quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Aos enfraquecidos na luta



Almas enfraquecidas, que tendes, muitas vezes,sentido sobre a fronte o sopro frio da adversidade, que tendes vertido muitos prantos nas jornadas difíceis em estradas de sofrimentos rudes, buscai na fé, os vossos imperecíveis tesouros.

Bem sei a intensidade da vossa angústia e sei de vossa resistência ao desespero. Ânimo e coragem! No fim de todas as dores, abre-se uma aurora de ventura imortal; dos amargores experimentados, das lições recebidas, dos ensinamentos conquistados à custa
de insano esforço e de penoso labor, tece a alma sua auréola de eternidade gloriosa; eis que os túmulos se quebram e da paz cheia de cinzas e sombras, dos jazigos, emergem as vozes comovedoras dos mortos. Escutai-as!... elas vos dizem da felicidade do dever
cumprido, dos tormentos da consciência nos desvios das obrigações necessárias.

Orai, trabalhai e esperai. Palmilhai todos os caminhos da prova com destemor e serenidade. As lágrimas que dilaceram, as mágoas que pungem, as desilusões que fustigam o coração, constituem elementos atenuantes da vossa imperfeição, no tribunal
augusto, onde pontifica o mais justo, magnânimo e integro dos juízes. Sofrei e confiai, que o silêncio da morte é o ingresso para uma outra vida, onde todas as ações estão contadas
e gravadas as menores expressões dos nossos pensamentos.

Amai muito, embora com amargos sacrifícios, porque o amor é a única moeda que assegura a paz e a felicidade no Universo.


Livro: Emmanuel. Autor: Emmanuel.
Psicografado por Francisco Cândido Xavier.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

O servo feliz



Certo dia, chegaram ao Céu um Marechal, um Filósofo, um Político e um Lavrador.

Um Emissário Divino recebeu-os, em elevada esfera, a fim de ouvi-los.

O Marechal aproximou-se, reverente, e falou:

— Mensageiro do Comando Supremo, venho da Terra distante. Conquistei muitas medalhas de mérito, venci numerosos inimigos, recebi várias homenagens em monumentos que me honram o nome.

— Que deseja em troca de seus grandes serviços? — indagou o Enviado.

— Quero entrar no Céu.

O Anjo respondeu sem vacilar:

— Por enquanto, não pode receber a dádiva. Soldados e adversários, mulheres e crianças chamam-no insistentemente da Terra. Verifique o que alegam de sua passagem pelo mundo e volte mais tarde.

O Filósofo acercou-se do preposto divino e

—Anjo do Criador Eterno, venho do acanhado círculo dos homens. Dei às criaturas muita matéria de pensamento. Fui laureado por academias diversas.

Meu retrato figura na galeria dos dicionários terrestres.

— Que pretende pelo que fez? — perguntou o Emissário.

— Quero entrar no Céu.

— Por agora, porém — respondeu o mensageiro sem titubear —, não lhe cabe a concessão. Muitas mentes estão trabalhando com as idéias que você deixou no mundo e reclamam-lhe a presença, de modo a saberem separar-lhe os caprichos pessoais da inspiração sublime. Regresse ao velho posto, solucione seus problemas e torne oportunamente.

O Político tomou a palavra e acentuou:

— Ministro do Todo-Poderoso, fui administrador dos interesses públicos.

Assinei várias leis que influenciaram meu tempo. Meu nome figura em muitos documentos oficiais.

— Que pede em compensação? — perguntou o Missionário do Alto.

— Quero entrar no Céu.

O Enviado, no entanto, respondeu, firme:

— Por enquanto, não pode ser atendido. O povo mantém opiniões
divergentes a seu respeito. Inúmeras pessoas pronunciam-lhe o nome com amargura e esses clamores chegam até aqui. Retorne ao seu gabinete, atenda às questões que lhe interessam a paz Íntima e volte depois.

Aproximou-se, então, o Lavrador e falou, humilde:

— Mensageiro de Nosso Pai, fui cultivador da terra... plantei o milho, o arroz, a batata e o feijão. Ninguém me conhece, mas eu tive a glória de conhecer as bênçãos de Deus e recebê-las, nos raios do Sol, na chuva benfeitora, no chão abençoado, nas sementes, nas flores, nos frutos, no amor e na ternura de meus filhinhos...

