segunda-feira, 31 de janeiro de 2011



Pode ser que um dia deixemos de nos falar...
Mas, enquanto houver amizade,
Faremos as pazes de novo.

Pode ser que um dia o tempo passe...
Mas, se a amizade permanecer,
Um de outro se há-de lembrar.

Pode ser que um dia nos afastemos...
Mas, se formos amigos de verdade,
A amizade nos reaproximará.

Pode ser que um dia não mais existamos...
Mas, se ainda sobrar amizade,
Nasceremos de novo, um para o outro.

Pode ser que um dia tudo acabe...
Mas, com a amizade construiremos tudo novamente,
Cada vez de forma diferente.
Sendo único e inesquecível cada momento
Que juntos viveremos e nos lembraremos para sempre.

Há duas formas para viver a sua vida:
Uma é acreditar que não existe milagre.
A outra é acreditar que todas as coisas são um milagre.


Decifra-me



Não venha me falar de razão,
Não me cobre lógica,
Não me peça coerência,
Eu sou pura emoção.
Tenho razões e motivações próprias,
Sou movido por paixão,
Essa é minha religião e minha ciência.
Não meça meus sentimentos,
Nem tente compará-los a nada,
Deles sei eu,
Eu e meus fantasmas,
Eu e meus medos,
Eu e minha alma.
Sua incerteza me fere,
Mas não me mata.
Suas dúvidas me açoitam,
Mas não deixam cicatrizes.
Não me fale de nuvens,
Eu sou Sol e Lua,
Não conte as poças,
Eu sou mar,
Profundo, intenso, passional.
Não exija prazos e datas,
Eu sou eterno e atemporal.
Não imponha condições,
Eu sou absolutamente incondicional.
Não espere explicações,
Não as tenho, apenas aconteço,
Sem hora, local ou ordem.
Vivo em cada molécula,
Sou o todo e sou uno,
Você não me vê,
Mas me sente.
Estou tanto na sua solidão,
Quanto no meu sorriso.
Vive-se por mim,
Morre-se por mim,
Sobrevive-se sem mim.
Eu sou começo e fim,
E todo o meio.
Sou seu objetivo,
Sua razão que a razão
Ignora e desconhece.
Tenho milhões de definições,
Todas certas,
Todas imperfeitas,
Todas lógicas apenas
Em motivações pessoais,
Todas corretas,
Todas erradas.
Sou tudo,
Sem mim, tudo é nada.
Sou amanhecer,
Sou Fênix,
Renasço das cinzas,
Sei quando tenho que morrer,
Sei que sempre irei renascer.
Mudo protagonista,
Nunca a história.
Mudo de cenário,
Mas não de roteiro.
Sou música,
Ecôo, reverbero, sacudo.
Sou fogo,
Queimo, destruo, incinero.
Sou água,
Afogo, inundo, invado.
Sou tempo,
Sem medidas, sem marcações.
Sou clima,
Proporcional a minha fase.
Sou vento,
Arrasto, balanço, carrego.
Sou furacão,
Destruo, devasto, arraso.
Mas sou tijolo,
Construo, recomeço...
Sou cada estação,
No seu apogeu e glória.
Sou seu problema
E sua solução.
Sou seu veneno
E seu antídoto
Sou sua memória
E seu esquecimento.
Eu sou seu reino, seu altar
E seu trono.
Sou sua prisão,
Sou seu abandono e
Sou sua liberdade.
Sua luz,
Sua escuridão
E seu desejo de ambas,
Velo seu sono...
Poderia continuar me descrevendo
Mas já te dei uma idéia do que sou.
Muito prazer, tenho vários nomes,
Mas aqui, na sua terra,
Chamam-me de AMOR.


Autor desconhecido

A força do exemplo




Manhã luminosa. Sol esplendente, fazendo jorrar seus raios multicores sobre a minha face. Inicio a minha trajetória em mais um dia abençoado por Deus. Alhures, diviso um casal de rolinhas, arrulhando e se acariciando _ exemplo de amor! Subindo a ladeira, caminhando com passos incertos, olhos perdidos no tempo, surge uma criatura esquálida e maltrapilha _ exemplo de abandono! 

Alguém se desvia dela, como se de um malfeitor. Lembro-me de uma frase que aprendi: "Por que fugirmos dos andrajos humanos se em nossos corações repousam ulcerações lamentáveis?"

Mais adiante, uma velhinha de pequena estatura tem dificuldades em alcançar a campanhia de uma residência _ alguém presto resolve o seu problema _ exemplo de solidariedade!

A caminhada prossegue. Vejo uma igreja. Pela porta semi-aberta, diviso criaturas orando _ exemplo de fé! Vem-me à mente, outro ensinamento: "O templo que o homem ergue, seja, antes de tudo, o teto de agasalho onde o cansado repouse, o aflito dormite e o in feliz encontre a paz. Seja simples e modesto, para que sua ostentação não fira a humildade de quantos o busquem".

Sentados num banco junto à pracinha, três amigos recordam animados os "bons tempos" e sorriem felizes: exemplo de amizade! 

