quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

A Verdade Libertadora





O mundo está repleto de verdades. Conceitos frágeis, filosofias esdrúxulas, idéias estapafúrdias, pensamentos sem estrutura de lógica, apresentando-se como verdades, são acolhidos com esmero.


Ao lado desses e outros mais, estranhos, incoerentes, pululam as verdades de cada um em aguerridas lutas de facções, de classes, de correntes que desejam dominar.


A verdade, porém, paira sobranceira, imperturbável, acima das paixões dissolventes, aguardando brindar-se àqueles que aspiram as concepções elevadas e entregam-se à estesia, ao conhecimento, à razão, ao mergulho no seu conteúdo iluminativo.


Tudo quanto aflige, apaixona, agrilhoa, da verdade sequer possui a aparência, porquanto essas expressões somente ferreteiam o ser, levando-o a paroxismos e alucinações.


A verdade liberta, acalma e dulcifica.


A união do ser com os seus conteúdos dá-se em regime de entrega e paz. Opera-se com lentidão, segurança e reflexão, produzindo a transformação interior daquele que se lhe facultou conquistar.


O que resolvas, sem aprofundamento de análise, considerar como verdade, em tal se converte.


Acreditando que é legítimo, torna-se-te real.


Necessitas, no entanto, submeter as tuas crenças ao crivo da razão, verificando quanto resistem ao escalpelo da lógica, do bom-senso.


Por isso, as críticas e admoestações que te fazem não te devem perturbar, levando-te a desequilíbrios.


Antes de mais nada, elabora o teu programa de ação, dispõe-te a executá-lo e, escudando-te no ideal que esposas, segue em frente.


Não debatas com os donos da verdade do mundo os teus planos e aspirações, especialmente aqueles que são da tua órbita de conduta íntima, porquanto eles não estão dispostos a compreender-te, menos ainda, a ajudar-te.


A maioria deles é constituída por combatentes apaixonados das suas verdades transitórias, que não cedem, porque ainda não estão convencidos delas. Por isso, tornam-se críticos severos, vigias agressivos, lutadores contundentes contra os outros.


Não lhes dês atenção. Sem considerar-lhes as opiniões contra ti, as referências aleivosas e os comentários ácidos, eis que perdem o sentido, não te alcançando jamais.


Valorizando-os, tornam-se verdades que te incomodam e perturbam a marcha, embora tenhas um destino a objetivar.


A verdade dá equilíbrio, estimula a ordem e o respeito às idéias dos demais.


Desincumbe-te dos compromissos, sem preocupação com aquilo que os outros pensam sobre ti, tuas ações, tua vida. És livre para agir, assim como te tornarás escravo do que faças, colhendo conforme semeies. O mais, não tem importância, exceto se preferes valorizá-lo.


A verdade felicita sempre. Assim, deixa-te penetrar pela sua força dominadora e segue tranqüilo, amparado por ela.




Divaldo Pereira Franco. Da obra: Momentos de Saúde. Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Solidariedade; Comunhão universal





De pé sobre a Terra, meu sustentáculo, minha nutriz e minha mãe, elevo o meu olhar para o infinito, sinto-me envolvido pela imensa comunhão da vida; os eflúvios da Alma universal penetram em mim e fazem vibrar meu pensamento e meu coração; forças poderosas me sustentam, avivam em mim a existência.

Por toda a parte para onde minha inteligência alcança, vejo, distingo, contemplo a grande harmonia que rege os seres e, através de caminhos diversos, guia-os para um objetivo único e sublime.

Por toda parte, vejo irradiar a bondade, o amor, a justiça!

Ó meu Deus! Ó meu Pai! fonte de toda a sabedoria e de todo o amor, Espírito supremo cujo nome é luz, ofereço-te minhas louvações e minhas aspirações! Que elas subam a ti como perfume de flores, como os odores inebriantes dos bosques sobem para o céu.

