quarta-feira, 23 de março de 2011






Você pode ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,mas não se esqueça de que sua vida é a maior empresa do mundo. E você pode evitar que ela vá a falência. Há muitas pessoas que precisam, admiram e torcem por você. Gostaria que você sempre se lembrasse de que ser feliz não é ter um céu sem tempestade, caminhos sem acidentes, trabalhos sem fadigas, relacionamentos sem desilusões. Ser feliz é encontrar força no perdão, esperança nas batalhas, segurança no palco do medo, amor nos desencontros. Ser feliz não é apenas valorizar o sorriso, mas refletir sobre a tristeza. Não é apenas comemorar o sucesso, mas aprender lições nos fracassos. Não é apenas ter júbilo nos aplausos, mas encontrar alegria no anonimato. Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um “não”. É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta. Ser feliz é deixar viver a criança livre, alegre e simples que mora dentro de cada um de nós. É ter maturidade para falar “eu errei”. É ter ousadia para dizer “me perdoe”. É ter sensibilidade para expressar “eu preciso de você”. É ter capacidade de dizer “eu te amo”. É ter humildade da receptividade. Desejo que a vida se torne um canteiro de oportunidades para você ser feliz…
E, quando você errar o caminho, recomece.
Pois assim você descobrirá que ser feliz não é ter uma vida perfeita. Mas usar as lágrimas para irrigar a tolerância. Usar as perdas para refinar a paciência. Usar as falhas para lapidar o prazer. Usar os obstáculos para abrir as janelas da inteligência.
Jamais desista de si mesmo.
Jamais desista das pessoas que você ama.
Jamais desista de ser feliz, pois a vida é um espetáculo imperdível, ainda que se apresentem dezenas de fatores a demonstrarem o contrário.


Fernando Pessoa

A toalha do monge




Era uma vez uma velha que morava com o filho e a nora. A sogra tinha inveja da beleza da moça e judiava dela, ordenando-lhe que fizesse todo o trabalho pesado da casa. A moça, meiga e bondosa, nunca se queixava, o que deixava a velha ainda mais enfurecida.


Um dia, mandou que a moça preparasse uns bolos de arroz e, quando prontos, os contou. Foi então à vila fazer compras. Um monge andarilho parou junto à casa e a moça, generosa, lhe deu um bolo de arroz. Depois que o monge partiu, a sogra chegou, contou os bolos e notou, na hora, que estava faltando um.


- O que você fez com o bolo que está faltando?- esbravejou.- Criatura voraz e inútil!


- Dei ao monge - a moça explicou, tentando acalmar a velha.


- Bem, vá buscá-lo! - a sogra gritou.


A jovem esposa, então, correu atrás do monge, apresentou mil desculpas, e pediu o bolo de volta.


O monge riu e devolveu o presente. Por sua vez, deu à moça uma pequena toalha.


- Leve-a para enxugar o rosto - disse. - Sei que sua vida, com sua sogra, não é fácil.


A partir de então, a velha mãe começou a notar que sua nora ficava cada dia mais e mais linda. Isso aumentou-lhe a inveja e uma manhã, quando espiava sua nora, viu a moça enxugar o rosto com a toalha e observou que, cada vez que o fazia, ficava mais bela e radiante.


- Ela usa uma toalha mágica! - a velha murmurou consigo.


No dia seguinte mandou a moça fazer compras e roubou-lhe a toalha. Lavou o rosto e olhou-se no espelho. Não notou, porém, mudança alguma.


- Sou mais velha - pensou -, portanto, preciso enxugar com mais força!


Enxugou o rosto várias vezes e mirou-se no espelho. Para seu horror seu rosto tornou-se longo e eqüino, depois peludo e redondo, como a cara de um macaco. Finalmente, ficou com a cara de um gnomo feio e grotesco!


- Nossa! - exclamou a velha e caiu ao chão desmaiada.


Nesse momento, voltou a nora. Viu o demônio dentro da casa e preparou-se para fugir. A velha gritou: - Socorro!


A nora reconheceu a voz da sogra e ficou com pena dela. - Você precisa dar um jeito! - a velha implorou.


Então a nora saiu correndo, em busca do monge.


Encontrou-o não muito distante dali e contou-lhe o que se sucedera. Ele riu.


- Quando uma pessoa malvada usa a toalha - o monge disse -, acaba parecendo um demônio!


- E não há cura? - a moça perguntou.


- Há - o monge riu novamente. - Diga à sua sogra que use o outro lado da toalha!


A jovem esposa correu para casa e disse à velha qual a solução. A sogra, no mesmo instante, virou a toalha e enxugou o rosto. Na primeira vez, seu rosto transfigurou-se de gnomo em macaco; na segunda vez, em um focinho de cavalo e, na terceira, transformou-se em seu próprio rosto enrugado, mas humano.


