sexta-feira, 25 de março de 2011

Amanhece

 



  O despertador toca às seis horas, mesmo no domingo. E diariamente, abrindo a janela, assisto a um espetáculo que é de todos, mas poucos presenciam. Na rua, existe um silêncio que pertence àquela hora, tão presente que é possível ouvir o arrulho das pombas que ciscam no chão, os passos de quem caminha na outra calçada, o girar das rodas de uma bicicleta. Como não há galos nas redondezas, em volta do prédio, atravessando grandes distâncias, ecoa o canto dos bem-te-vis.
  
O ar ainda guarda o frescor da madrugada e assim, parece límpido. 

O gato malhado aparece no extremo da rua, voltando de suas andanças noturnas para o repouso no telhado do vizinho. As mesmas pessoas fazem os mesmos trajetos, comprovando o nascer de mais um dia.
  
Mulheres de todas as idades dirigem-se à padaria e logo retornam, com os pães que servirão no café da família. Dois aposentados conversam animadamente a caminho da banca de jornais, um grupo de operários segue junto para o trabalho, um escolar e sua mãe passam apressados e uma moça leva o cão para aliviar a bexiga e fazer os primeiros exercícios, de uma esquina a outra.
  
O jornaleiro chega pedalando e lança o jornal por cima do muro alto. Quando este toca o chão, faz um som abafado e, quase sempre nesse momento, o primeiro raio de sol desponta entre as nuvens. A partir daí, parece que a engrenagem da rotina diária toma impulso e começa a girar.
  
Sete horas. Surgem os primeiros carros, peruas escolares, motos, enchendo o quarteirão de barulho e pressa. O gato já se lambeu demoradamente e dorme um sono profundo, encaixado no côncavo da telha. As pombas deixam o solo e vão para os galhos das árvores. O ar agora cheira a sabonete e café.
  
O sol brilha em sua plenitude, elevando a temperatura. Homens e mulheres tiram os carros das garagens, a caminho dos escritórios. Uma pessoa usa o orelhão, outra varre a calçada.
  
Aos poucos, vamos mergulhando nas tarefas, domésticas ou não, numa sequencia exigente de atividades. Máquinas de lavar entram em funcionamento, a louça é limpa, alguém liga o aspirador ou o secador de cabelos. O vendedor de gás toca todas as campainhas e arruma com estrondo os botijões no caminhão, indicando que já não há volta.
  
Vamos esquecendo da quietude que nos foi entregue de presente, logo cedo, junto com a calma e a sensação de estarmos em perfeita comunhão com a natureza. Vamos deixando de olhar quem passa, os animais, as árvores, o desenho das nuvens. Paramos de meditar para apenas pensar.
  
Por sorte, depois da noite virá outra madrugada, às seis horas tocará o despertador e o mesmo cenário estará lá, enquadrado na janela, à nossa espera e parecendo dizer: repare, mesmo que por instantes, como a vida é bela!