Ajuda-me a avançar no caminho sagrado do conhecimento, para uma compreensão mais elevada das tuas leis, a fim de que desenvolva-se em mim mais simpatia, mais amor pela grande família humana. Pois sei que através do meu aperfeiçoamento moral, através da realização, da aplicação ativa em torno de mim e em proveito de todos, da caridade, da bondade, aproximarme-ei de ti e merecerei conhecer-te melhor, comunicar-me mais intimamente contigo na grande harmonia dos seres e das coisas. Ajuda-me a libertar-me da vida material, a compreender, a sentir o que é a vida superior, a vida infinita. Dissipa a escuridão que me envolve; deposita em minha alma uma centelha desse fogo divino que reaquece e abrasa os espíritos das esferas celestes.

Que tua luz suave e, com ela, os sentimentos de concórdia e de paz se espalhem sobre todos os seres!



Léon Denis, no livro O Grande Enigma

 

sábado, 17 de dezembro de 2011

O anjo cinzento






Para que o Homem adquirisse confiança em Sua Bondade Infinita, determinou o Senhor que vários Anjos o amparassem na Terra, amorosamente...


Em razão disso, quando mal saía do berço, aproximou-se dele um Anjo Lirial que, aproveitando os lábios daquela que se lhe constituíra em mãezinha adorável, lhe ensinou a repetir:


¯ Deus...Pai do Céu... Papai do Céu...


Era o Anjo da Pureza.


Mais tarde, soletrando o alfabeto, entre as paredes da escola, acercou-se dele um Anjo de Luz


Verde que, por intermédio da professora, o ajudou a pronunciar em voz firme:


¯ Deus, Nosso Pai Celestial, é o Criador de todos os seres e de todas as coisas...


Era o Anjo da Esperança.


Alongaram-se-lhe os dias, até que penetrou uma casa de ensino superior, sob cujo teto venerável foi visitado por um Anjo de Luz de Ouro que, através de educadores eméritos, lhe falou
acerca da glória e da magnificência do Eterno, utilizando a linguagem da filosofia e da ciência.


Era o Anjo da Sabedoria.


O Homem compulsou livros e consultou autoridades, desejando a comunhão mais direta com o Senhor e fazendo-se caprichoso e exigente.


Olvidando o direito dos semelhantes, propunha-se conquistar as atenções de Deus tão somente para si. A Majestade Divina, a seu parecer, devia inclinar-se aos petitórios, atendendo-lhe as
desarrazoadas solicitações, sem mais nem menos; e, porque o Criador não se revelasse disposto a personalizar-se para satisfazê-lo, começou a cultivar o espinheiro da negação e da dúvida.


Por mais insistisse o Anjo Dourado, rogando-lhe reverenciar o Senhor, acatando-lhe as leis e os desígnios, mais se mergulhava na hesitação e na indiferença.


Atormentado, procurou um templo religioso, onde um Anjo Azul o socorreu, valendo-se de um sacerdote para recomendar-lhe a prática do trabalho e da humildade, com a retidão da consciência e com a perseverança no bem.


Era o Anjo da Fé.




O Homem registrou-lhe os avisos, mas, sentindo enorme dificuldade para render-se aos exercícios da virtude, clamava intimamente: ¯ “Deus? Mas existirá Deus realmente? Por que
razão não me oferece provas indiscutíveis do seu poder?”


Freqüentando o templo para não ferir as convenções sociais, foi auxiliado por um Anjo Róseo que lhe conduziu a inteligência à leitura de livros santos, comovendo-lhe o coração e conduzindo-lhe o sentimento à prática do amor e da renúncia, da benevolência e do sacrifício, de maneira a abreviar o caminho para o Divino Encontro.


Era o Anjo da Caridade.


O teimoso estudante aprendeu que não lhe seria lícito aguardar as alegrias do Céu, sem havê-las merecido pela própria sublimação na Terra.


Ainda assim, monologava indisciplinado: ¯ “Se sou filho de deus e se Deus existe, não justifico tanta formalidade para encontrá-lo...”


E prosseguia surdo aos orientadores angélicos.


