sábado, 12 de março de 2011

Oração pelo Amor






Senhor,

Estamos exaustos pelos descaminhos por que optamos.

Escolhemos o desamor e tombamos na decepção e na revolta.

Assegura-nos rumos novos.

Ante o convite da ilusão, fortifica-nos para fugirmos dos atalhos e aderirmos à Verdade.

Falta-nos força e coragem para amar como deveríamos. Por isso Te rogamos que supra nossas inibições.

Encoraja-nos a zelar com carinho por aqueles que deliberadamente não nos querem bem.

Amplia-nos o discernimento no uso do equilíbrio com quantos fortalecem com amor Tua participação em nossos passos.

Jesus, ensina-nos o amor para que vivamos no coração os sublimes sentimentos que há muito louvamos na palavra e esquecemos ou não sabemos como aplicar.

Permita-nos aprender a gostar da vida e amar a nós mesmos, enaltecendo o mundo com a cooperação na Obra Excelsa do Pai e celebrando a dádiva da vida em nossos caminhos de cada dia.

Pela súplica sincera que brota de nossa alma nesta hora, de nós receba, hoje e sempre, a gratidão de quantos Te devem tanto por receber mais que merecemos do Teu inesgotável amor.

Obrigada, Senhor!


Ermance Dufaux

A justiça e a bondade






Dionísio, o Velho (430-367 a.C.), general astuto e hábil, salvou Siracusa do domínio de Cartago, tornando-se rei.


Sua fama era péssima.


Impunha-se pela força e a crueldade.


Não obstante, tinha seus temores.


Como todos os tiranos, trazia as barbas de molho; desconfiava de tudo e de todos. Imaginava-se prestes a ser envenenado ou apunhalado por covardes traidores e implacáveis inimigos.


Um de seus cortesãos, Dâmocles, incensava a vaidade do tirano, situando-o como alguém invejável por suas riquezas e poderes.


Dionísio dispôs-se a demonstrar-lhe que não era bem assim…


Certa feita o convidou a tomar seu lugar numa festividade. Seria rei por uma noite, a fim de experimentar as delícias do poder.


Em plena euforia, cercado de aduladores, Dâmocles sentia-se o dono do Mundo, ainda que por breves horas.


Extasiava-se, quando, ao olhar para o teto, pôs-se trêmulo e apavorado.


Viu uma espada afiadíssima, suspensa sobre sua cabeça, tendo a sustentá-la frágil crina de cavalo.


Dionísio explicou-lhe que essa era sua própria condição.


Permanentemente ameaçado por incontáveis perigos.


Já que Dâmocles quisera desfrutar os prazeres do poder por uma noite, experimentaria, também, a perspectiva apavorante:


A espada poderia desabar sobre sua cabeça, perfurando-lhe os miolos.


Podemos imaginar o que foi aquela noite para o pobre cortesão…

***

A espada de Dâmocles simboliza a precariedade das situações humanas.


Doenças, dificuldades, problemas, desilusões, amarguras, dores, acidentes, roubos podem nos atingir inesperadamente.


A própria morte, não raro, aproxima-se sorrateira.


Age como um ladrão.


Não sabemos quando, onde e como se apresentará.


Viver é um risco. É por isso que muita gente situa-se inquieta, tensa, nervosa, à maneira do apavorado cortesão.

Não obstante, podemos conservar, em qualquer situação, a capacidade de viver tranqüilos e felizes.


Basta lembrar que, acima das contingências humanas, há a presença soberana de Deus, o Senhor Supremo.


Diz o salmista (Salmo 23):

O Senhor é o meu pastor.


Nada me faltará.


Deitar-me faz em pastos verdejantes.


Guia-me mansamente a águas tranqüilas.


Refrigera a minha alma.


Guia-me nas veredas da justiça por amor do seu nome.


Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum, porque tu estás comigo…

Proclama o apóstolo Paulo (Romanos, 8:31):

Se Deus estiver conosco, quem estará contra nós?