Madô Martins

Os mitos e as verdades sobre as células tronco





Dr. Décio Iandoli Júnior*


A questão 353 do Livro dos Espíritos trata do seguinte:
- A união do espírito e do corpo não estando completa e definitivamente consumada senão depois do nascimento, pode considerar-se o feto como tendo alma?
R – O espírito que o deve animar existe de alguma forma, fora dele. Ele não tem, propriamente falando, uma alma, pois a encarnação está somente em vias de se operar; mas está ligado à alma que o deve possuir.
André Luiz nos conta, pela orientação de Alexandre em “Missionários da Luz”, que a encarnação só se completa por volta dos sete anos de idade, porém, ela se inicia na concepção, ou seja, no momento da fecundação do ovócito materno pelo espermatozóide paterno; a partir daí, inicia-se o continuum” (1), com a construção do corpo físico pelo perispírito, ou como colocou o Dr. Hernani Guimarães Andrade, pelo Modelo Organizador Biológico (MOB).
Sendo assim, não poderíamos ter outra atitude a não ser a de respeitar o indivíduo como ser encarnado desde a fecundação e geração da célula original (o zigoto), evitando interpretações outras que poderiam abrir questão quanto ao momento em que temos ou não temos um ser encarnado, e que tem levado muitos companheiros de doutrina a discutir, equivocadamente, os direitos do embrião.
Sabemos ainda, pela própria descrição da reencarnação de Segismundo, feita no mesmo livro (Missionários da luz) psicografado por nosso querido Chico Xavier, que a ligação fluídica, entre a mãe e o reencarnante, se dá antes mesmo da fecundação, e que o processo de ligação ao zigoto completa este processo de instalação da interface físico-etérica, dando início à reencarnação.
Se unirmos, em laboratório um ovócito e um espermatozóide, pelas técnicas já disponíveis, conseguiremos o desenvolvimento de um embrião, mas não teremos a certeza de que este é viável ou não até o momento de seu implante no útero.
Acreditamos que tal dificuldade se dê, entre outros motivos, pela ausência de um espírito reencarnante ligado a estes embriões, com conseqüente ausência de um MOB, o que inviabiliza a diferenciação celular e a organização espacial do novo corpo em desenvolvimento, interrompendo o projeto biológico.
A “maquinaria” celular, o alto grau de fluido vital das células embrionárias e o automatismo celular conseqüente a estes dois primeiros fatores podem garantir o desenvolvimento inicial deste embrião, antes que se torne necessário o início da diferenciação celular, mesmo na ausência de um espírito reencarnante.
Sendo assim, é teoricamente viável aceitar que, muitos dos embriões concebidos “ in vitro ” não estão dotados de espíritos reencarnantes, entretanto, este raciocínio não da nenhuma margem para acreditarmos que, neste tipo de fertilização, nunca haverá ligação com espíritos, o que só ocorreria no momento do implante no útero, coisa que nem sabemos se é possível ou não.
Classificar todos os embriões concebidos “ in vitro ” como sendo montículos de células desprovidas de espírito não é apenas uma suposição, mas é também, na minha opinião, bastante improvável.
Como vimos, ainda não temos como saber ou afirmar, se determinado embrião tem ou não um espírito reencarnante, contudo, acredito que não estão muito longe os recursos para fazê-lo; seja através da verificação da reprogramação epigênica, que foi relatada no trabalho do Dr. Kevin Eggan (2) e que pode significar a instalação de um novo espírito (3), ou seja pela identificação de campos biomagnéticos utilizando-se um Tensionador Espacial Magnético (TEM) como o que foi idealizado pelo Dr. Hernani Guimarães Andrade (4) . Até lá, não havendo como provar se há ou não um reencarnante ligado àquele embrião, devemos tratá-los todos da mesma forma, ou seja, o benefício da dúvida deve estar, sempre, em favor da vida.
Diante desta constatação, ou seja, da impossibilidade de afirmarmos, utilizando-se dos conhecimentos doutrinários, se há ou não um espírito em determinado embrião, e por não ser este, via de regra, o parâmetro utilizado pela sociedade para tomar suas resoluções éticas, creio que nos resta consultar a ciência e os seus conceitos clássicos para o caso em questão. Devemos buscar na embriologia a resposta à nossa pergunta: O embrião é um ser vivo?
Antes de continuarmos esta argumentação, deve ficar claro que: pela visão da biologia e pela visão legal, até o presente momento, não há, nenhuma diferenciação entre o embrião “ in vivo ” e “ in vitro ”, sendo assim, o que considerarmos para um, devemos considerar para o outro.
Buscando nos livros de embriologia encontramos no primeiro capítulo do “Embriologia Clínica” de Keith L. Moore , a definição de Zigoto como "u ma célula resultante da fertilização de um ovócito por um espermatozóide, e é o início de um ser humano ".
Diante desta afirmação, compartilhada pela grande maioria dos embriologistas, à partir da fecundação, já temos um ser humano vivo que, conseqüentemente, deve ser respeitado e preservado como tal, não cabendo nenhuma “flexibilização” deste conceito, como se tem feito por ai, em prol de interesses outros que não o da ética e da dignidade humana.
Posto isso, colocamos na mesa de discussões um argumento poderoso trazido à tona pelos utilitaristas e materialistas, defendendo o sacrifício dos embriões em nome das vidas que serão resgatadas com o avanço da promissora terapêutica com células tronco.
Um primeiro ponto deve ser considerado antes de adrentarmos aos fatos relacionados com as atuais pesquisas neste campo, ponto este que nos remete a outra questão ética:
Existe uma classificação de vidas, ou seja, existem vidas que valem mais que outras por qualquer motivo? É lícito eliminar uma vida para salvar ou ajudar outras tantas?
Os utilitaristas podem achar que sim, ou seja, um embrião que nem se parece com um ser humano, assemelhando-se a uma ameba ou coisa que o valha, poderia ser destruído sem problemas, para que pudéssemos ver paraplégicos andando, vítimas de acidentes cardiovasculares reabilitados, doentes saindo das filas de transplantes, num grande e poderoso apelo que comove e convence, pois “somente os religiosos radicais poderiam ser contra o avanço da ciência que trará tantos benefícios para a humanidade, simplesmente por imporem seus dogmas irracionais”. Será que a questão se resume a isso?
Convido-os a ver a questão por um outro ângulo, pois se há uma classificação para as vidas, se determinada pessoa vale mais que outra, então seria lícito sacrificar os detentos e assassinos para que doassem seus órgãos, beneficiando cerca de cerca de 6 pessoas cada um, além de diminuir os gastos do estado com o sistema penitenciário. O argumento utilitarista justifica, também, os avanços realizados na neurologia pelo Dr. Mengele, que se utilizava de pessoas que iriam “morrer de qualquer maneira”, para fazer seus experimentos em seres humanos, sem nos esquecermos que os nazistas acreditavam que os judeus tinham menos valor que os arianos.
É possível que o leitor ache minhas colocações muito dramáticas, mas é extremamente importante, em favor da coerência e da verdade, que nós possamos estabelecer conceitos básicos sobre o que é vida, sobre sua valorização, e a partir de então sermos sempre coerentes com estes conceitos, inflexíveis quanto às bases que eles geram, evitando argumentações oportunistas que superficializam a questão para gerar a permissividade que muitos procuram.
Como diz o Professor Alberto Oliva (5): "A crescente transformação do conhecimento científico aponta para o risco de as biotecnologias virem a tratar o homem não como um fim em si mesmo, mas como meio" . O utilitarismo traz de volta o mote romano: " A tua morte é minha vida ".
Estamos diante de uma questão de princípios fundamentais, ou seja, devemos respeitar a vida humana em qualquer circunstância, todos os seres humanos devem ter os mesmos direitos e, finalmente, a vida humana começa no momento da fecundação. Somente estes preceitos primordiais, que já estão estabelecidos há muito, podem nortear nossas decisões sobre as questões bioéticas, do contrário, perderemos todos os limites morais.
O segundo ponto que gostaria de explorar, diz respeito ao atual estágio em que se encontram as pesquisas com as células tronco:
As células tronco são células indiferenciadas, ou seja, células com potencialidade de se transformar em qualquer outro tipo de tecido especializado do organismo, como por exemplo, uma célula de músculo cardíaco, um neurônio, uma célula hepática, etc.
Podemos obter este tipo de células de embriões, as células tronco embrionárias (CTE), ou de nosso próprio organismo, as células tronco adultas (CTA), presentes em todos os nossos tecidos, mas principalmente, na medula óssea.
Inicialmente se pensava que as CTA não teriam a mesma versatilidade que as CTE, e que sua vitalidade seria menor, por isso, teoricamente, as CTE foram apontadas como a melhor opção para o desenvolvimento de técnicas terapêuticas, entretanto, já se caminhou muito com as pesquisas utilizando-se CTA e o que se tem visto é que elas têm a mesma versatilidade das CTE, pois já se pode produzir até células embrionárias a partir de CTA (6), além do que são mais “dóceis” que as CTE, prestando-se facilmente a culturas em laboratório, o que é extremamente importante.
Até o momento, todos os resultados positivos alcançados com células tronco, foram obtidos com as CTA, um dos motivos mais óbvios para tais resultados é que estas células são retiradas do próprio paciente, sendo assim, não são, na maioria das vezes, rejeitadas pelo organismo. As pesquisas com células embrionárias, apesar de terem, teoricamente, maior potencial de diferenciação, não tem trazido bons resultados nos estudos já realizados em animais; a revista Lancet de 10 de julho, traz um artigo de Allegrucci e col , que afirmam que as células tronco de embriões congelados, estão muito longe de serem a mais perfeita fonte de CT para terapia, além do que, foram observados casos de teratomas, um tipo de câncer extremamente invasivo e grave.
Apenas recentemente, um grupo coreano (chefiado pelo Dr. Woo Hwang ) obteve sucesso com a cultura de CTE. Trata-se de uma linhagem celular que, o próprio autor admite, foi conseguida “por acaso”, ou seja, não se sabe como ou porque deu certo, fato que tem trazido como conseqüência, muitas dificuldades para manter e fazer crescer estas culturas. É oportuno que se diga que, as linhagens do Dr. Hwang foram obtidas utilizando-se a clonagem humana(7), para em seguida, utilizar-se estes embriões como doadores de células, o que é mais um aspecto ético a ser considerado, além do que, este ainda é o único caso de sucesso de cultura destas células em laboratório, registrado na literatura.
Parece consenso entre os pesquisadores da área, que a utilização de embriões congelados, devido a um processo chamado de metilação do DNA ao qual são submetidos, dificulta sobremaneira qualquer tipo de tentativa de gerar culturas, passo fundamental para o início dos trabalhos que tentarão chegar à utilização terapêutica destas células, já que, para se ter uma idéia, no auto-transplante de CTA obtidas da medula óssea, utiliza-se em torno de um bilhão de CTs por mililitro, injetando-se 40 mililitros de um concentrado destas células na região lesada através de um cateter introduzido na artéria femoral, seja no caso de infarto do miocárdio ou de doença de Chagas (trabalhos já publicados pelo Dr. Dohmman, do Hospital Pró-Cardíaco, no Rio de Janeiro, e do Dr. Ricardo Ribeiro dos Santos, na Bahia). Podemos concluir, portanto, que o número de CTE obtidas pelos coreanos ainda é irrisório e inútil para as tentativas terapêuticas pretendidas.
Em entrevista à revista “Médico Repórter” de 13 outubro de 2004, a professora Alice Teixeira Ferreira alerta para as dificuldades que tem sido relatadas com as pesquisas com CTE:
“(...)o grupo do Dr. Murdoch, da Universidade de Newcastle, Reino Unido, que é uma das 5 equipes de pesquisa a receberem aprovação para pesquisar em as CTEHs, em seu trabalho publicado agora em setembro na revista Reproduction, 2004Sep:128(3),259-67) afirmam:
-a cultura contínua das CTEHs num estado indiferenciado requer a presença de uma camada de células de roedores e de hormônios de crescimento liberados pelas mesmas, havendo o risco de transferência de patógenos (vírus ou bactérias causadores de doenças). Caso contrário elas começam a se diferenciar descontroladamente, gerando uma mistura de diferentes tecidos, perdendo a sua propalada característica de pluripotência.
-as CTEHs demonstram grande instabilidade genômica e durante o crescimento a longo tempo apresentam modificações funcionais inesperadas;
-as CTHEs quando injetadas nas patas posteriores de roedores imunossuprimidos geram tumores embrionários (teratomas) em 50% dos animais. Estas " descobertas" mostram que esses pesquisadores não entendem nada de Biologia Celular, pois nós, que pesquisamos na área há 15 anos com cultura de células, já evidenciamos todos estes problemas com as chamadas células de linhagem, obtidas de tumores ou desdiferenciadas e eternalizadas.”
A pergunta que se faz neste momento é: Porque dividir a atenção e os recursos entre dois tipos de terapia, ou seja, com CTA e CTE, se apenas o primeiro tem trazido resultados alentadores, além de não ferir nenhum preceito ético?
A Doutora Líliam Piñero Eça(8), pesquisadora da UNIFESP afirma:
“O futuro da ciência está nas células-tronco adultas desde 2001, e no estudo dos fatores epigenéticos, pois as células embrionárias até o momento causam câncer e rejeição”
Assistimos recentemente a votação da lei de biosegurança cercada de uma “pressão social” que, na minha opinião, foi criada sinteticamente por uma exposição assimétrica do tema pela mídia. Acredito que a opinião pública não foi devidamente esclarecida quanto a esta questão, pôde-se ver na televisão, portadores de deficiência física chorando, emocionados, com a aprovação da lei, o que mostra como eles foram iludidos, pois possibilidades teóricas foram colocadas como verdades, alguns pesquisadores chegaram a colocar prazos de 2 a 5 anos para a obtenção de resultados práticos, sendo que não se sabe nem se estes objetivos poderão ser alcançados, quanto mais estabelecer um tempo para que isso ocorra.
Na ciência, não ha como prever resultados, pois ela trata, justamente, de explorar o desconhecido, hipóteses consideradas como verdadeiras por muitos anos, já se mostraram falsas, assim como, objetivos que pareciam inatingíveis, foram alcançados. Trabalhar pelo desenvolvimento da ciência é uma obrigação de todos, estudar todas as possibilidades de progresso também, mas não se podem garantir resultados, principalmente quando estas promessas geram falsas expectativas em pessoas tão sofridas, manipulando suas esperanças.
Criou-se uma ilusão perigosa a respeito do assunto e, conseqüentemente, uma opinião equivocada. O argumento de salvar vidas com porções de células que iriam "para o lixo" é imoral, minimizando e "coisificando" o embrião.
 O que mais preocupa, com relação a este tema, é que abrimos um grave precedente, pois agora, o embrião desrespeitado e desclassificado como ser humano, possibilitará tornar lícito também o aborto, tanto que, os grupos pró-aborto tem intensificado muito suas campanhas iniciando a abordagem pela legalização do aborto dos anencéfalos. Recentemente o ministério da saúde divulgou norma facilitando o aborto de vítimas de estupro, não exigindo qualquer tipo de comprovação do fato, e tentando eximir o médico de qualquer responsabilidade legal, abrindo uma brecha para a institucionalização do aborto generalizado.
Já que o embrião congelado não é vida, porque o embrião no útero é? A noção da população sobre o que é um zigoto, um embrião ou um feto é muito pobre, facilitando a campanha em favor do aborto.
Alguns médicos já defendem a interrupção da gestação de fetos portadores de qualquer anomalia, inclusive síndrome de Down. Onde vamos parar? Qual é o limite ético que se estabelecerá?
 O que está em questão agora não é o benefício para a ciência e sim o benefício para a humanidade, o que pode não significar a mesma coisa, já que, em termos de ciência, toda e qualquer possibilidade de estudo ou pesquisa, é sempre “benéfica”, pois traz conhecimento, mesmo que este conhecimento seja a constatação de que não é possível atingir as metas inicialmente traçadas por aquela linha de pesquisa; entretanto, devemos levar em consideração as questões éticas, já que os fins não justificam os meios.
Deveríamos estar discutindo a regulamentação da produção de embriões com fins reprodutivos, e o fato de não os utilizar,  ou de que eles serão descartados de qualquer maneira,  não pode ser justificativa para a utilização dos mesmos com fins científicos.
O que deve ficar bem claro é que, um embrião é considerado, pela própria ciência materialista, como um ser humano vivo, devendo portanto, ser respeitado como tal.
O mundo vai evoluir sempre, pois é este nosso destino inexorável; vamos conquistar tecnologias cada vez mais importantes, entretanto, devemos escolher qual preço estamos dispostos a pagar por isso, quais os caminhos que devemos seguir.
O uso de CTE humanas não é necessário para o avanço da ciência neste momento, acredito que, pelos trabalhos já desenvolvidos com as CTA, chegaremos a grandes conquistas, e o estudo dos fatores epigenéticos, acabarão por nos conduzir ao conceito de "Modelo Organizador Biológico", ou perispírito, o que nos trará a possibilidade de, por exemplo, "construir" órgãos em laboratório à partir de células tronco do próprio paciente, para um "auto-transplante", fundando a “engenharia de órgãos e tecidos”.
A despeito de nosso otimismo e entusiasmo, não percamos a serenidade, nem dispensemos a segurança no avanço da ciência, pois não temos como fazer juízo ético daquilo que não conhecemos completamente.
Sigamos confiantes e dedicados nos estudos e no desenvolvimento das CTA, dominando cada vez mais e melhor suas possibilidades, e enquanto isso, muita prudência e responsabilidade.
Veja o que nos trouxe Emmanuel, pelas mãos de Francisco Cândido Xavier, muito antes de surgirem as possibilidades que atualmente discutimos:
"O homem desejou recursos para mais facilmente abrir estradas e a divina providência lhe suscitou a idéia de reunir areia e nitroglicerina, em cuja conjugação despontou a dinamite. A comunidade beneficiou-se da descoberta, no entanto, certa facção organizou com ela a bomba destruidora de existências humanas.
O homem pediu veículos que lhe fizessem vencer o espaço, ganhando tempo, e o amparo divino ofereceu-lhe os pensamentos necessários à construção das modernas máquinas de condução e transporte. Essas bênçãos carrearam progresso e renovação para todos os setores das aquisições planetárias, entretanto, apareceram aqueles que desrespeitaram as leis do transito, criando processos dolorosos de sofrimento e agravando débitos e resgates, nos princípios de causa e efeito.
O homem solicitou o apoio contra a solidão psicológica e a Eterna Bondade, através da ciência, lhe concedeu o telégrafo, o rádio, o televisor, aproximando as coletividades e integrando no mesmo clima de aperfeiçoamento e cultura. Apesar disso, junto desses nobres empreendimentos, surgiram aqueles que se valem de tão altos instrumentos de comunicação e solidariedade para a disseminação da discórdia e da guerra.
O homem rogou medidas contra a dor e a Compaixão Divina lhe enviou os anestésicos, favorecendo-lhe o tratamento e o reequilíbrio no campo orgânico. Ao lado dessas concessões, porém, não faltam aqueles que transformam os medicamentos da paz e da misericórdia em tóxicos de deserção e delinqüência.
O homem pediu a desintegração atômica, no intuito de assenhorear mais força, a fim de comandar o progresso, e a desintegração atômica está no mundo, ignorando-se que preço pagará o Orbe Terrestre, até que essa conquista seja respeitada fora de qualquer apelo à destruição.
Como é fácil observar, Deus concede sempre ao homem as possibilidades e vantagens que a inteligência Humana resolve requisitar à Sabedoria Divina. Por isso mesmo, as calamidades que surjam nos caminhos da evolução no mundo, não ocorrem obviamente, sob a responsabilidade de Deus.(9)