O Anjo sorriu e disse:

— Que prêmio deseja?
O Lavrador pediu, chorando de emoção:

— Se Nosso Pai permitir, desejaria voltar ao campo e continuar
trabalhando. Tenho saudades da contemplação dos milagres de cada dia... A luz surgindo no firmamento em horas certas, a flor desabrochando por si mesma, o pão a multiplicar-se!... Se puder, plantarei o solo novamente para ver a grandeza divina a revelar-se no grão, transformado em dadivosa espiga...
Não aspiro a outra felicidade senão a de prosseguir aprendendo, semeando, louvando e servindo!...

O Mensageiro Espiritual abraçou-o e exclamou, chorando igualmente, de júbilo:

— Venha comigo! O Senhor deseja vê-lo e ouvi-lo, porque diante do Trono Celestial apenas comparece quem procura trabalhar e servir sem recompensa.


Livro: Alvorada Cristã. Espírito: Néio Lúcio.
Psicografado por Francisco Cândido Xavier

Quanta Luz - Célia Tomboly

domingo, 15 de setembro de 2013

Consolação

 
 
Consola-te sem rebuços
 
Nos ombros do teu irmão
 
Pois marcha sempre contigo
 
Na estrada da Redenção.
 
 
Espera na paz de Deus,
 
Toda alegria e consolo;
 
Não busques desesperado
 
A Luz, e não sejas tolo.
 
 
Escuda-te na grandeza,
 
Nos braços da humildade,
 
Porque somente os pequenos
 
Alcançam eternidade.
 
 
Esconde teu rosto nu
 
No colo de Jesus Cristo,
 
E viverá para sempre
 
Sem mesmo perceber isto!
 
 
Pois toda consolação
 
É fruto do amor sagrado,
 
E nasce das profundezas
 
Do teu ser iluminado!
 
 
 
Espírito Belmiro Braga.
Psicografado por RA Ranieri

domingo, 8 de setembro de 2013

Para despertar a bondade




Pai, amigo de todos nós, amparai-nos na caminhada. Quando nossos pés sangrarem e cansados nos sentirmos, não nos deixeis implorar descanso, mas fazei presente em nossos corações o Vosso amor, porque, só assim, serviremos esquecidos de nós.

Pai, permiti aos Vossos filhos pecadores a força de transformar as areias do desespero e os ventos das dores em coragem para vencer a longa estrada que nos espera.

Senhor Deus, Criador incriado, Uno e Indivisível, fazei de cada ser que passou pelas Vossas mãos imaculadas tochas luminosas para clarear os recantos escuros do ódio.

Senhor, dentro de nós existe uma fagulha, mesmo minúscula, de bondade, fazei que ela se desenvolva através da trabalho de amor a todos os sofredores .

Assim seja!


Do livro: Rios de Oração
Psicografia: Irene Pacheco Machado. Pelo Espírito: Luiz Sérgio

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Todos temos direitos e deveres



Direitos todos temos, no pentagrama das nossas existências. Em confronto com o que existe à nossa retaguarda, somos privilegiados pelas conquistas que o tempo nos premiou na ascensão da vida. Porém, não podemos nos esquecer dos deveres a cumprir diante
dos outros, que viajam conosco no mesmo comboio planetário. 

Compete a nós respeitar os que nos ajudam a viver, para que o próprio respeito nos garanta a tranqüilidade. Temos competência de fazer o que desejarmos que seja feito. No entanto, podemos assumir com isso dívidas para com os nossos irmãos, se os nossos feitos não compartilharem com a harmonia da criação.

O nosso direito é ser honesto e o nosso dever é respeitar a vida que o semelhante leva, de modo que o tempo seja gasto somente na educação que nos compete adquirir.

O nosso direito é a honra onde quer que andemos e o nosso dever é o encargo de trabalhar em silêncio nos moldes do exemplo, para ajudar quem ainda não percebeu os valores das virtudes espirituais. 

