terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

A Indulgência



José – Espírito Protetor – fala-nos dessa nobre virtude (...) “sentimento doce e fraternal que todo homem deve alimentar para com seus irmãos, mas do qual bem poucos fazem uso. A indulgência não vê os defeitos de outrem, ou, se os vê, evita falar deles, divulgá-los.” (1)


É claro que quando se visa a prestar um serviço à coletividade, os próprios Espíritos advertem que os maus atos de outrem devem ser apontados, mas mesmo neste caso, ter o cuidado de os atenuar tanto quanto possível, não se esquecendo de ser caridoso...


Conta-se que um rapaz procurou Sócrates – sábio da Grécia Antiga – e lhe disse que precisava contar algo sobre alguém. Sócrates ergueu os olhos do livro que lia e perguntou:


- O que você vai me contar já passou pelas três peneiras?


– Três peneiras? Indagou o jovem assustado.


Continuando disse Sócrates:

- Sim. A primeira peneira é a VERDADE. O que você quer contar dos outros é um fato? Caso tenha ouvido falar, a coisa deve morrer por aí mesmo.


Suponhamos então, que seja verdade. Deve passar pela segunda peneira: a BONDADE. O que você vai contar é coisa boa? Ajuda a construir ou destruir o caminho, a fama do próximo? Se o que você quer me contar é verdade, é coisa boa, deverá passar ainda pela terceira peneira: a NECESSIDADE. Convém contar? Resolve alguma coisa? Ajuda a comunidade? Pode melhorar o planeta?


E arremata Sócrates:


- Se passar pelas três peneiras, conte. Tanto eu, quanto você e seu irmão iremos nos beneficiar. Caso contrário, esqueça e enterre tudo.


Será uma intriga a menos para envenenar o ambiente e fomentar a discórdia entre irmãos. Devemos ser sempre a estação terminal de qualquer comentário infeliz.


Ainda com relação aos comentários de José – Espírito Protetor – (op. cit.) diz o mesmo: “Sede, pois, severos para convosco, indulgentes para com os outros”.


Há ditos populares que nos advertem quanto aos reproches, como por exemplo: “Nunca digas dessa água não beberei”, “Fulano pagou com a língua”...


A verdade é que ninguém se encontra indene para bater no peito e dizer:


“Isso, eu nunca farei...”


Não conhecemos as nossas fraquezas mais íntimas, Jesus, referindo-se a essa questão, disse a Pedro: (...) “Mas vais aprender, ainda hoje, que o homem do mundo é mais frágil do que perverso.” (2) E tão logo se consumou a prisão de Jesus, Pedro ataca com a espada um dos soldados que veio prender o Mestre, cortando-lhe uma das orelhas... Parece, neste momento, ter esquecido as lições de amor do Mestre Jesus. E mais adiante, nega-o por três vezes, lembrando-se de imediato, após a terceira negação, das palavras sábias de Jesus a dizer-lhe o quanto o homem no mundo é frágil.
Jesus nos deu mostras em diversas passagens do Evangelho da indulgência para com as imperfeições alheias, como no caso da mulher adúltera, dos soldados que o crucificaram, do próprio Judas que o traiu. E nos advertiu da severidade do julgamento do Pai para conosco, na mesma proporção com que julgarmos os outros. (Mateus, 7:1-2).


Óbvio está que a falta de indulgência para com o próximo demonstra o nosso esquecimento dos ensinos de Jesus – prova inequívoca da nossa fraqueza espiritual.
Exorta o Espírito Dufêtre: (3)


“Caros amigos, sede severos convosco, indulgentes para as fraquezas dos outros. É esta uma prática da santa caridade, que bem poucas pessoas observam. Todos vós tendes maus pendores a vencer, defeitos a corrigir, hábitos a modificar; todos tendes um fardo mais ou mesmos pesado a alijar (...)


Por que, então, haveis de mostrar-vos tão clarividentes com relação ao próximo e tão cego com relação a vós mesmos?”


Tanto tempo temos estudado a Doutrina Espírita. É preciso, pois, que nós, os espíritas, adotemos os ensinos morais, como este, aplicando-os, sobretudo dentro das nossas Casas Espíritas. 


Entendendo a individualidade espiritual de cada um, deixando de tentar submeter consciência às “nossas verdades”. Sabendo implementar os conhecimentos doutrinários de acordo com a capacidade de aprendizado de cada um. Acabando com as rusgas, maledicências, comentários infelizes acerca do próximo, que demonstram a nossa falta de indulgência e de evangelho no coração.


Busquemos primeiro, acender a nossa luz interior, para depois começarmos a iluminar as trevas que nos cercam. .





Reformador set99