Casou-se, constituiu família, amealhou dinheiro e garantiu-se contra as vicissitudes da sorte; entretanto, por mais se esforçassem os Anjos da Caridade e da Sabedoria, da Esperança e da
Fé, no sentido de favorecer-lhe a comunhão com o Céu, mais repudiava os generosos conselheiros, exclamando de si para consigo: ¯ “Deus? Mas existirá efetivamente Deus?”


Enrugando-se-lhe o rosto e encanecendo-se-lhe a cabeça orgulhosa, reuniram-se os gênios amigos, suplicando a compaixão do Senhor, a benefício do rebelde tutelado.


Foi quando desceu da Glória Celeste um Anjo Cinzento, de semblante triste e discreto.Não tomou instrumentos para comunicar-se.


Ele próprio abeirou-se do revoltado filho do Altíssimo, abraçou-o e assoprou-lhe ao coração a mensagem que trazia...


Sentindo-lhe a presença, o Homem cambaleou, deitou-se e começou a reconhecer a precariedade dos bens do mundo. Notou quão transitória era a posse dos patrimônios terrestres, dos quais não passava de usufrutuário egoísta... Observou que a sua felicidade passageira era simples sombra a esvair-se no tempo... E, assinalando sofrimento e desequilíbrio no âmago de si mesmo, compreendeu que tudo que desfrutava na vida era empréstimo divino da Eterna Bondade...


Meditou... Meditou... reconsiderando as atitudes que lhe eram peculiares e, em lágrimas de sincera e profunda compulsão, qual se fora tenro menino, dirigiu-se pela primeira vez, com toda a
alma, ao Todo Poderoso, suplicando:


¯ Deus de Infinita Misericórdia, meu Criador e meu Pai, compadece-te de mim!...


O Anjo Cinzento era o Anjo da Enfermidade.




Livro: Contos desta e doutra vida. Espírito: Irmão X
Psicografia de Francisco C Xavier.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Ah! O amor!




A Celeste indulgência




Porque também nós éramos, outrora, insensatos, desobedientes, extraviados, servindo a várias paixões e deleites, vivendo em malícia e inveja, odiosos, odiando-nos uns aos outros. - Paulo (Tito, cap. 3, versículo 3.)


 

Sempre que estivermos à beira da intemperança, a ponto de explodir como um vulcão de loucura, façamos uma pequena pausa para meditar na Indulgência Divina com que somos agraciados diariamente, para não cairmos em desequilíbrio, de graves consequências para nós e para o nosso próximo. 

Não podemos esquecer que estávamos outrora desarvorados e oprimidos, sofríamos de desilusão e cegueira, jazíamos desassisados na sombra, andávamos desesperados a blasfemar contra a vida, estávamos surdos e rebelados contra as leis; o Senhor, porém, jamais deixou de nos prestar auxílio em todos esses momentos de nossa existência. 

A cada situação de opressão e sofrimento, socorreu-nos com a concessão de um novo dia, para recomeçar de forma diferente e melhor; ante a cegueira que nos obstruía a ascensão em direção à luz, reformulou-nos a esperança e a maneira de assimilar as novas experiências, e investiu-nos com a bênção do equilíbrio para falar e agir com acerto; ante nossa desobediência às leis, facultou-nos o raciocínio para assimilar e praticar as normas do bom convívio.

Dessa forma, não olvidemos a tolerância e a paciência com que Jesus, nosso Mestre e Guia, nos suporta a ignorância há milênios, amparando e confortando nossos corações através de mil maneiras a cada passo de nossa caminhada, e entendamos definitivamente que é hora de mostrar toda a nossa gratidão a ELE, que até mesmo na hora suprema de seu testemunho demonstrou seu alto grau de benevolência para conosco, ao rogar ao Pai que nos perdoasse, pois não sabíamos o que estávamos fazendo. 

Sigamos seu Evangelho de amor e Luz, e tornemo-nos seus aprendizes autênticos, praticando a caridade para com o semelhante, como ele exemplificou para conosco, perdoando incondicionalmente nossas faltas; e, dessa forma, procuremos atender ao seu supremo apelo – “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. 

