O Evangelho de Jesus está calcado numa espinha dorsal de comportamentos, em cujas vértebras encontramos o trabalho, a solidariedade e a tolerância, como elementos de sua anunciação, divulgação, prática e sustentação.
Jesus, ao ensinar que o Pai trabalha incessantemente, que o amor ao próximo secunda o amor a Deus na Lei Maior, e que devemos perdoar as ofensas, setenta vezes sete vezes, corroborou a importância fundamental do trabalho, da solidariedade e da tolerância na construção do Reino dos Céus.
Sendo a caridade o amor em ação, como denominado pelo apóstolo Paulo, é ela a representação dessas três virtudes, pois a ação de cada um no bem é a própria dinâmica do trabalho como atividade útil, e o amor, para que seja amor, tem que agasalhar no seu íntimo a solidariedade e a tolerância. Logo, a solidariedade e a tolerância trabalhadas só podem produzir e promover o bem.
Allan Kardec, ao afirmar que fora da caridade não há salvação, formulou uma das mais espetaculares sínteses das leis morais da vida.
E também ele, o Codificador, não prescindiu do trabalho em toda a sua grandeza, da solidariedade prestada e recebida, e da tolerância, pois não foram poucos nem pequenos os ataques à sua pessoa e à sua obra, sofridos da inveja, do ciúme, das intrigas, dos caluniadores, dos inimigos do progresso e do bem.
Nós, que estamos no seio de uma sociedade espírita, que vive sob a custódia dos ensinos kardequianos, não podemos deixar de considerar a necessária preponderância da tríade em apreço, como fundamento de nossas ações dentro dessa organização, na qual somos aprendizes do bem, para que os benfeitores espirituais que a tutelam e a dirigem, tenham razões para continuarem investindo seus valores em prol das realizações programadas para a instituição, que, em última análise, significa a nossa realização pessoal.
Que seja, pois, o trabalho no bem, a nossa grande ferramenta de construções nobres nas mentes e nos corações, e instrumento de nossa redenção pessoal.
Que impere a solidariedade entre todos, para que assim se dê a união e advenha a força operosa tão esperada , e, qual feixe de varas, sejamos ação e sustentação dos objetivos comuns da Casa.
Que a tolerância para com as imperfeições dos outros seja nossa dama de companhia, e estaremos acatando a recomendação do Espírito de Verdade para que calemos nossas eventuais diferenças pessoais, a fim de que o Senhor, ao chegar, encontre acabada a obra.
Maurício R. Silva
(Jornal Mundo Espírita de Outubro de 98)