Ouço um deles, dizendo: "Na amizade e no amor se repartem os bens imortais da alma". Não longe, forte rapaz puxa uma carroça abarrotada de mercadorias _ exemplo de trabalho!

O tempo transcorre. Continuo com minhas observações. 

Caminhando cambaleante, segue um infeliz dominado pela bebida _ exemplo de vício! Pitágoras exarou: "Não é livre aquele que não obteve domínio sobre si próprio".

Respiro a longos haustos. Ali perto, uma livraria. Dirijo-me até lá. 

Um vendedor solícito me atende com carinho e atenção _ exemplo de gentileza! Na vitrine deparo com um extraordinário dizer do Pe. Antonio Vieira: "O livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive".

Retiro-me feliz. Uma senhora conversa com um maltrapilho e lhe oferece, além do caldo reconfortante, alguns minutos de conversação fraterna _ exemplo de caridade! Emmanuel, escritor espiritual, baila em meu campo mental, relembrando-me um ensinamento: "Sublime é a caridade que se transforma em reconforto. Divina é a caridade que se converte em amor irradiante".

Uma estátua na praça. Uma menina loura a observá-la. Na ampulheta do tempo, revejo-me lendo uma historieta: "O fato ocorreu na Itália. Havia uma estátua que representava uma menina grega, escrava. Era formosa, limpa e bem vestida. Uma menina maltrapilha, desasseada, despenteada, deteve-se a contemplar a estátua, enamorando-se dela. Ficou admirada, encantada. Chegou em casa, lavou-se e penteou-se. Pôs em ordem seus vestidos e passou a cuidar-se melhor. A força do exemplo, mesmo um exemplo mudo, estereotipado no mármore".

Num parque, sento-me e respiro profundamente. Volvo o olhar para o alto e agradeço as dádivas Divinas. Um toque suave de mão em meus ombros... A entrega de um folheto, enquanto a criatura abençoada se vai. Os pássaros gorjeiam. Os ventos convidam-me à reflexão. Tudo é festa! Curioso, abro o folheto e leio magistrais elucidações para meu espírito, ávido de aprendizado:

"É longa a estrada dos preceitos: a dos exemplos é breve e mais segura". _ Sêneca.

"Em todas as idades, o exemplo pode muitíssimo convosco: na infância, então, é onipotente". _ Fénelon.

"As palavras comovem, os exemplos arrastam". _ Provérbio árabe.

"Não há modo de mandar ou ensinar mais forte e suave do que o exemplo; persuade sem retórica, seduz sem porfiar, convence sem debate, todas as dúvidas desata, e corta caladamente todas as desculpas". _ Pe. Manuel Bernardes.

"... vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais também vós". _ JESUS.

Retorno ao meu lar, meditando numa extraordinária frase da autora espiritual Joanna de Ângelis: "Vive de tal forma, que deixes pegadas luminosas no caminho percorrido, como estrelas apontando o rumo da felicidade".




Jornal Mundo Espírita de Novembro de 2001
Daltro Rigueira Viana

Desiderata







Procure viver em harmonia com as pessoas que estão ao seu redor, sem abrir mão de sua dignidade.


Fale a sua verdade, clara e mansamente.


Escute a verdade dos outros, pois eles também têm a sua própria história.


No meio do barulho e da agitação, caminhe tranqüilo, pensando na paz que você pode encontrar no silêncio.


Evite as pessoas agitadas e agressivas: elas afligem o nosso espírito.


Não se compare aos demais, olhando as pessoas como superiores ou inferiores a você: isso o tornaria superficial e amargo.


Viva intensamente os seus ideais e o que você já conseguiu realizar.
Mantenha o interesse no seu trabalho, por mais humilde que seja:
ele é um verdadeiro tesouro na contínua mudança dos tempos.


Seja prudente em tudo que fizer, porque o mundo está cheio de armadilhas.


Mas não fique cego para o bem que sempre existe.


Há muita gente lutando por nobres causas.


Em toda parte, a vida está cheia de heroísmo.


Seja você mesmo. Sobretudo não simule afeição e não transforme o amor numa brincadeira, pois no meio de tanta aridez, ele é perene como a relva.


Aceite com carinho o conselho dos mais velhos e seja compreensivo com os impulsos inovadores da juventude.


Cultive a força do espírito e você estará preparado para enfrentar as surpresas da sorte adversa.


Não se desespere com perigos imaginários: muitos temores têm sua origem no cansaço e na solidão.


Ao lado de uma sadia disciplina, conserve, para consigo mesmo, uma imensa bondade.


Você é filho do Universo, irmão das estrelas e árvores, você merece estar aqui.


E mesmo se você não puder perceber, a terra e o Universo vão cumprindo o seu destino.


Procure, pois, estar em paz com DEUS, seja qual for o nome que você lhe der.


No meio de seus trabalhos e aspirações, na fatigante jornada pela vida, conserve, no mais profundo do ser, a harmonia e a paz.


Acima de toda mesquinhez, falsidade e desengano, o mundo ainda é bonito.


Caminhe com cuidado, faça tudo para ser feliz e partilhe com os outros a sua felicidade.






Texto encontrado em Baltimore na antiga Igreja de Saint-Paul, em 1632.