Em O Evangelho segundo o Espiritismo, os Imortais da Vida maior nos falam dos benefícios dessa sublime virtude para todos que a praticam, conforme segue: 

“Caridade! sublime palavra que sintetiza todas as virtudes, és tu que hás de conduzir os povos à felicidade. Praticando-te, criarão eles para si infinitos gozos no futuro e, enquanto se acharem exilados na Terra, tu lhes serás a consolação, o prelibar das alegrias de que fruirão mais tarde, quando se encontrarem reunidos no seio do Deus de amor. Foste tu, virtude divina, que me proporcionaste os únicos momentos de satisfação de que gozei na Terra. Que os meus irmãos encarnados creiam na palavra do amigo que lhes fala, dizendo-lhes: É na caridade que deveis procurar a paz do coração, o contentamento da alma, o remédio para as aflições da vida. Oh! quando estiverdes a ponto de acusar a Deus, lançai um olhar para baixo de vós; vede que de misérias a aliviar, que de pobres crianças sem família, que de velhos sem qualquer mão amiga que os ampare e lhes feche os olhos quando a morte os reclame! Quanto bem a fazer! Oh! não vos queixeis; ao contrário, agradecei a Deus e prodigalizai a mancheias a vossa simpatia, o vosso amor, o vosso dinheiro por todos os que, deserdados dos bens desse mundo, enlanguescem na dor e no insulamento! Colhereis nesse mundo bem doces alegrias e, mais tarde..., só Deus o sabe!...” Adolfo, bispo de Argel. (Bordéus, 1861.) 

Que o Mestre de Nazaré nos fortaleça a disposição de amar, crescer e servir cada dia mais e melhor, tornando-nos mensageiros fiéis de sua Divina mensagem.
 

Bibliografia:
1) Paulo: Tito, cap. 3, versículo 3.
2) O Evangelho segundo o Espiritismo – FEB, 115ª edição – Cap. XIII, item 11. 

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

A janela encantada





Para Adib Jatene




A vida sempe foi boa comigo.



Quando soube que o meu coração



estava carregado de sombras,



e que ele só se alimentava de luz,



abriu uma janela no meu peito



para que por ela possam entrar



o esplendor do orvalho,



o fulgor das estrelas



e o invisível arco-íris do amor.




Thiago de Mello

sábado, 3 de dezembro de 2011

A grande educadora





Chama-se Dor.

Revela-se na desventura do amante, na desolação da orfandade, na angústia da miséria, no alquebramento da saúde, no esquife do ser querido que se foi deixando atrás de si a lágrima e o luto, no opróbrio da desonra, na humilhação do cárcere, no aviltamento dos prostíbulos, na tragédia dos cadafalsos, na insatisfação dos ideais, na tortura das impossibilidades – no acervo das desilusões contra que se confunde e se decepciona o coração da Humanidade.

Não obstante, a Dor é a grande amiga a zelar pela espécie humana, junto dela exercendo missão elevada e santa.

Estendendo sobre as criaturas suas asas, úmidas sempre do orvalho regenerador das lágrimas, a Dor corrige, educa, aperfeiçoa, exalta, redime e glorifica o sentimento humano a cada vibração que lhe extrai através do sofrimento.

O diamante escravizado em sua ganga sofre inimagináveis dilacerações sob o buril do lapidário até poder ostentar toda a real pureza do grande valor que encerra. Assim também será a nossa alma, que precisará provar o amargor das desventuras para se recobrir dos esplendores das virtudes imortais cujos germens o Sempiterno lhe decalcou no ser desde os longínquos dias do seu princípio!