É exatamente assim, amigo leitor.


Considerando que Deus está sempre conosco, não há por que temer absolutamente nada, nem mesmo a morte. O Senhor nos amparará quando ela nos embarcar, inexorável, no comboio para o Além, desdobrando-nos novas experiências.


Devemos considerar apenas uma questão pertinente, algo de que devemos cogitar todos os dias, ajudando-nos caminhar sem desvios e com segurança:


Estamos com Deus?
 
Livro Rindo e Refletindo com a História, de Richard Simonetti

Enfermidades






Carlos Toledo Rizzini

Moléstias orgânicas – em "Evolução para o Terceiro Milênio" – Edicel


1. Compreendemos que os desequilíbrios ou enfermidades do Espírito têm início com os abusos e afastamento da Lei Divina. Daí, em o nível de evolução da Terra, sofrimento ser conseqüência da violação da Lei. Toda moléstia é de origem espiritual, razão porque há doentes e não "doenças" propriamente ditas. A medicina terrena começou a compreender isso com o seu conceito de moléstia psicossomática, ou seja, a doença do corpo oriunda de um estado desajustado da mente (tensão, conflito), tal a úlcera péptica do estômago e duodeno e a pressão arterial alta.

Psicólogos materialistas e mentores espirituais concordam plenamente na afirmativa de que a Humanidade é constituída maciçamente de mentes enfermas. Dizem os primeiros, sobretudo os psicanalistas, que o homem sadio é uma avis rara, difícil de encontrar. Dos segundos, Emmanuel (Justiça Divina) esclarece que todas nós "somos doentes em laboriosa restauração", devido aos débitos contraídos noutras vidas, e acentua: "Todos somos enfermos pedindo alta". Não desanimemos. Por enquanto, a Terra é um planeta de provas e expiações, no qual renascem, em massa, espíritos falidos perante a Lei. Não é um lugar aprazível para uma doce vida, sem incômodos, embora possua recantos belíssimos; é, antes, um mundo de lutas evolutivas acerbas e dores múltiplas. Procuremos ,ver claro para não naufragarmos no mar das ilusões, que obscurecem a compreensão; busquemos o esclarecimento sobre: 1) a causa profunda das enfermidades; 2) a função retificadora que elas desempenham na vida do Espírito eterno - deixando de considerá-las como desgraça ocasional do momento que passa.

2. Caro leitor, não há injustiça no universo pois, Deus é amor, justiça e sabedoria – tudo impregnado pela perfeição suprema. Este principio fundamental leva a procurar a causa da enfermidade dentro de nós mesmos. Vimos que o sofrimento é resultante de, violações, erros e abusos, no curso dos quais a Lei Divina é desrespeitada e os deveres negligenciados. A prática do mal, a repetição de abusos, a acumulação de erros, os vícios, enfraquecem os centros de força do perispírito e geram lesões nele, que é sensível ao estado moral do Espírito.

Sabe-se hoje, depois das experiências do Prof. Hans Selve, que os estados de tensão muito prolongados originam lesões graves em vários órgãos. Informa Selve que as piores tensões são : ansiedade, frustração e ódio, capazes de produzirem úlceras gastroduodenais, arteriosclerose e hipertensão arterial, por exemplo. Ora, este conhecimento é experimental, adquirido pelo homem no laboratório de pesquisa utilizando ratos, cobaias e camundongos É muito para estimar e admirar que o querido instrutor André Luiz, em Sinal Verde, afirma exatamente a mesma coisa: "Quanto mais avança, a ciência médica mais compreende que o ódio em forma de ;vingança, condenação, ressentimento, inveja ou hostilidade está na raiz de numerosas doenças e que o único remédio eficaz contra semelhantes calamidades da alma é o específico do perdão no veículo do amor". Por incrível que pareça, esta última assertiva do espírito fora antes formulada pelo citado cientista ao declarar que: "Amar ao próximo é um dos mais sábios conselhos médicos de todos tempos". Percebe-se que a acentuação deslocou-se da religião para a ciência o Evangelho é também um código de medicina profilática. . .