A velha abraçou a nora e chorou.


- Querida filha - a mãe falou, implorando perdão -, eu não via como eu era má com você!


E desse dia em diante, nunca mais pronunciou uma palavra áspera para ninguém. Tornou-se boa e generosa e trabalhou lado a lado com a nora. Tinha a esperança de que o velho monge da toalha mágica voltasse um dia, para que pudesse agradecer-lhe.


Ele, porém, nunca mais voltou - nem foi preciso


Lenda japonesa

Não fazer o mal ainda é pouco




WALDENIR APARECIDO CUIN


– Será suficiente não se fazer o mal, para ser agradável a Deus e assegurar uma situação futura? “Não: é preciso fazer o bem, no limite das próprias forças, pois cada um responderá por todo o mal que tiver ocorrido por causa do bem que deixou de fazer.” (Questão 642, de “O Livro dos Espíritos” – Allan Kardec.)
 

Com frequência, ante o acanhado estado evolutivo que apresentamos, vivendo neste mundo de expiações e provas, acreditamos que não fazer o mal já é o suficiente para a garantia de uma boa posição para o futuro. Mas, observando atentamente as lições contidas em “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec, podemos perceber nitidamente que isso somente não basta.
Informaram-nos os Espíritos benfeitores que atuaram sob a coordenação de o Espírito da Verdade, na obra citada, que será preciso mais, muito mais para que nos dias do porvir venhamos a desfrutar de uma situação de conforto e tranquilidade espiritual.

Além de evitarmos o mal será necessário fazer o bem, pois que tal postura, pela lei de ação e reação e de causa e efeito, nos assegurará reflexos da mesma natureza. O bem que fazemos é força criadora que se juntará às forças idênticas que grassam pelo universo, retornando em nossa direção mais potente, trazendo consigo os benefícios naturais de que temos necessidade.

Mas isso ainda é pouco, uma vez que será preciso vivenciar o bem no limite das nossas forças, ou seja, fazer o máximo de bem possível, dentro das possibilidades e condições de que dispomos.

E ainda nos advertem os Benfeitores da Espiritualidade que seremos responsáveis pelo mal que decorrer do bem que deixarmos de fazer. Sem dúvida, uma observação de longo alcance, uma vez que nos remete a reflexões profundas sobre a nossa caminhada rumo à perfeição.

Portanto, é sumamente importante não fazer o mal, indispensável fazer todo o bem possível, pois que responderemos pelo mal que se originar do bem que deixarmos de fazer. Assim, com clareza podemos concluir que nossa caminhada pela vida tem uma importância muito mais abrangente do que supomos até agora.

Tomando ciência disso, por certo nossa postura será outra, uma vez que se alargam os limites da nossa compreensão; evitar o mal, fazer o bem no limite das próprias forças e responder pelo mal que nascer do bem que deixamos de fazer.

Doravante, imperioso será intensificarmos, com responsabilidade, as nossas ações visando ajudar a construir um mundo melhor, mais justo, fraterno e humano.

Obviamente que a nossa felicidade terá o tamanho da felicidade que promovermos aos nossos irmãos do caminho. Conscientes disso “tomemos a nossa charrua, sem olhar para trás, para sermos dignos do reino de Deus”.  (Lucas, cap. IX,  62.)  

Assim sendo, valerá imensamente a movimentação de todos os nossos recursos e potencialidades para que todas as nossas ações, gestos e procedimentos tenham como meta o bem coletivo.

Em nosso caminho encontramos mãos suplicantes estendidas, pedindo socorro, corações torturados em busca de alívio, lágrimas abundantes nascidas de olhos sofridos esperando por um lenço amigo, mentes confusas aguardando um roteiro de esperanças, braços desocupados implorando por trabalho, velhice abandonada à espera de afetividade, infância desorientada em busca de um norte e muito mais.

Esse vasto campo que se descortina ante os nossos olhares de observação se caracteriza como a lavoura a ser cultivada. Nela, convictamente, poderemos evitar o mal, fazer o bem no limite das nossas próprias forças, para que nenhum bem deixe de ser realizado.

Reflitamos...

Viver e existir




Uma pessoa somente passa a existir se deixar a sua marca pessoal no mundo.

Existir não é apenas viver. Existir é atuar, ser independente e expor suas idéias sem prejudicar as pessoas. Todos somos livres para atuar e não devemos deixar que a sociedade nos domine e nos manipule como meras marionetes. Devemos defender nossos sonhos e esperanças, lutando com todas as forças para concretizá-los e deixando de lado a preguiça, o medo e o conformismo.

Para viver plenamente devemos nos dedicar ao nosso próximo, sem o interesse egoísta de querer receber o mesmo em troca. É claro que todos gostamos de amor, carinho e reconhecimento das nossa ações mas nem todos estão em condições de retribuir. O que adianta vivermos sem conseguir passar bons exemplos para as outras pessoas? Só se vive em plenitude quando passamos a viver também no coração de outros seres humanos.


Katia Y Toguchi

Hormônio do amor



Existem evidências rigorosamente científicas de que a generosidade, a cordialidade e o amor fraterno são fatores geradores de saúde e longevidade.

Muitos estudos realizados em várias partes do mundo têm mostrado que indivíduos que desenvolvem tarefas altruístas, como voluntários em grupos religiosos ou ONGs preocupadas com o bem-estar dos mais necessitados, adoecem menos e vivem mais.

Até então não se sabia como isso se dava. Pesquisas recentes têm mostrado a possibilidade de um hormônio, denominado ocitocina, ser o responsável pelos efeitos positivos das qualidades morais sobre a saúde humana.

A ocitocina é uma substância produzida pelo hipotálamo e armazenada na hipófise posterior. Quando liberada na circulação sanguínea, promove a liberação de leite durante a lactação e a contração uterina no parto. Isso já se sabe, há muitos anos. A novidade é a seguinte: a ocitocina liberada no sistema nervoso central age de forma bem diferente, influenciando várias funções orgânicas e psíquicas. Ela inibe dois sistemas importantes, o Sistema nervoso simpático (reduzindo a liberação de Noradrenalina e Adrenalina) e a produção de cortisol pelas glândulas supra-renais. As conseqüências dessa inibição são: dilatação dos vasos sanguíneos, diminuição do trabalho cardíaco, queda da pressão arterial, relaxamento muscular, diminuição da tensão e sensação de bem-estar. Isso é tudo o que nós precisamos para viver mais e melhor.

A ocitocina definitivamente deixou de ser apenas um hormônio associado à lactação e parto. Suas funções pró-sociais já incluem a formação de laços afetivos entre mães e filhos e entre namorados, o que tem levado alguns pesquisadores a denominá-la de “hormônio do amor”.

Segundo um estudo da Universidade de Zurique, um pouquinho de ocitocina pingada no nariz de casais prestes a começar uma discussão diminui o estresse e deixa os casais mais propensos a “abrir seu coração” durante a briga.

Uma tese de mestrado realizada na Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto mostrou que ocitocina aplicada de forma intranasal reduziu significativamente o estresse advindo de ser obrigado a falar em público.

Cientistas da Claremont Graduate University estudaram os efeitos da ocitocina em voluntários que deveriam decidir se davam ou não dinheiro a estranhos. Segundo os pesquisadores, os que receberam o hormônio ofereceram 80% mais dinheiro que aqueles que tomaram um placebo.

Em artigo publicado em 2005, na revista Nature, outra experiência apontou a ocitocina como um hormônio do bem. Um spray de ocitocina foi aplicado a 194 jovens universitários, para um estudo realizado por pesquisadores de Zurique, na Suíça. Depois do contato com a substância, eles deveriam encontrar um banqueiro para decidir o destino de seus investimentos. Resultado: duas vezes mais investidores confiaram dinheiro aos bancos, por conta da substância. Isso indicaria que ela também desperta a reação de confiança.
Curiosamente o hormônio está presente em níveis bem superiores nas mulheres que nos homens. Talvez isso possa representar a causa da maior valorização do compromisso por parte das mulheres, que são muito mais fiéis que os homens em suas relações afetivas.

A neuroendocrinologista Sue Cartes, de Illinois, nos Estados Unidos, descobriu que camundongos, cujo cérebro responde à ocitocina, são mais fiéis, e que estímulos como carinho, calor e experiências agradáveis aumentam os níveis dessa substância.

Todas essas descobertas são muito esclarecedoras e começam a construir uma ponte entre os valores morais e o bem-estar físico e mental, no entanto, a ciência encontra-se ainda um pouco distante da chave que abre o cofre da real compreensão de todos esses processos. Só a “Psicologia Integral”, na feliz expressão de Gabriel Delanne, vai equacionar definitivamente tudo isso: o Espírito, através de sua poderosa energia, via perispírito, sensibiliza o cérebro, e este, então, através de substâncias específicas, como a ocitocina, age promovendo as respostas desejadas no corpo – veículo transitório desse mesmo Espírito em direção a um futuro venturoso.


RICARDO BAESSO DE OLIVEIRA kargabrl@uol.com.br