A alma humana é o diamante raro que a Natureza – Deus – criou para, por si mesmo, aperfeiçoar-se no desdobrar dos milênios, até atingir a plenitude do inimaginável valor que representa, como imagem e semelhança dAquele mesmo Foco que a concebeu. Mas o diamante – Homem – acha-se envolvido das brutezas das paixões inferiores. É um diamante bruto! Chega o dia, porém, em que os germes da imortalidade, nele decalcados, se revolucionam nos refolhos da sua consciência, nele palpitando, então, as ânsias por aquela perfeição que o aguarda, num destino glorificador: - Foi criado para as belezas do Espírito e vê-se bruto o inferior! Destinado a fulgir nos mostruários de esferas redimidas, reconhece-se imperfeito e tardo nas sombras da matéria! Sonha com a sublimização das alegrias em pátrias divinais, onde suas ânsias pelo ideal serão plenamente saciadas, mas se confessa verme, porquanto não aprendeu ainda sequer a dominar os instintos  primitivos!

Então o diamante – Homem – inicia, por sua vontade própria, a trajetória indispensável do aperfeiçoamento dos valores que consigo traz em estado ignorado, e entra a sacudir de si a crosta das paixões que o entravam e entenebrecem.

E essa marcha para o Melhor, essa trajetória para o Alto denomina-se Evolução!

A luta, então, apresenta-se rude! É dolorosa, e lenta, e fatigante, e terrível! Dele requer todas as reservas de energias morais, físicas e mentais. Dilacera-lhe o coração, tortura-lhe a alma, e o martirológico, quase sempre, segue com ele, rondando-lhe os passos!

Mas seu destino é imortal, e ele prossegue!

E prosseguindo, vence!...

Então, já não é o bruto de antanho...

O diamante tornou-se jóia preciosa e refulge agora, pleno de méritos e satisfações eternas, nos grandes mostruários da Espiritualidade – esferas de luz que bordam o infinito do Eterno Artista, que é Deus!

A Dor, pois, é para o Espírito humano o que o Sol é para as trevas da noite tempestuosa: - Ressurreição! Porque, se este aclara os horizontes da Terra, levantando com seu brilho majestoso o esplendor da Natureza, aquela desenvolve em nosso ego os magnificentes dons que nele jaziam ignorados: - fecunda a inteligência, depurando o sentimento sob as lições da experiência, educando o caráter, dignificando, elevando, num progredir constante, todo o ser daquele em quem se faz vibrar, tal como o Sol, que vivifica e  benfaz as regiões em que se mostra.

A Dor é o Sol da Alma...

A criatura que ainda não sofreu convenientemente carrega em si como que a aridez que desola os pólos glaciais e, como estes, é inacessível às elevadas manifestações do Bem, isto é, às qualidades redentoras que a Dor produz. Nada possuirá  para oferecer aos que se lhe aproximam pelos caminhos da existência senão a indiferença que em seu ser se alastra, pois que é na desventura que se aprende a comungar com o Bem, e não pode saber senti-lo quem não teve ainda as fibras da alma tangidas pela inspiração da Dor!

O orgulho e o egoísmo, cancerosas chagas que corrompem as belas tendências do Espírito para os surtos evolutivos que o levarão a redimir-se; as vaidades perturbadoras do senso, as ambições desmedidas, funestas, que não raro arrastam o homem a irremediáveis, precipitosas situações; as torpes paixões que tudo arrebatam e tudo ferem e tudo esmagam na sua voragem avassaladora que infestam a alma humana, inferiorizando-a ao nível da brutalidade, e os quais a Dor, ferindo, cerceia, para implantar depois os fachos imortais de virtudes tais como a humildade, a fé, o desinteresse, a tolerância, a paciência, a prudência, a discrição, o senso do dever e da justiça, os dons do amor e da fraternidade e até os impulsos da abnegação e do sacrifício pelo bem alheio – remanescentes daquelas mesmas sublimes virtudes que de Jesus Nazareno fizeram o mensageiro do Eterno!

Ela, a Dor, é o maior agente do Sempiterno na obra gigantesca da regeneração humana! É a retorta de onde o Sentimento sairá purificado dos vírus maléficos que o infelicitam! Quanto maior o seu jugo, mais benefícios concederá ao nosso ego – tal como o diamante, que mais cintila, alindado, quanto maior for o número dos golpes que lhe talharem as facetas! É a incorruptível amiga e protetora da espécie humana:- zelando pela sua elevação espiritual, inspirando nobres e fraternas virtudes! Ela é quem, no Além-Túmulo, nos leva a meditar, através da experiência, produzindo em nosso ser a ciência de nós mesmos, o critério indispensável para as conquistas do futuro, de que hauriremos reabilitação para a consciência conturbada. É quem, a par do Amor, impele as criaturas à comiseração pelos demais sofredores, e a comiseração é o sentimento que arrasta à Beneficiência. E  é ainda ela mesma que nos enternece o coração, fazendo-nos avaliar pelo nosso o infortúnio alheio, predispondo-nos aos rasgos de proteção e bondade; e proteger os infelizes é amar o próximo, enquanto que amar o próximo é amar a Deus, pautando-se pela suprema lei recomendada no Decálogo e exemplificada pelo Divino Mestre!

Por isso mesmo, o coração que sofre não é desgraçado, mas sim venturoso, porque renasce para as auroras da Perfeição, marcha para o destino glorioso, para a comunhão com o Criador Onipotente! Prisioneiro do atraso, o homem somente se desespera sob os embates da Dor porque não a pode compreender ainda. Ela, porém, é magnânima e não maléfica. Não é desventura, é necessidade. Não é desgraça, é progresso. Não é castigo, é lição. Não é aniquilamento, é experiência. Nem é martírio, mas prelúdio de redenção! Notai que – depois do sacrifício na Cruz do Calvário foi que Jesus se aureolou da glória que converterá os séculos:

-          “Quando eu for suspenso, atrairei todos a mim”. – Ele próprio o confirmou, falando a seus discípulos.

Sob o seu ferrete é que nos voltamos para aquele misericordioso Pai que é o nosso último e seguro refúgio, a nossa consolação suprema!

As ilusões passageiras da Terra, os prazeres e as alegrias levianas que infestam o mundo, aviltando o sentimento de cada um, nunca fizeram de seus idólatras almas aclaradas pelas chamas do amor a Deus. É que – para levantar na aridez das nossas almas a pira redentora da Fé só há um elemento capaz, e esse elemento é a Dor! Ela, e só ela, é bastante poderosa para reconciliar os homens – filhos pródigos – com o seu Criador e Pai!

Seu concurso é, portanto, indispensável para nos aperfeiçoar o caráter, e inestimável é o seu valor educativo. Serena, vigilante, nobre heróica – ela é o infalível corretivo às ignomínias do coração humano!

Nada há mais belo e respeitável do que uma alma que se conservou  serena e comedida em face do infortúnio. Palpita nessa alma a epopéia de todas as vitórias! Responde por um atestado de redenção! Seu triunfo, conquanto ignorado pelo mundo, repercutiu nas regiões felizes do Invisível, onde o comemoraram os santos, os mártires de todos os tempos, os gênios da sabedoria e do bem, almas redimidas e amigas que ali habitam, as quais, como todos os homens que viveram e vivem sobre a Terra, também conheceram as correções da Dor, ela é a lei que aciona a Humanidade nos caminhos para o Melhor até a Perfeição!

Ó almas que sofreis! Enxugai o vosso pranto, calai o vosso desespero! Amai antes a vossa Dor e dela fazei o trono da vossa Imortalidade, pois que, ao findar dessa trajatória de lágrimas a que as existências vos obrigam – é a glorificação eterna que recebereie por prêmio!

Salve, ó Dor bendita, nobre e fiel educadora do coração humano!

E glória ao Espiritismo, que nos veio demonstrar a redenção das almas através da Dor!


Mensagem recebida pela médium Yvone A. Pereira
Espírito Léon Denis

Desafios




A vida só é possível através dos desafios.



A vida só é possível quando você tem



tanto o bom tempo quanto o mau tempo,



quando tem prazer e dor;



quando tem inverno e verão, dia e noite;



quando tem tristeza tanto quanto felicidade,



desconforto tanto quanto conforto.



A vida passa entre essas duas polaridades,



você aprende a se equilibrar.



Entre essas duas asas,



você aprende a voar até a estrela mais brilhante.




Osho