Tal é a causa principal dos nossos males físicos e mentais: as lesões do corpo espiritual, enquanto não houver reparação das condutas malfazejas e mudança nas inclinações, serão transferidas para o corpo material, que renascerá doente de mil maneiras diferentes.

É o próprio modo de ser do indivíduo que não é sadio. Seus pensamentos, sentimentos e impulsos, de várias maneiras, afastam-no da normalidade - levando-o ao proceder incorreto e ao desequilíbrio conseqüente. Residindo, assim, os fundamentos da moléstia no íntimo das pessoas, não será possível obter a cura tão-somente pelo uso da medicação externa. Os remédios materiais, com raras exceções (fim de débito), não podem curar integralmente a ninguém; conseguem melhorar, aliviar, transferir o mal, mudar sua manifestação, eliminar algo - mas a cura há de proceder do poder criador do Espírito: "O espírito delinqüente será imperiosamente o médico de si mesmo" (André Luiz, No Mundo Maior). Daí, afirmar Emmanuel (Fonte Viva) que raros alcançam a cura completa, genuína: é mister apreciável cota de esforço próprio na renovação dos conteúdos mentais, para mudar as maneiras de pensar e de agir.

3. Temos aí moléstias orgânicas originárias de lesões perispirituais que surgiram de erros e abusos anteriores. Se o sujeito ingeriu veneno por sua deliberação, renascerá com a garganta pouco resistente a germes ou com o estômago lesado; se deu um tiro no coração, voltará atacado de uma cardiopatia congênita; se usou a inteligência como astúcia para aproveitar-se de outros, virá a ser débil mental ou padecerá de hidrocefalia; se foi dado à maledicência ou calúnia, terá mais tarde a língua maior do que a boca. E assim por diante. vemos a lei de causa e efeito em ação, no plano espiritual, determinando expiações.

Outros tipos de enfermidade física ocorrem, menos difundidos, porém, nos quais funcionam diferentes mecanismos.

Existem as doenças expiatórias, impostas ao reencarnante como indispensáveis a resgates necessários. É claro que nos exemplos acima temos também expiações.. Mas, neles, o indivíduo lesou a si mesmo e a moléstia corporal é uma expressão da lesão do perispírito. veja isto, leitor. Um indivíduo matou outro; como espírito, lutou ativamente pela própria regeneração e alcançou grandes méritos na prática do bem. Ao voltar ao mundo, recebe um coração defeituoso (que não tinha) para expiar o crime. Outro levou alguém à tuberculose fazendo-o expor-se continuamente a condições adversas; ao renascer, recebe pulmões sem resistência ao bacilo de Koch. De dois dementes, um poderá ser realmente louco (espírito perturbado) e o outro não, tendo apenas o cérebro desarranjado por necessidade de expiação. Um idiota poderá ter u espírito lúcido.

A diferença entre as duas modalidades só é nítida nos extremos, devendo haver muitas situações intermediárias menos definidas.

4. Um sem-número de lesões ou afecções se revelam derivadas de episódios de vidas passadas. Um evento destes, até muito antigo, ligado a situação interpessoal não resolvido, sói mostrar conseqüências no corpo físico em diversas vidas. Segue-se um exemplo que explicaria casos na área psicológica (Netherton). Certa mulher nova não só sentia dor no curso do ato genésico como também tinha verdadeiro horror ao mesmo; e, além disso, acordava costumeiramente de madrugada com cólicas abdominais; sintomas, portanto, físicos e psíquicos, aos quais se deve ajuntar uma infecção vaginal crônica rebelde ao tratamento ginecológico.