NOTAS:
1)
Para os embriologistas Moore e Persaud, na página 2 do livro “Embriologia Humana” : “O desenvolvimento humano é um processo contínuo que começa quando um oovócito de uma mulher é fertilizado por um espermatozóide de um homem. O desenvolvimento envolve muitas modificações que transformam uma única célula, o zigoto (ovo fertilizado), em um ser humano multicelular.
(voltar)
2) EGGAN, K., RIDEOUT III, W.M., JAENISCH, R. Nuclear cloning and epigenetic reprogramming of the genome. Science , v. 293, p.1093-98, aug.2001 (voltar)
3) Ver argumentação no capítulo III do livro “A reencarnação como lei biológica” do mesmo autor deste artigo. (voltar)
4) No livro “Espírito, perispírito e alma” encontramos o embasamento teórico deste postulado do Dr. Hernani, e em seu livro “A mente move matéria” no adendo do escrito por Y. Shimizu, encontramos a descrição dos aparelhos TEM e TEEM. (voltar)
5) Retirado de entrevista à revista “Médico Repórter” de 13 outubro de 2004, dada pela professora Alice Teixeira Ferreira, livre doscente de biofísica da UNIFESP/EPM, área de Biologia Celular, estudiosa de CTAs da medula óssea há 6 anos. (voltar)
6) Trabalho realizado pelo Dr. Rudolf Jaenisch, do prestigiado Instituto Whitehead nos Estados Unidos, e pesquisador do mesmo grupo do Dr. Kevin Eggan, já citado anteriormente. Publicado na revista Cell de maio de 2005. (voltar)
7) Esta linhagem foi obtida de 30 embriões humanos pela transferência nuclear das células cúmulos do próprio ovário para os mais de 200 óvulos de suas respectivas doadoras. Obviamente estes 30 embriões humanos tiveram de ser mortos para se obter as suas células, sendo que cada um deles forneceu entorno de 150 células. (voltar)
8) Biomédica, doutora em biologia molecular pela UNIFESP, autora do livro “Biologia molecular, guia prático e didático”. (voltar)
9) Retirado do livro “Busca e acharás”, editora Ideal, 1995.

*Dr. Décio Iandoli Júnior é médico cirurgião, doutor em medicina pela UNIFESP-EPM, professor titular de Fisiologia dos cursos de Biologia, Fisioterapia e Farmácia da UNISANTA em Santos, S.P., professor responsável pela disciplina de Saúde e Espiritualidade do curso de Gerontologia desta mesma universidade, atual vice-presidente da Associação Médico-Espírita de Santos e colaborador do Centro Espírita Dr. Luiz Monteiro de Barros em Santos, S.P. Autor dos livros “Fisiologia Transdimensional”, “Ser Médico e Ser Humano” e “A Reencarnação como Lei Biológica” editados pela FE editora jornalística.

quarta-feira, 23 de março de 2011






Você pode ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,mas não se esqueça de que sua vida é a maior empresa do mundo. E você pode evitar que ela vá a falência. Há muitas pessoas que precisam, admiram e torcem por você. Gostaria que você sempre se lembrasse de que ser feliz não é ter um céu sem tempestade, caminhos sem acidentes, trabalhos sem fadigas, relacionamentos sem desilusões. Ser feliz é encontrar força no perdão, esperança nas batalhas, segurança no palco do medo, amor nos desencontros. Ser feliz não é apenas valorizar o sorriso, mas refletir sobre a tristeza. Não é apenas comemorar o sucesso, mas aprender lições nos fracassos. Não é apenas ter júbilo nos aplausos, mas encontrar alegria no anonimato. Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um “não”. É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta. Ser feliz é deixar viver a criança livre, alegre e simples que mora dentro de cada um de nós. É ter maturidade para falar “eu errei”. É ter ousadia para dizer “me perdoe”. É ter sensibilidade para expressar “eu preciso de você”. É ter capacidade de dizer “eu te amo”. É ter humildade da receptividade. Desejo que a vida se torne um canteiro de oportunidades para você ser feliz…
E, quando você errar o caminho, recomece.
Pois assim você descobrirá que ser feliz não é ter uma vida perfeita. Mas usar as lágrimas para irrigar a tolerância. Usar as perdas para refinar a paciência. Usar as falhas para lapidar o prazer. Usar os obstáculos para abrir as janelas da inteligência.
Jamais desista de si mesmo.
Jamais desista das pessoas que você ama.
Jamais desista de ser feliz, pois a vida é um espetáculo imperdível, ainda que se apresentem dezenas de fatores a demonstrarem o contrário.


Fernando Pessoa

A toalha do monge




Era uma vez uma velha que morava com o filho e a nora. A sogra tinha inveja da beleza da moça e judiava dela, ordenando-lhe que fizesse todo o trabalho pesado da casa. A moça, meiga e bondosa, nunca se queixava, o que deixava a velha ainda mais enfurecida.


Um dia, mandou que a moça preparasse uns bolos de arroz e, quando prontos, os contou. Foi então à vila fazer compras. Um monge andarilho parou junto à casa e a moça, generosa, lhe deu um bolo de arroz. Depois que o monge partiu, a sogra chegou, contou os bolos e notou, na hora, que estava faltando um.


- O que você fez com o bolo que está faltando?- esbravejou.- Criatura voraz e inútil!


- Dei ao monge - a moça explicou, tentando acalmar a velha.


- Bem, vá buscá-lo! - a sogra gritou.


A jovem esposa, então, correu atrás do monge, apresentou mil desculpas, e pediu o bolo de volta.


O monge riu e devolveu o presente. Por sua vez, deu à moça uma pequena toalha.


- Leve-a para enxugar o rosto - disse. - Sei que sua vida, com sua sogra, não é fácil.


A partir de então, a velha mãe começou a notar que sua nora ficava cada dia mais e mais linda. Isso aumentou-lhe a inveja e uma manhã, quando espiava sua nora, viu a moça enxugar o rosto com a toalha e observou que, cada vez que o fazia, ficava mais bela e radiante.


- Ela usa uma toalha mágica! - a velha murmurou consigo.


No dia seguinte mandou a moça fazer compras e roubou-lhe a toalha. Lavou o rosto e olhou-se no espelho. Não notou, porém, mudança alguma.


- Sou mais velha - pensou -, portanto, preciso enxugar com mais força!


Enxugou o rosto várias vezes e mirou-se no espelho. Para seu horror seu rosto tornou-se longo e eqüino, depois peludo e redondo, como a cara de um macaco. Finalmente, ficou com a cara de um gnomo feio e grotesco!


- Nossa! - exclamou a velha e caiu ao chão desmaiada.


Nesse momento, voltou a nora. Viu o demônio dentro da casa e preparou-se para fugir. A velha gritou: - Socorro!


A nora reconheceu a voz da sogra e ficou com pena dela. - Você precisa dar um jeito! - a velha implorou.


Então a nora saiu correndo, em busca do monge.


Encontrou-o não muito distante dali e contou-lhe o que se sucedera. Ele riu.


- Quando uma pessoa malvada usa a toalha - o monge disse -, acaba parecendo um demônio!


- E não há cura? - a moça perguntou.


- Há - o monge riu novamente. - Diga à sua sogra que use o outro lado da toalha!


A jovem esposa correu para casa e disse à velha qual a solução. A sogra, no mesmo instante, virou a toalha e enxugou o rosto. Na primeira vez, seu rosto transfigurou-se de gnomo em macaco; na segunda vez, em um focinho de cavalo e, na terceira, transformou-se em seu próprio rosto enrugado, mas humano.


A velha abraçou a nora e chorou.


