade não há salvação”


1. Em todos os tempos houve criaturas que ensinaram a caridade, mas poucos a praticaram verdadeiramente, a exemplo de Jesus, que não apenas a exemplificou como expressamente a indicou como o caminho que pode levar a criatura humana ao reino dos céus.   


2. Allan Kardec entendeu claramente o ensino do Cristo e por isso estabeleceu como lema do Espiritismo a conhecida frase “Fora da caridade não há salvação”, utilizada pela primeira vez pelo Codificador no livro “O que é o Espiritismo”, lançado em 1859. 


3. Comentando referida máxima, escreveu Paulo de Tarso (Espírito): “Meus filhos, na máxima: Fora da caridade não há salvação estão encerrados os destinos dos homens, na Terra e no céu; na Terra, porque à sombra desse estandarte eles viverão em paz; no céu, porque os que a houverem praticado acharão graças diante do Senhor. Essa divisa é o facho celeste, a luminosa coluna que guia o homem no deserto da vida, encaminhando-o para a Terra da Promissão. Ela brilha no céu, como auréola santa na fronte dos eleitos, e, na Terra, se acha gravada no coração daqueles a quem Jesus dirá: Passai à direita, benditos de meu Pai. Reconhecê-los-ei pelo perfume de caridade que espalham em torno de si. Nada exprime com mais exatidão o pensamento de Jesus, nada resume tão bem os deveres do homem, como essa máxima de ordem divina. Não poderia o Espiritismo provar melhor a sua origem, do que apresentando-a como regra, por isso que é um reflexo do mais puro Cristianismo. Levando-a por guia, nunca o homem se transviará”.  (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XV, item 10.) 


4. Para fins de estudo é preciso se estabeleça a diferença entre caridade, esmola e filantropia. Com relação à caridade, a questão no 886 de “O Livro dos Espíritos” esclarece que o verdadeiro sentido dessa palavra, tal como a entendia Jesus, abarca três virtudes: benevolência para com todos, indulgência para com as imperfeições alheias e perdão das ofensas.  

A caridade não se restringe às oferendas transitórias

5. A caridade, segundo esse entendimento, não se limita, pois, à esmola mas abrange todas as relações em que nos encontramos com nossos semelhantes, estejam eles em posição de inferioridade, igualdade ou superioridade em relação a nós. A caridade nos prescreve a indulgência, porque de indulgência também precisamos, e proíbe que humilhemos os desafortunados, contrariamente ao que se costuma fazer no mundo em que vivemos.  


6. O homem verdadeiramente caridoso procura elevar e não rebaixar, aos seus próprios olhos, aquele que lhe é inferior, diminuindo a distância que os separa. Sendo a virtude por excelência, a caridade constitui a mais alta expressão do sentimento humano, sobre cuja base as construções elevadas do Espírito encontram firmeza para desdobrarem atividades enobrecidas em prol de todas as pessoas. 


7. Confundida vulgarmente com esmola, a caridade excede, sob qualquer aspecto considerado, as doações externas com que o homem supõe em tal atividade encerrá-la. A esmola, evidentemente, não merece reprovação, mas sim a maneira pela qual habitualmente é dada. O homem de bem, que compreende a caridade segundo o pensamento do Cristo, vai ao encontro do desgraçado, sem esperar que este lhe estenda a mão, pois sabe que o homem condenado a pedir esmola se degrada física e moralmente e se embrutece. 


8. Sem dúvida, é valioso todo gesto de generosidade, quando consubstanciado em dádiva oportuna àquele que padece essa ou aquela privação. No entanto, a caridade que se restringe às oferendas transitórias nada mais é que filantropia, esse ato de amor fraterno e humano que distingue as pessoas que destinam altas somas à edificação de obras de incontestável valor, financiando múltiplos setores da ciência, da arte e da cultura.  

Para a legítima caridade é imprescindível a fé

9. Henry Ford, John Rockefeller, Ted Turner, Bil Gates foram ou são filantropos eméritos, a cuja contribuição a Humanidade deve serviços de inapreciável qualidade. Vicente de Paulo, Damien de Veuster, João Bosco, Madre Teresa de Calcutá e tantos outros de idêntica estatura transformaram-se em apóstolos da caridade, pois que, nada possuindo em termos de valores transitórios, ofertaram tesouros de amor e fecundaram em milhões de vidas o pólen da esperança, da saúde, da alegria de viver.  


10. Assevera Joanna de Ângelis que a caridade legítima requer como requisito imprescindível a fé. A caridade – diz Joanna –  é, sobretudo, cristã. A filantropia, apesar da valiosa ajuda que realiza, independe da fé e não se caracteriza pelo sentimento cristão. Irreligiosa, pode brotar em qualquer indivíduo.  


11. A caridade bem sentida e vivida estabelece verdadeira fraternidade entre os homens, visto que todos somos filhos de um mesmo Pai e, do mesmo modo que os Espíritos superiores nos amparam e sustentam nas lutas humanas, devemos igualmente amparar nossos irmãos em humanidade, inclusive aqueles que a sociedade considera criminosos. 


12. Evitemos julgar as ações cometidas por esses companheiros, auxiliando-os naquilo que nos for possível, porque a caridade, como já vimos, implica a necessidade de indulgência e de benevolência para com todos, sem qualquer exceção.


Thiago Bernardes

Amor e Matizes





Alcança-se a plenitude terrena quando se consegue amar.

Amar, sem qualquer condicionamento ou imposição, constitui meta que todos devem perseguir, a fim de atingir o triunfo existencial.