A regressão de memória semiconsciente, conservando a lembrança posterior dos fatos evocados, revelou que em existência bem anterior (numa "civilização primitiva"), em seguida ao adultério, o marido mandou prendê-la em jaula baixa, onde só cabia acocorada; tal posição determinou-lhe, então fortes e contínuas dores no ventre. Dias depois, por ordem dele, um médico seccionou-lhe o clitóris, sentindo, na ocasião, rápida dor lancinante; era seu intuito usá-la sexualmente sem que ela pudesse corresponder. E assim foi anulada a atividade erótica. Em vida subseqüente, descreve-se como jovem meretriz que atravessa triste episódio; apaixonada por certo homem, este, alcançando o próprio orgasmo, a deixa no momento- em que ia atingindo o clímax; ofende-a, então, gravemente com palavras pesadas. Confusa e frustrada, cai do alto da escada e é deixada sem socorro até morrer. Desta experiência procede sua desconfiança dos homens e da anterior o pavor das relações carnais; as dores são ainda seqüelas da gaiola baixa e da operação cruenta; a vaginite, complicação do ato cirúrgico séptico.

Vejam. Coisas muito antigas e ainda em vigor ! É que por detrás delas há um erro moral, já profligado em os Dez Mandamentos! Mas, muita gente assoalha que os tempos mudaram e que o mundo é diferente... O passado gravado nas profundezas das almas não sabe disso e emerge sob a forma de distúrbios psicossomáticos e de sintomas neuróticos ! Tal mulher - nossa irmã não mais errada do que somos em geral curou-se inteiramente: esgotaram-se-lhe os débitos mediante os sofrimentos que enfrentou até 1970, digamos. E, naturalmente, mudou a sua condição íntima, do mesmo passo.

É bom recordar que André Luiz conta a estória de dois espíritos bastante aprimorados que, não obstante, permaneciam no plano inferior. Querendo saber porque não conseguiam ascender, a análise do passado de ambos revelou que, cinco séculos antes, haviam lançado dois companheiros muralha abaixo, liquidando-os sumariamente. Tiveram que renascer, como pilotos de prova, para dar a vida pelo progresso da aviação, caindo no devido tempo... Consultem Ação e Reação, obra em que o querido instrutor menciona casos de débitos pendentes há mais de 1.000 anos, confirmando os achados da regressão de memória. Informa no Cap. VII:

"Conheço irmãos nossos, portadores do estigma de padecimentos atrozes, que se encontram animalizados, há séculos, nos despenhadeiros infernais." Não se imagine, porém, que estejam entregues à própria sorte; a despeito da revolta, os mensageiros divinos espreitam a oportunidade de resgatá-los das trevas para a luz.

Acabamos de fazer observar que vasta cópia de dissonâncias psicossomático-neuróticas promana dessa fonte, incluindo úlceras pépticas, enxaquecas, ejaculação precoce, impotência, frigidez, fobias, inibições, esclerose coronária, dispepsia, e mais o que seja: é um nunca acabar. Resultam, por assim dizer, de "sobras emotivas" de alguma existência passada, como diz K. Muller; repetindo: são lembranças arquivadas em estado inconsciente que estão carregadas de emoções perturbadoras, não integradas ao patrimônio psíquico e, portanto, ainda ativas. Segue-se que quando o paciente recorda tais episódios e libera a emoção reprimida, esta perde sua força traumática (ou virulência) - o que se consegue mediante a regressão de memória, usualmente hipnótica, ou quase consciente (Netherton), porque já se esgotou o débito cármico, ou pelo esclarecimento e prática do bem, segundo a orientação espírita, que leva a modificações definitivas do íntimo da alma.

4. Importante, embora menos espetacular, é o que André Luiz denomina restrições pedirias. São defeitos ou inibições funcionais que limitam atividades abusivas do organismo. Antes de encamar, prevendo sua queda num setor onde isso já ocorreu antes, o espírito solicita que certos órgãos ou funções sejam um tanto defeituosos, de modo a funcionarem em ritmo reduzido. Na carne, por mais que o sujeito queira exagerar no uso para obter prazer ou se lançar à prática do mal, não o consegue. E nada neste mundo livra-o da inibição solicitada...

É natural que o gastrônomo peça um estômago delicado ou lento, um intestino facilmente desarranjável, que o leve a limitar a ingestão de alimentos e bebidas. Que o fascinador queira, agora, ter feições mais grosseiras, que a ninguém venha atrair. Que aquele que se deixou levar pela intriga prefira voltar surdo; que o caluniador peça a mudez

5. Uma última eventualidade, menos freqüente, é a da doença gerada pelo contato íntimo com um espírito perturbado, geralmente inconsciente do seu estado, cujo perispírito conteria lesões oriundas da vida material, Estabelecida a sintonia, as sensações mórbidas transmitem-se ao encarnado, que passa a sentir-se enfermo sem o estar. É o caso da moça que um dia começou a cair facilmente; uma vidente percebeu sobre os ombros dela, um espírito montado, o qual, incorporado, revelou ser o pai dela e não ter consciência da situação. Ora, o velho sofria de forte artrite nos joelhos e não podia andar; doutrinado, acabou deixando a filha livre. Ou do indivíduo que entra a tossir, a escarrar, a ter febrícula à tarde, como se estivesse tuberculoso; quem o está fazendo sentir-se doente é o espírito que se lhe aderiu à aura, e que morreu naquele estado, conservando as sensações doentias e transferindo-as ao encarnado que está sintonizado com as vibração dele. Foi o que Inácio Ferreira denominou intoxicação fluídica, em sua obra pioneira.

A Profa. Helena de Carvalho (J. E. 45: 9, 1979) dá o nome de "contaminação fluídica" a semelhante mecanismo morbígeno e sugere que tais casos "são bem mais freqüentes do que se supõe, principalmente nesta época de perturbações excessivas". Cita, como exemplo, o sucedido com certo indivíduo que atendeu outro em plena crise asmática. Saiu de braça dado com ele, amparando-o. O doente foi melhorando a pouco e pouco. Não demorou a ir-se, enquanto o pobre socorrista ficou a chiar com forte falta de ar... Passou para ele o obsessor inconsciente do seu próprio estado, cujas sensações patológicas transmitia aos encarnados que com ele entravam em adiantado grau de sintonia vibratória.

Uma variante original da presente patogenia foi comunicada pelo Dr. Hernani G. Andrade (I.B.P.P., SP, monografia n. 3, 1980). Devia reencarnar um ex-suicida que ingerira formicida. A futura mãe, avisada em sessão mediúnica, tomou-se, naturalmente, de apreensões quanto à sanidade do próximo filho, prevendo-o defeituoso. No entanto, o mentor espiritual esclareceu que se ela estivesse disposta a fazer tal sacrifício pelo espírito reencarnante, a criança nasceria normal - agregando que ela é quem iria sofrer as conseqüências do antigo envenenamento. E foi o que sucedeu! Contou dita senhora que durante a gravidez "minha boca ficava em feridas, em carne viva. Eu sentia que era roída por dentro e então caía. Minha irmã disse que às vezes eu começava a tremer e parecia estar morrendo... " Sentia o gosto e o cheiro da formicida, queimação no estômago, vômitos, etc. Tudo desapareceu após o parto; o suicídio fora induzido por um obsessor - mas a criança nasceu perfeita e com 5 kg. Era agora uma menina que, quase 6 anos antes, fora irmão da sua mãe atual e que se matara aos 28 anos, tendo crescido como bela e forte (aos 17 anos) jovem cujas inclinações se revelavam preferentemente masculinas.

Não que deixasse de ser feminina, mas inclinava-se por roupas, corte de cabelo e brincadeiras de menino e, depois, não era dada a namoricos. . .

Nos casos em que o obsessor, movido por ódio intenso, envia descargas fluídicas constantes sobre a vítima, produzindo uma doença sem base física no próprio doente, Manoel P. de Miranda (Nos Bastidores da Obsessão, FEB, 1970) dá o nome de moléstia-simulacro a tal estado mórbido. É assim que uma pessoa "fica" leprosa e é internada em leprosário por apenas apresentar a aparência de hanseniana; bom meio de isolar alguém e levá-lo ao suicídio... A vítima, estando sintonizada pela culpa com o agressor e tendo a mente preparada pela hipnose, seguindo o desejo do obsessor, pode exibir os sinais da morféia. Aí, o tratamento é espiritual, mediante a transformação íntima de ambos.

6. É oportuno procurarmos entender a significação das multas que geramos em nós mesmos, que são a imensa maioria.

A verdade é que o sofrimento, longe de ser uma desgraça ocasional, "tem função preciosa nos planos da alma", esclarece o citado Emmanuel. Ele surge como uma conseqüência de erros e violações, mas dispôs a Providência Divina que ele fosse mais do que isso: que tivesse uma função retificadora dos desequilíbrios do espírito e das lesões corporais. Por isso, apresenta patente utilidade ao homem que sofre: sem ele, este não poderia se reajustar, seria difícil acordar a consciência para a realidade superior - o sofrimento é o "aguilhão benéfico", diz o Irmão x (Luz Acima). Deriva daí que a nossa atitude frente à dor Que nus avassala, se a compreensão das leis superiores da Vida nos felicita a alma, deverá ser de conformação lúcida. Esta atitude, a única produtiva sempre que o sofrimento não puder ser removido pelos recursos dá inteligente indústria humana, concorda com a necessidade de observar dois conselhos básicos de Emmanuel (Fonte viva):

O doente (todos nós...) precisa envidar esforços para deixar de ser triste, desanimado, revoltado, odiento, raivoso, etc. ; como vimos acima, estados de ódio e de ansiedade lesam o corpo e a alma, o desânimo entorpece as forças desta, a maledicência consome as energias, e assim por diante. Urze renovar-se intimamente, mudar as disposições psíquicas. Se não, o remédio externo pouco poderá fazer a nosso favor; se houver melhoras, é preciso não regressar aos abusos anteriores; caso em que não haverá cura.
Importante, muito importante é que aprendamos a não pedir o afastamento da dor: ela é o amargo elixir da regeneração do espírito faltoso. Devemos, isto sim, rogar forças íntimas para suportá-la com serenidade e valor a fim de que não percamos as vantagens que nos trará no capítulo da recuperação. É preciso aprender a aproveitar os obstáculos que criamos e, para isso, podem-se pedir recursos ao Alto - sempre que os recursos da Terra falharem; acontecendo isto, a resignação consciente é chamada a intervir
Em síntese, a enfermidade é produto derivado das violações que conscientemente praticamos ao escolher o caminho do mal de maneira voluntária. Hoje, temos que enfrentar as conseqüências disso, isto é, o sofrimento. Este representa, ao mesmo tempo, a expiação e o tratamento, porquanto, tem função medicinal por servir ao reajustamento do espírito culpado, logo doente.

É lícito procurar a medicina terrena, que pode aliviar muito e curar onde for permitido; assim como a Misericórdia Divina pô-la ao nosso alcance, embora com certas limitações sociais e econômicas, que servem de provas ao espírito em processo de cura definitiva. Mas, em todos os casos, para quem já adquiriu certa compreensão dos níveis superiores de Vida, mais do que isso é necessário. Faz-se mister cuidar da erradicação do mal que opera em nós ainda hoje. E, para tanto, o esforço pessoal torna-se indispensável: o serviço de aproveitamento das lições evangélicas - como orar, auxiliar, desapegar-se de posses e posições, trabalhar pelo bem, etc. é individual e intransferível. Com ele, mudam as nossas tabelas de valores: a solidariedade, a cooperação, a contenção das paixões ou impulsos, o sacrifício, a renúncia, o serviço prestado, a conformação, assumem a significação de normas de vida. É só então que Jesus, o Mestre da Terra, curará os males para todo o sempre.
7. É, em suma, a doença (e o sofrimento) muito importante no Processo de redenção do espírito humano pondo a este de acordo com a Lei que rege a evolução no Universo. Não se trata de entronizar o sofrimento, de conferir primazia às desgraças, e coisas assim. O Espiritismo pura e simplesmente esclareceu o papel da dor na vida humana; ninguém a procura, mas quando ela desponta cumpre dar-lhe o tratamento adequado para que ela não venha a ser, realmente, "uma desgraça completa". A intensidade da dor é proporcional à atitude íntima do sofredor, ao seu estado de espírito: tanto mais forte quanto mais insubmisso ele for. Para quem só conhece a vida terrena, o sofrimento parece interminável e desesperador muitas vezes; tal pessoa julga-se vítima de toda a desgraça possível. A certeza da vida espiritual e a fé no poder superior, levando à compreensão e aceitação da dor como resultado de erros passados e instrumento de redenção, gera o estado de oração que facilita tudo. Bom será ir mudando de ponto de vista, dando acentuação aos aspectos espirituais da vida, de modo que a vida material vá diminuindo em importância diante das necessidades evolutivas do espírito eterno: o amanhã vem aí e logo será hoje...

Uma violenta cólica renal dói bem menos quando dizemos do fundo da alma: "Pai Infinito, seja feita a tua vontade e não os meus caprichos... sei que a dor é necessária à correção dos meus desvios... ampara-me para que eu saiba suportá-la sem revolta, aproveitando-a para o meu soerguimento como Teu filho!" Uma das faltas tidas como mais graves é a revolta da criatura contra o Criador, a ausência de submissão à vontade divina (O Evangelho Segundo o Espiritismo); logo, se considerarmos Deus injusto, se murmurarmos contra as aflições do caminho, etc., ao invés de aproveitá-las para o nosso adiantamento, aumentaremos a dívida e teremos de recomeçar mais tarde, tantas vezes quantas forem necessárias para nosso desprazer e angústia. vamos, em conclusão, viver na Terra de olhos fitos no Alto, fazendo desta vida uma contínua preparação para a outra, buscando o que seja motivo de elevação e largando o que nos amarre aos círculos inferiores de lutas e sofrimentos. As maiores dificuldades e obstáculos estão dentro de nós mesmos.

8. Uma última observação, não menos importante: para o espírito superiormente evoluído, o sofrimento é mera contingência natural dos planos inferiores de existência e não merece maior consideração; não recebe daquele qualquer relevância. Muitos missionários descem da Espiritualidade Superior movidos pelo amor aos semelhantes retardatários, para o desempenho de tarefas que incluem necessariamente o sofrimento e até em doses fortes. Enfrentam-no como condição natural do mundo material a fim de darem cumprimento ao objetivo designado, que lhes foi atribuído pelo Poder Supremo. Vejam os antigos profetas e os primitivos cristãos, que vieram à Terra implantar o Evangelho do Senhor; não havia tortura que os afastasse do caminho do testemunho de amor ao próximo e da submissão a Deus e a Jesus. O que sofreram Pedro, Paulo, Francisco de Assis, Kardec, Gandhi, o nosso Chico, etc., serve de exemplo para o auspicioso fato de que a dor só impressiona desfavoravelmente ao devedor e ao involuído, ou seja, ao doente e ao fraco. Para o ser da Esfera Mais alta, ela é simplesmente um fator peculiar aos mundos dominados pelo apego à matéria e, logicamente, quem desce a tais planos fica sujeito a suportá-lo. Eis tudo.

Vejam as excursões de André Luiz e seus mentores aos círculos de sombra: tiveram naturalmente de agüentar o peso e a densidade da atmosfera local e os desmandos dos habitantes dali, inclusive prisão em uma cela. Mas, estavam a serviço do amor universal e o sofrimento era uma injunção natural, um preço decorrente do estado de perturbação do ambiente. Também os nossos amigos e mentores descem até nós enfrentando vibrações viscosas e nenhum se queixa: movem-os o poder mais forte do Amor, do Bem e da Luz...


Ainda há esperança



Ainda há esperança
Nas tempestades da vida.
Ainda há esperança
Na miséria e na fome.
Ainda há esperança
Num sorriso triste.
Ainda há esperança
Numa guerra cruel.
Ainda há esperança
Apesar da aparente insensibilidade.
Ainda há esperança
Apesar do egoísmo.
Ainda há esperança
Apesar de tudo


Katia Y Toguchi

A Flor da Honestidade







Conta-se que por volta do ano 250 a.c, na China antiga, um príncipe da região norte do país, estava às vésperas de ser coroado imperador, mas, de acordo com a lei, ele deveria se casar.

Sabendo disso, ele resolveu fazer uma "disputa" entre as moças da corte ou quem quer que se achasse digna de sua proposta.

No dia seguinte, o príncipe anunciou que receberia, numa celebração especial, todas as pretendentes e lançaria um desafio.

Uma velha senhora, serva do palácio há muitos anos, ouvindo os comentários sobre os preparativos, sentiu uma leve tristeza, pois sabia que sua jovem filha nutria um sentimento de profundo amor pelo príncipe.

Ao chegar em casa e relatar o fato à jovem, espantou-se ao saber que ela pretendia ir à celebração, e indagou incrédula :

- Minha filha, o que você fará lá? Estarão presentes todas as mais belas e ricas moças da corte.

Tire esta idéia insensata da cabeça, eu sei que você deve estar sofrendo, mas não torne o sofrimento uma loucura.

E a filha respondeu :

- Não, querida mãe, não estou sofrendo e muito menos louca, eu sei que jamais poderei ser a escolhida, mas é minha oportunidade de ficar pelo menos alguns momentos perto do príncipe, isto já me torna feliz.

À noite, a jovem chegou ao palácio.

Lá estavam, de fato, todas as mais belas moças, com as mais belas roupas, com as mais belas jóias e com as mais determinadas intenções.

Então, finalmente, o príncipe anunciou o desafio :

- Darei a cada uma de vocês, uma semente.

Aquela que, dentro de seis meses, me trouxer a mais bela flor, será escolhida minha esposa e futura imperatriz da china.

A proposta do príncipe não fugiu às profundas tradições daquele povo, que valorizava muito a especialidade de "cultivar" algo, sejam costumes, amizades, Relacionamentos etc...

O tempo passou e a doce jovem, como não tinha muita habilidade nas artes da jardinagem, cuidava com muita paciência e ternura a sua semente, pois sabia que se a beleza da flores surgisse na mesma extensão de seu amor, ela não precisava se preocupar com o resultado.

Passaram-se três meses e nada surgiu.

A jovem tudo tentara, usara de todos os métodos que conhecia, mas nada havia nascido.

Dia após dia ela percebia cada vez mais longe o seu sonho, mas cada vez mais profundo o seu amor.

Por fim, os seis meses haviam passado e nada havia brotado.

Consciente do seu esforço e dedicação a moça comunicou a sua mãe que, independente das circunstâncias retornaria ao palácio, na data e hora combinadas, pois não pretendia nada além de mais alguns momentos na companhiado príncipe.

Na hora marcada estava lá, com seu vaso vazio, bem como todas as outras pretendentes, cada uma com uma flor mais bela do que a outra, das mais variadas formas e cores.

Ela estava admirada, nunca havia presenciado tão bela cena.

Finalmente chega o momento esperado e o príncipe observa cada uma das pretendentes com muito cuidado e atenção.

Após passar por todas, uma a uma, ele anuncia o resultado e indica a bela jovem como sua futura esposa.

As pessoas presentes tiveram as mais inesperadas reações.

Ninguém compreendeu porque ele havia escolhido justamente aquela que nada havia cultivado.

Então, calmamente o príncipe esclareceu :

- Esta foi a única que cultivou a flor que a tornou digna de se tornar uma imperatriz.

A flor da honestidade, pois todas as sementes que entreguei eram estéreis.A honestidade é como uma flor tecida em fios de luz, que ilumina quem a cultiva e espalha claridade ao redor.




Autoria desconhecida