- Querida filha - a mãe falou, implorando perdão -, eu não via como eu era má com você!


E desse dia em diante, nunca mais pronunciou uma palavra áspera para ninguém. Tornou-se boa e generosa e trabalhou lado a lado com a nora. Tinha a esperança de que o velho monge da toalha mágica voltasse um dia, para que pudesse agradecer-lhe.


Ele, porém, nunca mais voltou - nem foi preciso


Lenda japonesa

Não fazer o mal ainda é pouco




WALDENIR APARECIDO CUIN


– Será suficiente não se fazer o mal, para ser agradável a Deus e assegurar uma situação futura? “Não: é preciso fazer o bem, no limite das próprias forças, pois cada um responderá por todo o mal que tiver ocorrido por causa do bem que deixou de fazer.” (Questão 642, de “O Livro dos Espíritos” – Allan Kardec.)
 

Com frequência, ante o acanhado estado evolutivo que apresentamos, vivendo neste mundo de expiações e provas, acreditamos que não fazer o mal já é o suficiente para a garantia de uma boa posição para o futuro. Mas, observando atentamente as lições contidas em “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec, podemos perceber nitidamente que isso somente não basta.
Informaram-nos os Espíritos benfeitores que atuaram sob a coordenação de o Espírito da Verdade, na obra citada, que será preciso mais, muito mais para que nos dias do porvir venhamos a desfrutar de uma situação de conforto e tranquilidade espiritual.

Além de evitarmos o mal será necessário fazer o bem, pois que tal postura, pela lei de ação e reação e de causa e efeito, nos assegurará reflexos da mesma natureza. O bem que fazemos é força criadora que se juntará às forças idênticas que grassam pelo universo, retornando em nossa direção mais potente, trazendo consigo os benefícios naturais de que temos necessidade.

Mas isso ainda é pouco, uma vez que será preciso vivenciar o bem no limite das nossas forças, ou seja, fazer o máximo de bem possível, dentro das possibilidades e condições de que dispomos.

E ainda nos advertem os Benfeitores da Espiritualidade que seremos responsáveis pelo mal que decorrer do bem que deixarmos de fazer. Sem dúvida, uma observação de longo alcance, uma vez que nos remete a reflexões profundas sobre a nossa caminhada rumo à perfeição.

Portanto, é sumamente importante não fazer o mal, indispensável fazer todo o bem possível, pois que responderemos pelo mal que se originar do bem que deixarmos de fazer. Assim, com clareza podemos concluir que nossa caminhada pela vida tem uma importância muito mais abrangente do que supomos até agora.

Tomando ciência disso, por certo nossa postura será outra, uma vez que se alargam os limites da nossa compreensão; evitar o mal, fazer o bem no limite das próprias forças e responder pelo mal que nascer do bem que deixamos de fazer.

Doravante, imperioso será intensificarmos, com responsabilidade, as nossas ações visando ajudar a construir um mundo melhor, mais justo, fraterno e humano.

Obviamente que a nossa felicidade terá o tamanho da felicidade que promovermos aos nossos irmãos do caminho. Conscientes disso “tomemos a nossa charrua, sem olhar para trás, para sermos dignos do reino de Deus”.  (Lucas, cap. IX,  62.)  

Assim sendo, valerá imensamente a movimentação de todos os nossos recursos e potencialidades para que todas as nossas ações, gestos e procedimentos tenham como meta o bem coletivo.

Em nosso caminho encontramos mãos suplicantes estendidas, pedindo socorro, corações torturados em busca de alívio, lágrimas abundantes nascidas de olhos sofridos esperando por um lenço amigo, mentes confusas aguardando um roteiro de esperanças, braços desocupados implorando por trabalho, velhice abandonada à espera de afetividade, infância desorientada em busca de um norte e muito mais.

Esse vasto campo que se descortina ante os nossos olhares de observação se caracteriza como a lavoura a ser cultivada. Nela, convictamente, poderemos evitar o mal, fazer o bem no limite das nossas próprias forças, para que nenhum bem deixe de ser realizado.

Reflitamos...

Viver e existir




Uma pessoa somente passa a existir se deixar a sua marca pessoal no mundo.

Existir não é apenas viver. Existir é atuar, ser independente e expor suas idéias sem prejudicar as pessoas. Todos somos livres para atuar e não devemos deixar que a sociedade nos domine e nos manipule como meras marionetes. Devemos defender nossos sonhos e esperanças, lutando com todas as forças para concretizá-los e deixando de lado a preguiça, o medo e o conformismo.

Para viver plenamente devemos nos dedicar ao nosso próximo, sem o interesse egoísta de querer receber o mesmo em troca. É claro que todos gostamos de amor, carinho e reconhecimento das nossa ações mas nem todos estão em condições de retribuir. O que adianta vivermos sem conseguir passar bons exemplos para as outras pessoas? Só se vive em plenitude quando passamos a viver também no coração de outros seres humanos.


Katia Y Toguchi

Hormônio do amor



Existem evidências rigorosamente científicas de que a generosidade, a cordialidade e o amor fraterno são fatores geradores de saúde e longevidade.

Muitos estudos realizados em várias partes do mundo têm mostrado que indivíduos que desenvolvem tarefas altruístas, como voluntários em grupos religiosos ou ONGs preocupadas com o bem-estar dos mais necessitados, adoecem menos e vivem mais.

Até então não se sabia como isso se dava. Pesquisas recentes têm mostrado a possibilidade de um hormônio, denominado ocitocina, ser o responsável pelos efeitos positivos das qualidades morais sobre a saúde humana.

A ocitocina é uma substância produzida pelo hipotálamo e armazenada na hipófise posterior. Quando liberada na circulação sanguínea, promove a liberação de leite durante a lactação e a contração uterina no parto. Isso já se sabe, há muitos anos. A novidade é a seguinte: a ocitocina liberada no sistema nervoso central age de forma bem diferente, influenciando várias funções orgânicas e psíquicas. Ela inibe dois sistemas importantes, o Sistema nervoso simpático (reduzindo a liberação de Noradrenalina e Adrenalina) e a produção de cortisol pelas glândulas supra-renais. As conseqüências dessa inibição são: dilatação dos vasos sanguíneos, diminuição do trabalho cardíaco, queda da pressão arterial, relaxamento muscular, diminuição da tensão e sensação de bem-estar. Isso é tudo o que nós precisamos para viver mais e melhor.

A ocitocina definitivamente deixou de ser apenas um hormônio associado à lactação e parto. Suas funções pró-sociais já incluem a formação de laços afetivos entre mães e filhos e entre namorados, o que tem levado alguns pesquisadores a denominá-la de “hormônio do amor”.

Segundo um estudo da Universidade de Zurique, um pouquinho de ocitocina pingada no nariz de casais prestes a começar uma discussão diminui o estresse e deixa os casais mais propensos a “abrir seu coração” durante a briga.

Uma tese de mestrado realizada na Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto mostrou que ocitocina aplicada de forma intranasal reduziu significativamente o estresse advindo de ser obrigado a falar em público.

Cientistas da Claremont Graduate University estudaram os efeitos da ocitocina em voluntários que deveriam decidir se davam ou não dinheiro a estranhos. Segundo os pesquisadores, os que receberam o hormônio ofereceram 80% mais dinheiro que aqueles que tomaram um placebo.

Em artigo publicado em 2005, na revista Nature, outra experiência apontou a ocitocina como um hormônio do bem. Um spray de ocitocina foi aplicado a 194 jovens universitários, para um estudo realizado por pesquisadores de Zurique, na Suíça. Depois do contato com a substância, eles deveriam encontrar um banqueiro para decidir o destino de seus investimentos. Resultado: duas vezes mais investidores confiaram dinheiro aos bancos, por conta da substância. Isso indicaria que ela também desperta a reação de confiança.
Curiosamente o hormônio está presente em níveis bem superiores nas mulheres que nos homens. Talvez isso possa representar a causa da maior valorização do compromisso por parte das mulheres, que são muito mais fiéis que os homens em suas relações afetivas.

A neuroendocrinologista Sue Cartes, de Illinois, nos Estados Unidos, descobriu que camundongos, cujo cérebro responde à ocitocina, são mais fiéis, e que estímulos como carinho, calor e experiências agradáveis aumentam os níveis dessa substância.

Todas essas descobertas são muito esclarecedoras e começam a construir uma ponte entre os valores morais e o bem-estar físico e mental, no entanto, a ciência encontra-se ainda um pouco distante da chave que abre o cofre da real compreensão de todos esses processos. Só a “Psicologia Integral”, na feliz expressão de Gabriel Delanne, vai equacionar definitivamente tudo isso: o Espírito, através de sua poderosa energia, via perispírito, sensibiliza o cérebro, e este, então, através de substâncias específicas, como a ocitocina, age promovendo as respostas desejadas no corpo – veículo transitório desse mesmo Espírito em direção a um futuro venturoso.


RICARDO BAESSO DE OLIVEIRA kargabrl@uol.com.br

terça-feira, 22 de março de 2011

Aprendi...





“ Aprendi que eu não posso exigir o amor de ninguém.

Posso apenas dar boas razões para que gostem de mim e Ter paciência, para que a vida faça o resto.

Aprendi que não importa o quanto certas coisas sejam importantes para mim, tem gente que não dá a mínima e eu jamais conseguirei convencê-las.

Aprendi que posso passar anos construindo uma verdade e destruí-la em apenas alguns segundos.

Que posso usar o meu charme por apenas 15 minutos, depois disso, preciso saber do que estou falando.

Eu aprendi...Que posso fazer algo em um minuto e ter que responder por isso o resto da vida.

Que por mais que se corte uma pão em fatias, esse pão continua tendo duas faces, e o mesmo vale para tudo o que cortamos em nosso caminho.

Aprendi... Que vai demorar muito para me transformar na pessoa que quero ser, e devo ter paciência.

Mas, aprendi também que posso ir além dos limites que eu próprio coloquei.

Aprendi que preciso escolher entre controlar meus pensamentos ou ser controlado por eles.

Que os heróis são pessoas que fazem o que acham que devem fazer naquele momento, independentemente do medo que sente.

Aprendi que perdoar exige muita prática.

Que há muita gente que gosta de mim, mas não consegue expressar isso.

Aprendi... Que nos momentos mais difíceis, a ajuda veio justamente daquela pessoa que eu achava que iria tentar piorar as coisas.

Aprendi que posso ficar furioso, tenho o direito de me irritar, mas não tenho o direito de ser cruel.

Que jamais posso dizer a uma criança que seus sonhos são impossíveis, pois seria uma tragédia para o mundo se eu conseguisse convencê-la disso.

Eu aprendi que meu melhor amigo vai me machucar de vez em quando, e que eu tenho que me acostumar com isso.

Que não é o bastante ser perdoado pelos outros, eu preciso me perdoar primeiro.

Aprendi que, não importa o quanto meu coração esteja sofrendo, o mundo não vai parar por causa disso.

Eu aprendi... Que as circunstâncias de minha infância são responsáveis pelo que eu sou, mas não pelas escolhas que eu faço quando adulto;

Aprendi que numa briga preciso escolher de que lado eu estou, mesmo quando não quero me envolver.

Que, quando duas pessoas discutem, não significa que elas se odeiem; e quando duas pessoas não discutem não significa que elas se amem.

Aprendi que por mais que eu queira proteger os meus filhos, eles vão se machucar e eu também. Isso faz parte da vida.

Aprendi que a minha existência pode mudar para sempre, em poucas horas, por causa de gente que eu nunca vi antes.

Aprendi também que diplomas na parede não me fazem mais respeitável ou mais sábio.

Aprendi que as palavras de amor perdem o sentido, quando usadas sem critério.

E que amigos não são apenas para guardar no fundo do peito, mas para mostrar que são amigos.

Aprendi que certas pessoas vão embora da nossa vida de qualquer maneira, mesmo que desejemos retê-las para sempre.

Aprendi, afinal, que é difícil traçar uma linha entre ser gentil, não ferir as pessoas, e saber lutar pelas coisas em que acredito.”


William Shakespeare

Gêmeos siameses: "punição, redenção ou libertação"



Existem alguns casos levados à medicina tradicional que nos impressionam. Qual o motivo da criação de dois seres num mesmo corpo como os gêmeos siameses? Quais são os conflitos e as expiações que estes Espíritos semearam?
O que leva estes indivíduos ficarem encarcerados em um único corpo e por quê?

Estes conflitos só podem ser compreendidos e analisados por uma doutrina reencarnacionista aliada com a ciência terrena para explicar algumas anomalias e monstruosidades que nos surpreendem no espetáculo da vida, em que os atores principais são os Espíritos imortais com capacidade e vontade de progredir perante as leis divinas, ou desorganizar e desarticular essas mesmas leis, ocasionando dor e sofrimento.
Gêmeos siameses ou xifópagos são indivíduos gêmeos que nascem com os corpos grudados ou, até mesmo, com certos órgãos em comum. Tendo duas cabeças pensantes, é que ali estão dois Espíritos habitando uma mesma estrutura física.
Sendo o xifóide o apêndice terminal do osso esterno, encontrado na frente do tórax, onde se ligam as costelas, muitos dos xifópagos pesquisados eram ligados por esta parte do corpo. As uniões físicas podem se concretizar por diversos órgãos ou segmentos corporais, até mesmo, inviabilizando a gestação ou a sobrevivência de ambos os recém-nascidos.
Aos olhos da medicina terrena, os casos de gêmeos siameses traduzem o espetacular capítulo da embriologia, chamado "teratologia", em que se estudam as deformidades e anomalias anatômicas causadas em um único indivíduo ou em dois, existindo várias classificações e subclassificações. Na classificação principal, os "deformes" de eixos corporais paralelos (teratópagos), os em forma de "Y", "Y" invertido e os parasitários.
Os toracópagos são ligados pelo tórax, os esternópagos são ligados pelo osso esterno, os cefalotoracópagos são ligados pela cabeça e tórax, os metópagos são ligados pela face e os pigópagos, que são ligados pelo dorso.
Naqueles que formam um "Y", há uma bifurcação a partir de um ponto do eixo do corpo, isto é, duas cabeças e dois troncos para um par de pernas. Nos "Y" invertidos, há uma cabeça e tronco e pares de membros duplos.
Na categoria dos parasitas, na visão da Doutrina Espírita, é o grupo que merece mais atenção. Um dos indivíduos é atrofiado e parasita o outro, que, em geral, é bem desenvolvido e proporcionado.
É o caso da menina indiana Lakshmi Tatma, que tem dois anos e, segundo os especialistas que a atendem em um hospital de Bangalore, era ligada pela pelve a uma gêmea siamesa que não se desenvolveu completamente.
Mais de trinta cirurgiões trabalharam em turnos para separar a coluna vertebral e os rins de Lakshmi daqueles de sua irmã. Em seguida, fecharam a cavidade pélvica da menina, reposicionando a bexiga e os órgãos genitais, e colocando enxertos de pele sobre os locais onde ficavam os membros retirados.
Analisando à luz da Doutrina Espírita, são dois Espíritos ligados pelo ódio extremo ou por afinidade, comparsas que comungaram das mesmas idéias, pensamentos e sentimentos, gerando uma simbiose negativa entre os dois. Ambos foram alimentando-se da mesma energia produzida, e às vezes foram séculos vivendo neste circuito repetitivo, a idéia fixa e a transformação dos seus corpos perispirituais numa única massa, perdendo a individualidade dos seus corpos temporariamente.
Foram várias reencarnações compartilhando e atraindo como imã as formas de pensamento, nutrindo-se da mesma sintonia vibratória, o que fundiu seus corpos espirituais como o aço derretido, tornando-se, muitas vezes, algo indefinido e sem forma, e que acabam renascendo nestas condições deploráveis, não pelo próprio livre-arbítrio ou por castigo do Criador, mas por uma espécie de determinismo originado na própria lei de causa e efeito.
Estes Espíritos, agora, unidos por algo em comum e ligados pelo perispírito, projetam no novo corpo físico, muitas vezes pela reencarnação compulsória, através do corpo espiritual, as lesões que danificaram, destruíram e desorganizaram os átomos, as moléculas, as células e até seus órgãos que fazem parte da constituição dos seus perispíritos, moldando o novo corpo físico de acordo com as impressões gravadas em suas consciências, gerando a ligação material pela pele ou por algum órgão vital, denominando-se gêmeos siameses.
Os Espíritos se unem ao corpo espiritual da futura mãe e depois se ligam ao fluido vital do óvulo, ocorrendo a fecundação; o óvulo fecundado (zigoto), sob a influência de duas energias espirituais diferentes, tende a se bipartir. No início da fecundação, quando o zigoto inicia seu desenvolvimento, há pela presença de dois Espíritos a divisão em duas células que desenvolverão dois organismos filhos.
Nos casos normais, quando existem dois Espíritos unidos ao zigoto (óvulo fecundado), o processo da separação determina o surgimento de gêmeos univitelinos (idênticos). Nos gêmeos xifópagos, eles ficam unidos na fase da gestação, formando a união física entre os dois corpos e podendo a ligação ser por órgãos vitais, dificultando a cirurgia médica para separar os corpos.
O Dr. Ricardo Di Bernardi diz que, se a troca de energias desequilibradas for profunda e principalmente na parte intelectual, ocorre um intenso desequilíbrio dos centros de força perispiritual coronário de ambos. Esta fusão energética pode formar como modelador de uma única cabeça para dois troncos (Y invertido). Quando a desarmonização acontece nos sentimentos, haveria o envolvimento dos centros de força cardíaco e gástrico, e formaria gêmeos xifópagos "Y", ligados ao tórax.
Invertendo as posições, através da reencarnação, obsedado e obsessor revezam os papéis, ora um se torna o algoz, ora se torna a vítima. Tanto no plano físico como no plano espiritual, atraídos sempre pelo ódio e o desejo de vingança, como pela afinidade nas mesmas atitudes, sonhos e ideais, acabam encontrando-se em circunstâncias difíceis e dramáticas, obrigando-os a compartilhar do mesmo sangue vital, do mesmo alimento e do ar que respiram. Em muitos casos não existe a possibilidade de reabilitação, a curto ou mesmo em médio prazo, de resolver estas uniões para a recuperação psíquica e emocional dos envolvidos. Quanto mais se prendem nesta obsessão, a energia gerada entre ambos se alastra, chegando a uma situação gravíssima de comprometimento do corpo espiritual (perispírito) das duas criaturas. Somente a reencarnação ajuda anestesiar temporariamente estas consciências transtornadas, o que poderá servir de incentivo regenerador na construção da real trajetória.
Esta expiação, também, serve para os pais que participaram de um modo ou de outro da queda destas almas; os vínculos do passado levam a vivenciar esta difícil experiência, sendo que ninguém é vítima do acaso ou de uma lei injusta e arbitrária.
A formação de uma nova família, atraídos pelas mesmas afinidades e sintonia energética, é o despertar das leis divinas operando em nossas vidas a lei natural de causa e efeito.
Estes Espíritos retornam juntos e unidos pelo mesmo corpo físico. Não conseguem se separar, ligados por laços extrafísicos que se manifestarão pela união biológica.
O sofrimento e as dificuldades por causa das limitações físicas e as dores morais do convívio compulsório, da exposição à curiosidade pública e as energias deletérias encharcadas em seus corpos espirituais serão expurgadas vagarosamente no corpo físico. A trajetória destes dois Espíritos num mesmo corpo criará, ao longo do caminho, laços de amizade e carinho, despertando sentimentos de amor, de compreensão, e será o início da regeneração pelo amor e pelo perdão.
Terão que lapidar suas almas e as tendências inferiores que cada um possui, revivendo em seus íntimos o evangelho simbolizado na prática da caridade, começando entre eles no exercício do amor restaurador. Dependerão somente de seus esforços, sendo orientados pelos bons Espíritos e amparados pela família no carinho e zelo dos pais, formando um novo caráter edificado na transformação de suas personalidades, reeditando as suas memórias perispirituais na projeção de novos corpos sadios e na liberdade construída nas dores e no sofrimento físico.


Eduardo Augusto Lourenço

Eu sou a paz







Frente à dores que assolam o homem e o mundo, pergunto-me: de quem é a culpa? Para responder esta indagação procurei ouvir os próprios seres humanos e deles recebi as seguintes respostas:


— A culpa é dos radicais e intolerantes que pensam somente em si mesmos.


— A culpa é do capitalismo selvagem que impõe a lei do mais forte.


— A culpa é do materialismo que faz ninho no coração dos homens.


— A culpa é dos políticos corruptos que não administram com probidade os bens públicos.


— A culpa é da indolência dos povos subdesenvolvidos.


Ninguém afirmou: — A culpa é minha!


Todos disseram que a culpa pelos males, sofrimentos, guerras pertence ao outro ou aos outros.


Entretanto, lembro que toda moeda possui dois lados e assim também a convivência humana: o meu lado e o seu lado. Será possível que somente o outro tenha culpa, faça algo errado, seja intolerante, etc. e eu nunca tenha culpa, nunca faça algo errado, nunca seja intolerante, etc.?


Todos nós queremos viver em paz. Quem não deseja a paz? Mas para termos paz e vivermos na paz é preciso cultivar a paz em nós mesmos através dos pensamentos de paz, das palavras de paz e das ações de paz.


A paz está em cada um de nós. Eu sou a paz e você é a paz.


Respeitar, perdoar, cooperar promovem a paz.


Eu sei, é difícil, principalmente se ódios, fanatismos, imperialismos, indiferenças fizeram e fazem ninho em nosso íntimo. Mas podemos, e mesmo devemos, cultivar a tolerância, trabalhar a humildade, praticar a solidariedade.


Necessitamos sensibilizarmo-nos com o sofrimento e a alegria dos outros, expandindo o sentimento de amor que está guardado - e às vezes trancado a sete chaves - em nosso coração.


Veja em cada ser humano - e não importa a cor, a raça, a religião - seu irmão. Não diga que o passado não permite a paz, pois o que passou deve ser compreendido e perdoado. Ódios acumulados, tragédias anunciadas.


Perdoe, compreenda, ame e, acima de tudo, faça da sua vida uma vida de paz, para que todos aqueles que convivem com você também façam de suas vidas, vidas de paz.


Não estamos precisando de discursos, estamos necessitados de ações - não exatamente dos outros - mas das nossas próprias ações no sentido da paz.


Ou você quer continuar morrendo a cada minuto, asfixiado pelo medo, pela violência, pelo racismo, pela retaliação, pelo fanatismo, pelo egoísmo…?


Eu não quero viver assim, quero viver mergulhado na paz, por isso estou fazendo a minha parte e pedindo que você também faça a sua parte: mergulhe na paz!


Marcus Alberto de Mario
(Jornal Verdade e Luz Nº 190 de Novembro de 2001)

domingo, 13 de março de 2011

Amigos

       
          Dothy


Quando estamos sós!!
Sem luzes e ninguém
Deus sempre nos  socorre..
Na figura de alguém.

Este alguém, é especial,
Pessoa mais bela não tem
Sempre estão a  nos amparar.
Na maior felicidade do bem.


Nas horas e dias  tristes!
Palavras de consolo tem.
Querem sempre nos alegrar.
Ficam contentes também.

Definições e nomes!
É o que mais eles tem.
Deus os considerou anjos.
Chamou amigos também..

sábado, 12 de março de 2011

Oração pelo Amor






Senhor,

Estamos exaustos pelos descaminhos por que optamos.

Escolhemos o desamor e tombamos na decepção e na revolta.

Assegura-nos rumos novos.

Ante o convite da ilusão, fortifica-nos para fugirmos dos atalhos e aderirmos à Verdade.

Falta-nos força e coragem para amar como deveríamos. Por isso Te rogamos que supra nossas inibições.

Encoraja-nos a zelar com carinho por aqueles que deliberadamente não nos querem bem.

Amplia-nos o discernimento no uso do equilíbrio com quantos fortalecem com amor Tua participação em nossos passos.

Jesus, ensina-nos o amor para que vivamos no coração os sublimes sentimentos que há muito louvamos na palavra e esquecemos ou não sabemos como aplicar.

Permita-nos aprender a gostar da vida e amar a nós mesmos, enaltecendo o mundo com a cooperação na Obra Excelsa do Pai e celebrando a dádiva da vida em nossos caminhos de cada dia.

Pela súplica sincera que brota de nossa alma nesta hora, de nós receba, hoje e sempre, a gratidão de quantos Te devem tanto por receber mais que merecemos do Teu inesgotável amor.

Obrigada, Senhor!


Ermance Dufaux

A justiça e a bondade






Dionísio, o Velho (430-367 a.C.), general astuto e hábil, salvou Siracusa do domínio de Cartago, tornando-se rei.


Sua fama era péssima.


Impunha-se pela força e a crueldade.


Não obstante, tinha seus temores.


Como todos os tiranos, trazia as barbas de molho; desconfiava de tudo e de todos. Imaginava-se prestes a ser envenenado ou apunhalado por covardes traidores e implacáveis inimigos.


Um de seus cortesãos, Dâmocles, incensava a vaidade do tirano, situando-o como alguém invejável por suas riquezas e poderes.


Dionísio dispôs-se a demonstrar-lhe que não era bem assim…


Certa feita o convidou a tomar seu lugar numa festividade. Seria rei por uma noite, a fim de experimentar as delícias do poder.


Em plena euforia, cercado de aduladores, Dâmocles sentia-se o dono do Mundo, ainda que por breves horas.


Extasiava-se, quando, ao olhar para o teto, pôs-se trêmulo e apavorado.


Viu uma espada afiadíssima, suspensa sobre sua cabeça, tendo a sustentá-la frágil crina de cavalo.


Dionísio explicou-lhe que essa era sua própria condição.


Permanentemente ameaçado por incontáveis perigos.


Já que Dâmocles quisera desfrutar os prazeres do poder por uma noite, experimentaria, também, a perspectiva apavorante:


A espada poderia desabar sobre sua cabeça, perfurando-lhe os miolos.


Podemos imaginar o que foi aquela noite para o pobre cortesão…

***

A espada de Dâmocles simboliza a precariedade das situações humanas.


Doenças, dificuldades, problemas, desilusões, amarguras, dores, acidentes, roubos podem nos atingir inesperadamente.


A própria morte, não raro, aproxima-se sorrateira.


Age como um ladrão.


Não sabemos quando, onde e como se apresentará.


Viver é um risco. É por isso que muita gente situa-se inquieta, tensa, nervosa, à maneira do apavorado cortesão.

Não obstante, podemos conservar, em qualquer situação, a capacidade de viver tranqüilos e felizes.


Basta lembrar que, acima das contingências humanas, há a presença soberana de Deus, o Senhor Supremo.


Diz o salmista (Salmo 23):

O Senhor é o meu pastor.


Nada me faltará.


Deitar-me faz em pastos verdejantes.


Guia-me mansamente a águas tranqüilas.


Refrigera a minha alma.


Guia-me nas veredas da justiça por amor do seu nome.


Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum, porque tu estás comigo…

Proclama o apóstolo Paulo (Romanos, 8:31):

Se Deus estiver conosco, quem estará contra nós?

É exatamente assim, amigo leitor.


Considerando que Deus está sempre conosco, não há por que temer absolutamente nada, nem mesmo a morte. O Senhor nos amparará quando ela nos embarcar, inexorável, no comboio para o Além, desdobrando-nos novas experiências.


Devemos considerar apenas uma questão pertinente, algo de que devemos cogitar todos os dias, ajudando-nos caminhar sem desvios e com segurança:


Estamos com Deus?
 
Livro Rindo e Refletindo com a História, de Richard Simonetti

Enfermidades






Carlos Toledo Rizzini

Moléstias orgânicas – em "Evolução para o Terceiro Milênio" – Edicel


1. Compreendemos que os desequilíbrios ou enfermidades do Espírito têm início com os abusos e afastamento da Lei Divina. Daí, em o nível de evolução da Terra, sofrimento ser conseqüência da violação da Lei. Toda moléstia é de origem espiritual, razão porque há doentes e não "doenças" propriamente ditas. A medicina terrena começou a compreender isso com o seu conceito de moléstia psicossomática, ou seja, a doença do corpo oriunda de um estado desajustado da mente (tensão, conflito), tal a úlcera péptica do estômago e duodeno e a pressão arterial alta.

Psicólogos materialistas e mentores espirituais concordam plenamente na afirmativa de que a Humanidade é constituída maciçamente de mentes enfermas. Dizem os primeiros, sobretudo os psicanalistas, que o homem sadio é uma avis rara, difícil de encontrar. Dos segundos, Emmanuel (Justiça Divina) esclarece que todas nós "somos doentes em laboriosa restauração", devido aos débitos contraídos noutras vidas, e acentua: "Todos somos enfermos pedindo alta". Não desanimemos. Por enquanto, a Terra é um planeta de provas e expiações, no qual renascem, em massa, espíritos falidos perante a Lei. Não é um lugar aprazível para uma doce vida, sem incômodos, embora possua recantos belíssimos; é, antes, um mundo de lutas evolutivas acerbas e dores múltiplas. Procuremos ,ver claro para não naufragarmos no mar das ilusões, que obscurecem a compreensão; busquemos o esclarecimento sobre: 1) a causa profunda das enfermidades; 2) a função retificadora que elas desempenham na vida do Espírito eterno - deixando de considerá-las como desgraça ocasional do momento que passa.

2. Caro leitor, não há injustiça no universo pois, Deus é amor, justiça e sabedoria – tudo impregnado pela perfeição suprema. Este principio fundamental leva a procurar a causa da enfermidade dentro de nós mesmos. Vimos que o sofrimento é resultante de, violações, erros e abusos, no curso dos quais a Lei Divina é desrespeitada e os deveres negligenciados. A prática do mal, a repetição de abusos, a acumulação de erros, os vícios, enfraquecem os centros de força do perispírito e geram lesões nele, que é sensível ao estado moral do Espírito.

Sabe-se hoje, depois das experiências do Prof. Hans Selve, que os estados de tensão muito prolongados originam lesões graves em vários órgãos. Informa Selve que as piores tensões são : ansiedade, frustração e ódio, capazes de produzirem úlceras gastroduodenais, arteriosclerose e hipertensão arterial, por exemplo. Ora, este conhecimento é experimental, adquirido pelo homem no laboratório de pesquisa utilizando ratos, cobaias e camundongos É muito para estimar e admirar que o querido instrutor André Luiz, em Sinal Verde, afirma exatamente a mesma coisa: "Quanto mais avança, a ciência médica mais compreende que o ódio em forma de ;vingança, condenação, ressentimento, inveja ou hostilidade está na raiz de numerosas doenças e que o único remédio eficaz contra semelhantes calamidades da alma é o específico do perdão no veículo do amor". Por incrível que pareça, esta última assertiva do espírito fora antes formulada pelo citado cientista ao declarar que: "Amar ao próximo é um dos mais sábios conselhos médicos de todos tempos". Percebe-se que a acentuação deslocou-se da religião para a ciência o Evangelho é também um código de medicina profilática. . .

Tal é a causa principal dos nossos males físicos e mentais: as lesões do corpo espiritual, enquanto não houver reparação das condutas malfazejas e mudança nas inclinações, serão transferidas para o corpo material, que renascerá doente de mil maneiras diferentes.

É o próprio modo de ser do indivíduo que não é sadio. Seus pensamentos, sentimentos e impulsos, de várias maneiras, afastam-no da normalidade - levando-o ao proceder incorreto e ao desequilíbrio conseqüente. Residindo, assim, os fundamentos da moléstia no íntimo das pessoas, não será possível obter a cura tão-somente pelo uso da medicação externa. Os remédios materiais, com raras exceções (fim de débito), não podem curar integralmente a ninguém; conseguem melhorar, aliviar, transferir o mal, mudar sua manifestação, eliminar algo - mas a cura há de proceder do poder criador do Espírito: "O espírito delinqüente será imperiosamente o médico de si mesmo" (André Luiz, No Mundo Maior). Daí, afirmar Emmanuel (Fonte Viva) que raros alcançam a cura completa, genuína: é mister apreciável cota de esforço próprio na renovação dos conteúdos mentais, para mudar as maneiras de pensar e de agir.

3. Temos aí moléstias orgânicas originárias de lesões perispirituais que surgiram de erros e abusos anteriores. Se o sujeito ingeriu veneno por sua deliberação, renascerá com a garganta pouco resistente a germes ou com o estômago lesado; se deu um tiro no coração, voltará atacado de uma cardiopatia congênita; se usou a inteligência como astúcia para aproveitar-se de outros, virá a ser débil mental ou padecerá de hidrocefalia; se foi dado à maledicência ou calúnia, terá mais tarde a língua maior do que a boca. E assim por diante. vemos a lei de causa e efeito em ação, no plano espiritual, determinando expiações.

Outros tipos de enfermidade física ocorrem, menos difundidos, porém, nos quais funcionam diferentes mecanismos.

Existem as doenças expiatórias, impostas ao reencarnante como indispensáveis a resgates necessários. É claro que nos exemplos acima temos também expiações.. Mas, neles, o indivíduo lesou a si mesmo e a moléstia corporal é uma expressão da lesão do perispírito. veja isto, leitor. Um indivíduo matou outro; como espírito, lutou ativamente pela própria regeneração e alcançou grandes méritos na prática do bem. Ao voltar ao mundo, recebe um coração defeituoso (que não tinha) para expiar o crime. Outro levou alguém à tuberculose fazendo-o expor-se continuamente a condições adversas; ao renascer, recebe pulmões sem resistência ao bacilo de Koch. De dois dementes, um poderá ser realmente louco (espírito perturbado) e o outro não, tendo apenas o cérebro desarranjado por necessidade de expiação. Um idiota poderá ter u espírito lúcido.

A diferença entre as duas modalidades só é nítida nos extremos, devendo haver muitas situações intermediárias menos definidas.

4. Um sem-número de lesões ou afecções se revelam derivadas de episódios de vidas passadas. Um evento destes, até muito antigo, ligado a situação interpessoal não resolvido, sói mostrar conseqüências no corpo físico em diversas vidas. Segue-se um exemplo que explicaria casos na área psicológica (Netherton). Certa mulher nova não só sentia dor no curso do ato genésico como também tinha verdadeiro horror ao mesmo; e, além disso, acordava costumeiramente de madrugada com cólicas abdominais; sintomas, portanto, físicos e psíquicos, aos quais se deve ajuntar uma infecção vaginal crônica rebelde ao tratamento ginecológico.

A regressão de memória semiconsciente, conservando a lembrança posterior dos fatos evocados, revelou que em existência bem anterior (numa "civilização primitiva"), em seguida ao adultério, o marido mandou prendê-la em jaula baixa, onde só cabia acocorada; tal posição determinou-lhe, então fortes e contínuas dores no ventre. Dias depois, por ordem dele, um médico seccionou-lhe o clitóris, sentindo, na ocasião, rápida dor lancinante; era seu intuito usá-la sexualmente sem que ela pudesse corresponder. E assim foi anulada a atividade erótica. Em vida subseqüente, descreve-se como jovem meretriz que atravessa triste episódio; apaixonada por certo homem, este, alcançando o próprio orgasmo, a deixa no momento- em que ia atingindo o clímax; ofende-a, então, gravemente com palavras pesadas. Confusa e frustrada, cai do alto da escada e é deixada sem socorro até morrer. Desta experiência procede sua desconfiança dos homens e da anterior o pavor das relações carnais; as dores são ainda seqüelas da gaiola baixa e da operação cruenta; a vaginite, complicação do ato cirúrgico séptico.

Vejam. Coisas muito antigas e ainda em vigor ! É que por detrás delas há um erro moral, já profligado em os Dez Mandamentos! Mas, muita gente assoalha que os tempos mudaram e que o mundo é diferente... O passado gravado nas profundezas das almas não sabe disso e emerge sob a forma de distúrbios psicossomáticos e de sintomas neuróticos ! Tal mulher - nossa irmã não mais errada do que somos em geral curou-se inteiramente: esgotaram-se-lhe os débitos mediante os sofrimentos que enfrentou até 1970, digamos. E, naturalmente, mudou a sua condição íntima, do mesmo passo.

É bom recordar que André Luiz conta a estória de dois espíritos bastante aprimorados que, não obstante, permaneciam no plano inferior. Querendo saber porque não conseguiam ascender, a análise do passado de ambos revelou que, cinco séculos antes, haviam lançado dois companheiros muralha abaixo, liquidando-os sumariamente. Tiveram que renascer, como pilotos de prova, para dar a vida pelo progresso da aviação, caindo no devido tempo... Consultem Ação e Reação, obra em que o querido instrutor menciona casos de débitos pendentes há mais de 1.000 anos, confirmando os achados da regressão de memória. Informa no Cap. VII:

"Conheço irmãos nossos, portadores do estigma de padecimentos atrozes, que se encontram animalizados, há séculos, nos despenhadeiros infernais." Não se imagine, porém, que estejam entregues à própria sorte; a despeito da revolta, os mensageiros divinos espreitam a oportunidade de resgatá-los das trevas para a luz.

Acabamos de fazer observar que vasta cópia de dissonâncias psicossomático-neuróticas promana dessa fonte, incluindo úlceras pépticas, enxaquecas, ejaculação precoce, impotência, frigidez, fobias, inibições, esclerose coronária, dispepsia, e mais o que seja: é um nunca acabar. Resultam, por assim dizer, de "sobras emotivas" de alguma existência passada, como diz K. Muller; repetindo: são lembranças arquivadas em estado inconsciente que estão carregadas de emoções perturbadoras, não integradas ao patrimônio psíquico e, portanto, ainda ativas. Segue-se que quando o paciente recorda tais episódios e libera a emoção reprimida, esta perde sua força traumática (ou virulência) - o que se consegue mediante a regressão de memória, usualmente hipnótica, ou quase consciente (Netherton), porque já se esgotou o débito cármico, ou pelo esclarecimento e prática do bem, segundo a orientação espírita, que leva a modificações definitivas do íntimo da alma.

4. Importante, embora menos espetacular, é o que André Luiz denomina restrições pedirias. São defeitos ou inibições funcionais que limitam atividades abusivas do organismo. Antes de encamar, prevendo sua queda num setor onde isso já ocorreu antes, o espírito solicita que certos órgãos ou funções sejam um tanto defeituosos, de modo a funcionarem em ritmo reduzido. Na carne, por mais que o sujeito queira exagerar no uso para obter prazer ou se lançar à prática do mal, não o consegue. E nada neste mundo livra-o da inibição solicitada...

É natural que o gastrônomo peça um estômago delicado ou lento, um intestino facilmente desarranjável, que o leve a limitar a ingestão de alimentos e bebidas. Que o fascinador queira, agora, ter feições mais grosseiras, que a ninguém venha atrair. Que aquele que se deixou levar pela intriga prefira voltar surdo; que o caluniador peça a mudez

5. Uma última eventualidade, menos freqüente, é a da doença gerada pelo contato íntimo com um espírito perturbado, geralmente inconsciente do seu estado, cujo perispírito conteria lesões oriundas da vida material, Estabelecida a sintonia, as sensações mórbidas transmitem-se ao encarnado, que passa a sentir-se enfermo sem o estar. É o caso da moça que um dia começou a cair facilmente; uma vidente percebeu sobre os ombros dela, um espírito montado, o qual, incorporado, revelou ser o pai dela e não ter consciência da situação. Ora, o velho sofria de forte artrite nos joelhos e não podia andar; doutrinado, acabou deixando a filha livre. Ou do indivíduo que entra a tossir, a escarrar, a ter febrícula à tarde, como se estivesse tuberculoso; quem o está fazendo sentir-se doente é o espírito que se lhe aderiu à aura, e que morreu naquele estado, conservando as sensações doentias e transferindo-as ao encarnado que está sintonizado com as vibração dele. Foi o que Inácio Ferreira denominou intoxicação fluídica, em sua obra pioneira.

A Profa. Helena de Carvalho (J. E. 45: 9, 1979) dá o nome de "contaminação fluídica" a semelhante mecanismo morbígeno e sugere que tais casos "são bem mais freqüentes do que se supõe, principalmente nesta época de perturbações excessivas". Cita, como exemplo, o sucedido com certo indivíduo que atendeu outro em plena crise asmática. Saiu de braça dado com ele, amparando-o. O doente foi melhorando a pouco e pouco. Não demorou a ir-se, enquanto o pobre socorrista ficou a chiar com forte falta de ar... Passou para ele o obsessor inconsciente do seu próprio estado, cujas sensações patológicas transmitia aos encarnados que com ele entravam em adiantado grau de sintonia vibratória.

Uma variante original da presente patogenia foi comunicada pelo Dr. Hernani G. Andrade (I.B.P.P., SP, monografia n. 3, 1980). Devia reencarnar um ex-suicida que ingerira formicida. A futura mãe, avisada em sessão mediúnica, tomou-se, naturalmente, de apreensões quanto à sanidade do próximo filho, prevendo-o defeituoso. No entanto, o mentor espiritual esclareceu que se ela estivesse disposta a fazer tal sacrifício pelo espírito reencarnante, a criança nasceria normal - agregando que ela é quem iria sofrer as conseqüências do antigo envenenamento. E foi o que sucedeu! Contou dita senhora que durante a gravidez "minha boca ficava em feridas, em carne viva. Eu sentia que era roída por dentro e então caía. Minha irmã disse que às vezes eu começava a tremer e parecia estar morrendo... " Sentia o gosto e o cheiro da formicida, queimação no estômago, vômitos, etc. Tudo desapareceu após o parto; o suicídio fora induzido por um obsessor - mas a criança nasceu perfeita e com 5 kg. Era agora uma menina que, quase 6 anos antes, fora irmão da sua mãe atual e que se matara aos 28 anos, tendo crescido como bela e forte (aos 17 anos) jovem cujas inclinações se revelavam preferentemente masculinas.

Não que deixasse de ser feminina, mas inclinava-se por roupas, corte de cabelo e brincadeiras de menino e, depois, não era dada a namoricos. . .

Nos casos em que o obsessor, movido por ódio intenso, envia descargas fluídicas constantes sobre a vítima, produzindo uma doença sem base física no próprio doente, Manoel P. de Miranda (Nos Bastidores da Obsessão, FEB, 1970) dá o nome de moléstia-simulacro a tal estado mórbido. É assim que uma pessoa "fica" leprosa e é internada em leprosário por apenas apresentar a aparência de hanseniana; bom meio de isolar alguém e levá-lo ao suicídio... A vítima, estando sintonizada pela culpa com o agressor e tendo a mente preparada pela hipnose, seguindo o desejo do obsessor, pode exibir os sinais da morféia. Aí, o tratamento é espiritual, mediante a transformação íntima de ambos.

6. É oportuno procurarmos entender a significação das multas que geramos em nós mesmos, que são a imensa maioria.

A verdade é que o sofrimento, longe de ser uma desgraça ocasional, "tem função preciosa nos planos da alma", esclarece o citado Emmanuel. Ele surge como uma conseqüência de erros e violações, mas dispôs a Providência Divina que ele fosse mais do que isso: que tivesse uma função retificadora dos desequilíbrios do espírito e das lesões corporais. Por isso, apresenta patente utilidade ao homem que sofre: sem ele, este não poderia se reajustar, seria difícil acordar a consciência para a realidade superior - o sofrimento é o "aguilhão benéfico", diz o Irmão x (Luz Acima). Deriva daí que a nossa atitude frente à dor Que nus avassala, se a compreensão das leis superiores da Vida nos felicita a alma, deverá ser de conformação lúcida. Esta atitude, a única produtiva sempre que o sofrimento não puder ser removido pelos recursos dá inteligente indústria humana, concorda com a necessidade de observar dois conselhos básicos de Emmanuel (Fonte viva):

O doente (todos nós...) precisa envidar esforços para deixar de ser triste, desanimado, revoltado, odiento, raivoso, etc. ; como vimos acima, estados de ódio e de ansiedade lesam o corpo e a alma, o desânimo entorpece as forças desta, a maledicência consome as energias, e assim por diante. Urze renovar-se intimamente, mudar as disposições psíquicas. Se não, o remédio externo pouco poderá fazer a nosso favor; se houver melhoras, é preciso não regressar aos abusos anteriores; caso em que não haverá cura.
Importante, muito importante é que aprendamos a não pedir o afastamento da dor: ela é o amargo elixir da regeneração do espírito faltoso. Devemos, isto sim, rogar forças íntimas para suportá-la com serenidade e valor a fim de que não percamos as vantagens que nos trará no capítulo da recuperação. É preciso aprender a aproveitar os obstáculos que criamos e, para isso, podem-se pedir recursos ao Alto - sempre que os recursos da Terra falharem; acontecendo isto, a resignação consciente é chamada a intervir
Em síntese, a enfermidade é produto derivado das violações que conscientemente praticamos ao escolher o caminho do mal de maneira voluntária. Hoje, temos que enfrentar as conseqüências disso, isto é, o sofrimento. Este representa, ao mesmo tempo, a expiação e o tratamento, porquanto, tem função medicinal por servir ao reajustamento do espírito culpado, logo doente.

É lícito procurar a medicina terrena, que pode aliviar muito e curar onde for permitido; assim como a Misericórdia Divina pô-la ao nosso alcance, embora com certas limitações sociais e econômicas, que servem de provas ao espírito em processo de cura definitiva. Mas, em todos os casos, para quem já adquiriu certa compreensão dos níveis superiores de Vida, mais do que isso é necessário. Faz-se mister cuidar da erradicação do mal que opera em nós ainda hoje. E, para tanto, o esforço pessoal torna-se indispensável: o serviço de aproveitamento das lições evangélicas - como orar, auxiliar, desapegar-se de posses e posições, trabalhar pelo bem, etc. é individual e intransferível. Com ele, mudam as nossas tabelas de valores: a solidariedade, a cooperação, a contenção das paixões ou impulsos, o sacrifício, a renúncia, o serviço prestado, a conformação, assumem a significação de normas de vida. É só então que Jesus, o Mestre da Terra, curará os males para todo o sempre.
7. É, em suma, a doença (e o sofrimento) muito importante no Processo de redenção do espírito humano pondo a este de acordo com a Lei que rege a evolução no Universo. Não se trata de entronizar o sofrimento, de conferir primazia às desgraças, e coisas assim. O Espiritismo pura e simplesmente esclareceu o papel da dor na vida humana; ninguém a procura, mas quando ela desponta cumpre dar-lhe o tratamento adequado para que ela não venha a ser, realmente, "uma desgraça completa". A intensidade da dor é proporcional à atitude íntima do sofredor, ao seu estado de espírito: tanto mais forte quanto mais insubmisso ele for. Para quem só conhece a vida terrena, o sofrimento parece interminável e desesperador muitas vezes; tal pessoa julga-se vítima de toda a desgraça possível. A certeza da vida espiritual e a fé no poder superior, levando à compreensão e aceitação da dor como resultado de erros passados e instrumento de redenção, gera o estado de oração que facilita tudo. Bom será ir mudando de ponto de vista, dando acentuação aos aspectos espirituais da vida, de modo que a vida material vá diminuindo em importância diante das necessidades evolutivas do espírito eterno: o amanhã vem aí e logo será hoje...

Uma violenta cólica renal dói bem menos quando dizemos do fundo da alma: "Pai Infinito, seja feita a tua vontade e não os meus caprichos... sei que a dor é necessária à correção dos meus desvios... ampara-me para que eu saiba suportá-la sem revolta, aproveitando-a para o meu soerguimento como Teu filho!" Uma das faltas tidas como mais graves é a revolta da criatura contra o Criador, a ausência de submissão à vontade divina (O Evangelho Segundo o Espiritismo); logo, se considerarmos Deus injusto, se murmurarmos contra as aflições do caminho, etc., ao invés de aproveitá-las para o nosso adiantamento, aumentaremos a dívida e teremos de recomeçar mais tarde, tantas vezes quantas forem necessárias para nosso desprazer e angústia. vamos, em conclusão, viver na Terra de olhos fitos no Alto, fazendo desta vida uma contínua preparação para a outra, buscando o que seja motivo de elevação e largando o que nos amarre aos círculos inferiores de lutas e sofrimentos. As maiores dificuldades e obstáculos estão dentro de nós mesmos.

8. Uma última observação, não menos importante: para o espírito superiormente evoluído, o sofrimento é mera contingência natural dos planos inferiores de existência e não merece maior consideração; não recebe daquele qualquer relevância. Muitos missionários descem da Espiritualidade Superior movidos pelo amor aos semelhantes retardatários, para o desempenho de tarefas que incluem necessariamente o sofrimento e até em doses fortes. Enfrentam-no como condição natural do mundo material a fim de darem cumprimento ao objetivo designado, que lhes foi atribuído pelo Poder Supremo. Vejam os antigos profetas e os primitivos cristãos, que vieram à Terra implantar o Evangelho do Senhor; não havia tortura que os afastasse do caminho do testemunho de amor ao próximo e da submissão a Deus e a Jesus. O que sofreram Pedro, Paulo, Francisco de Assis, Kardec, Gandhi, o nosso Chico, etc., serve de exemplo para o auspicioso fato de que a dor só impressiona desfavoravelmente ao devedor e ao involuído, ou seja, ao doente e ao fraco. Para o ser da Esfera Mais alta, ela é simplesmente um fator peculiar aos mundos dominados pelo apego à matéria e, logicamente, quem desce a tais planos fica sujeito a suportá-lo. Eis tudo.

Vejam as excursões de André Luiz e seus mentores aos círculos de sombra: tiveram naturalmente de agüentar o peso e a densidade da atmosfera local e os desmandos dos habitantes dali, inclusive prisão em uma cela. Mas, estavam a serviço do amor universal e o sofrimento era uma injunção natural, um preço decorrente do estado de perturbação do ambiente. Também os nossos amigos e mentores descem até nós enfrentando vibrações viscosas e nenhum se queixa: movem-os o poder mais forte do Amor, do Bem e da Luz...