O amor é um diamante que, para poder brilhar, necessita ser arrancado da ganga que o envolve no seu estágio primário. Nasce do coração no rumo da vida, expandindo-se na razão direta em que conquista espaço interno, sempre mais expressivo e irradiante.

É realização do sentimento que se liberta do egoísmo, que se transmuda em compaixão, em solidariedade, em compreensão.

Possuidor de emoções superiores, expressa o nível de evolução de cada ser, à media que se agiganta.

Quando alguém empreende a tarefa de ser aquele que ama, ocorre uma revolução significativa no seu psiquismo, e todo ele se transforma numa chama que ilumina sem consumir-se, numa tranqüilidade que não se altera.

Não poucas vezes, aquele que desperta para o amor experimenta frustração e conflito, por não ser entendido ou esperar que os resultados do seu empenho sejam imediatos e logo a plantação de ternura seja abençoada pelas flores perfumadas da recompensa.
Trata-se, essa reflexão incorreta, de algum remanescente ainda egoística em torno de equivocado conceito sobre o amor.

É muito gratificante acompanhar o desenvolvimento de qualquer empresa, observando os resultados que apresenta, os frutos que produz, as gratificações que oferece. No entanto, não é essa a resposta do empreendimento afetivo.

Não estando as criaturas acostumadas ao amor, mas sim à convivência com as utopias, os interesses mesquinhos e competitivos, quando o defrontam, afligem-se, desconfiam, reagem negativamente, recusam-no. É perfeitamente natural essa conduta, porque defluente do desconhecimento dos inexcedíveis benefícios do amor.

Tudo quanto é inusitado inspira suspeição.

Porque alguém não se sente em condições de amar, não acredita que outrem se encontre nesse patamar do sentimento elevado.

O amor, porém, que insiste e persevera, termina por vencer quaisquer resistências, porque não se impõe, não gera perturbação, não toma, somente oferece.

O amor torna o ser compreensivo e dedicado, emulando-o a prosseguir na sementeira da bondade, do bem-estar próprio e geral.

O amor é sempre mais enriquecedor para quem o cultiva e esparze-o do que para os demais.

O amor apresenta-se em variados matizes, que são resultados das diversas facetas da mesma gema, refletindo a luz em tonalidades especiais, conforme o ângulo de sua captação.

Expressa-se num misto de ternura e de companheirismo, de interesse pelo êxito do outro e de compreensão das suas dificuldades, de alegria pelas suas conquistas e de compaixão pelos seus desaires, de generosidade que se doa e de cooperação que ajuda.

Mesmo quando não aceito, não se entristece nem descamba em reações psicológicas de autopiedade, reservando-se o luxo de manter ressentimento, ou de propor o afastamento de quem o não recebe.

Pelo contrário, continua na sua tarefa missionária de enriquecer, às vezes, desaparecendo da presença para permanecer em vibrações de doçura e de paz, sustentando o opositor e diluindo-lhe as impressões perturbadoras.

Deve ser enunciado ou pode manter-se em silêncio, a depender das circunstâncias, das ocorrências, dos fenômenos que se derivam dos relacionamentos.

O importante é que transforme em ação paciente e protetora, sem asfixiar nem dominar a quem quer que seja.

Nunca desfalece, quando autêntico, embora haja momentos em que a sua luz bruxuleia um pouco, necessitando do combustível da oração que o fortalece, por vincular a criatura ao seu Criador, do qual promana como inefável recurso de plenitude.

Quando os racionamentos humanos experimentarem o estímulo do amor, os famigerados adversários da sociedade - guerras, calamidades, fome, violência, vícios - desaparecerão naturalmente, porque desnecessários entre os seres, em razão dos eus conflitos, agora atenuados, não mias buscarem esses mecanismos infelizes de sobrevivência, de exaltação do ego ou de dominação arbitrária do seu próximo.

O amor tudo pode e tudo vence. Não se afadigando mediante a pressa, estende-se ao longo do tempo como hálito que mantém a vida e brisa cariciosa que a beneficia.

Onde se apresenta o amor, os espectros do ódio, do ciúme, da cizânia, da maledicência, da perversidade, da traição, do orgulho, se diluem, cedendo-lhe o espaço para a fraternidade, a confiança irrestrita, a união, a estimulação, a bondade, a fidelidade, a simplicidade de coração.

O amor é um tesouro que mais se multiplica, à medida que se reparte, jamais desaparecendo, porque a sua força reside na sua própria constituição, que é de origem divina.

Nada obstante, o amor não conive, não se amolenta, não serve de capacho para facultar a ascensão dos fracos aos estágios superiores, nem se submete ante a exploração dos perversos e dos astutos.

É alimento do Espírito e irradiação do magnetismo universal.

Enquanto se deseja ser amado, embora não amando, ser compreendido, apesar de não ser compreensivo, não se atinge a meta do desenvolvimento espiritual. Nesse ser, que assim age, permanece a infância psicológica que deseja auferir sem dar, desfrutar sem oferecer.

O amor compraz-se na reciprocidade, porém, não a torna indispensável, porque existe com a finalidade exclusiva de tronar feliz aquele que o cultiva, enriquecendo aqueloutro a quem se dirige.

Em razão disso, é rico de valores, multiplicando-se incessantemente e oferecendo apoio, plenificação e paz a quem o ignorando, por indiferença ou desequilíbrio.

Afinal, sendo de essência divina, nunca será demasiado repetir-se que o amor é a emanação da vida, é a alma de Deus.


Franco, Divaldo Pereira. Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis. Página psicografada pelo médium Divaldo P.Franco, no dia 20 de setembro de 2002, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia..