sábado, 29 de junho de 2013

A inveja



"Vede este homem: seu Espírito está inquieto, sua infelicidade terrestre está em seu auge; ele inveja o ouro, o luxo, a felicidade aparente ou fictícia de seu semelhante; seu coração está destroçado, sua alma surdamente consumida por essa luta incessante do orgulho, da vaidade não satisfeita; ele carrega consigo, em todos os instantes de sua miserável existência, uma serpente que ele re-aquece, que lhe sugere, sem cessar, os mais fatais pensamentos: 

"Terei essa volúpia, essa felicidade? Isso me é devido, não obstante, como a estes; sou homem como eles; por que seria deserdado?" E se debate sob sua impotência, vítima dos horríveis suplícios da inveja. Feliz ainda se essas funestas idéias não o levarem para a beira de um abismo. Entrado nesse caminho, ele se pergunta se não deve obter pela violência o que acredita lhe ser devido; se não irá expor, a todos os olhos, o mal horrível que o devora. Se esse infeliz tivesse apenas olhado abaixo de sua posição, teria visto o número
daqueles que sofrem sem se lamentar, ainda bendizendo o Criador; porque a infelicidade é um benefício do qual Deus se serve para fazer a pobre criatura avançar para o seu trono eterno.

Fazei vossa felicidade e vosso verdadeiro tesouro sobre a Terra em obras de caridade e de submissão, as únicas que devem contribuir para serdes admitidos no seio de Deus; essas obras do bem farão vossa alegria e vossa felicidade eternas; a Inveja é uma das mais feias e das mais tristes misérias do vosso globo; a caridade e a constante emissão da fé farão desaparecer todos esses males, que se irão um a um à medida que os homens de boa vontade, que virão depois de vós, se multiplicarem. Amém."

S. Luís.
Revista Espírita. 1858