O nosso direito é nos interessar pelo auto-aprimoramento e a
nossa incumbência é trabalhar constantemente pela paz de todas as criaturas de Deus.

A condição nossa, de espírito que já despertou para a luz, é o imperativo sagrado de ajudar a quem quer que seja, sem exigências descabidas, que possam nos levar ao orgulho e à vaidade. 

Autoridade devemos ter, e é justo que a exercitemos nos domínios das nossas emoções inferiores, porque, aí, a nossa missão se engrandece diante de todas as criaturas que vivem conosco. 

Alistemo-nos no exército da salvação de nós mesmos, e entremos
na lição. Vamos lutar! Essa é uma guerra e não podemos fugir dos objetivos a que nos propusemos. É uma conquista altamente valiosa, a conquista de nós mesmos. 

Estamos enfermos e tão enfermos, que somente a cirurgia pode nos aliviar, a cirurgia moral. O terapeuta, quando chega às portas da perfeição, trata somente dele mesmo, porque só ele se conhece bem, e sabe, depois de Deus, os meios corretos da cura completa. Só ele mesmo conhece os segredos da sua própria natureza e aplica os medicamentos correspondentes às suas necessidades.

Meu irmão, já analisaste todos os dias, se respeitas os direitos alheios, pelos pensamentos, palavras e ações? Se não, faze isso e começa a trabalhar dentro de ti mesmo.

Planta e cuida da terra, que o crescimento pertence ao Senhor, que nunca faltará com o Seu amor e a Sua bondade. A prerrogativa de todos os seres é viver bem consigo mesmo. Entretanto, temos grandes atribuições para com o próximo, que não pode sofrer com custo para a nossa felicidade. Vigia a tua palavra, pois ela, sem a devida harmonia, incomoda quem te ouve e desinquieta quem te acompanha.

Somos responsáveis pelo que somos e fazemos. Recebemos de volta o que damos em todas as dimensões da vida. O comportamento da alma pode ser luz ou treva nos teus próprios caminhos. Em tudo o que fizeres, lembra-te desta palavra: Respeito ? que os
teus direitos serão resguardados pela lei, que nada esquece.


Livro: Cirurgia Moral. Psicografado por João Nunes Maia.
Espírito: Lancellin

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Felicidade



Qual é o objetivo de cada indivíduo na Terra? Ele quer a felicidade a qualquer preço que seja.

É o que faz com que todos nós sigamos um caminho diferente? É que cada um de nós espera encontrá-la num lugar ou numa coisa que lhe agrade particularmente: uns procuram a glória, outros as riquezas, outros as honras; o maior número corre atrás da fortuna, porque, em nossos dias, é o meio mais poderoso para chegar a tudo; ele serve de pedestal para tudo.

Mas quantos vêem essa necessidade de felicidade realizada? Bem poucos; e perguntai a cada um daqueles que chegam se atingiram o objetivo a que se tinham proposto: se são felizes?

Todos respondem: ainda não; porque todos os desejos aumentam na razão que sejam satisfeitos. Se hoje há tantas pessoas que querem se interessar pelo Espiritismo, é que depois de ver que tudo é quimera, e querendo pelo menos chegar, tentam o Espiritismo como tentaram a riqueza e a glória.

Se Deus colocou nos corações esta necessidade tão grande de felicidade, é que esta deve existir em alguma parte. Sim, tende confiança nele, mas sabei que tudo o que Deus promete deve ser divino como ele, e que a felicidade que procurais não pode ser material.

Vinde a nós, vós todos que sofreis; vinde a nós, todos vós que tendes necessidade de esperança, porque quando tudo na Terra vos faltar, enfraquecer, nós aqui, teremos mais do que as vossas necessidades pedirem. Mães desesperadas, que vos lamentais sobre uma tumba, vinde aqui: O anjo que chorais vos falará, vos protegerá, vos inspirará a resignação para as penas que tendes sofrido na Terra. Todos vós que tendes a necessidade insaciável da
ciência, dirigi-vos a nós, só nós podemos dar ao vosso Espírito o alimento de que ele necessita. Vinde, saberemos encontrar para cada ferida uma doçura, e por desamparados que vos pareçam, há Espíritos que vos amam e que estão prontos para vo-lo provar. Eu falo em nome de todos. Desejo ver virem nos pedir conselhos, porque estou segura que vós, com isto, tereis a esperança no coração.


STAEL.
Revista Espírita, 1860.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Depressão na visão espírita

Entrevista com Dr Francisco Cajazeiras no programa Vida além da vida


http://youtu.be/lQQuhpCLqDQ



Os poemas



Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhoso espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...


Mário Quintana


quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Resignação



Pai, eu Vos suplico a benção da resignação,
para aceitar as provações que devo superar
nesta encarnação, e não perder a oportunidade
que me foi dada. Sei que cada existência na
Terra é resultado de vidas passadas;
por isso, peço, Senhor, que eu saiba aceitar
Vossos desígnios, não me desviando das leis
do amor, da fé e da caridade.
Que todos os dias de minha vida, eu possa
ser um exemplo de submissão a Vós e
respeito para com meus semelhantes.
Nos momentos que meu espírito entristecer
por não Ter os sonhos realizados, e que a
decepção fizer doer meu coração, que eu
seja forte e não e não abrigue a revolta,
o orgulho e o desespero; para não criar
mais débitos diante de Vossa justiça.
Permiti, Pai, que os bons espíritos encontrem
em meu coração, em minha alma as condições
necessárias para sempre me inspirar bons
pensamentos, resoluções corretas, e a força
moral que preciso para permanecer no
caminho reto espiritual e material.
Sendo nossa estada na Terra a escola divina
da redenção, que me resigne a cumprir meu
caminho, na certeza que, sendo traçado
por Vós, cabe a mim aceitá-lo com respeito
de filho. Pois tudo que fizerdes será
sempre pelo meu bem.
Que assim seja

Marina C. Cruz

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Em silêncio



Reclamas, filho meu, que são longos meus silêncios, e pensas que te esqueço. Olha, porém, à tua volta, e perceberás que tudo fala, trabalha, e canta sem palavras.

A terra generosa garante, em silêncio, a alimentação de toda a Humanidade.

A Lua, silente, movimenta e renova os oceanos.
Sem palavras, as chuvas e os rios fecundam o solo enquanto os ventos purificam a atmosfera.

O Sol esplende radioso no céu, expedindo calor e luz, para assegurar, sem verbalismo, a existência no Planeta.

As árvores crescem, florescem e frutificam sem alarde.

E Deus, nosso Pai, presente em tudo e em toda parte, sustenta e vivifica os Universos, no grande silêncio da vida.

Aprende, meu filho, a ouvir as mensagens sem palavras de tudo o que te rodeia. E no recesso tranqüilo de tua alma ouvirás a voz do meu amor.


Livro Amar e servir.  Espírito: Letícia.
Psicografia de Hernani T Sant'anna

quarta-feira, 31 de julho de 2013

O amor cobre a multidão dos pecados



De vez em quando reaparece em nosso meio uma velha questão acerca da chamada pena de talião. Ela continua existindo ou foi revogada por Jesus?

A pena de talião, que outros chamam de lei de talião, consiste na rigorosa reciprocidade do crime e da pena, apropriadamente chamada retaliação. Essa lei é frequentemente expressa pela máxima olho por olho, dente por dente. Trata-se de uma das mais antigas leis existentes em nosso mundo, cuja origem encontramos no Código de Hamurabi, em 1780 a.C., na Babilônia. Moisés, algum tempo depois, a consagrou em Israel.

Conforme se lê na questão 764 de O Livro dos Espíritos, a pena de talião, tal como era aplicada na antiguidade, não mais vigora. O que vigora no mundo é, em verdade, a justiça de Deus e é, obviamente, Deus quem a aplica.

Conhecida na doutrina espírita como lei de causa e efeito, ela aparece no Evangelho resumida numa frase que Jesus disse ao apóstolo Pedro: “Pedro, guarda a espada, porque todo aquele que matar com a espada perecerá sob a espada”.

O rigor de tal pena pode, contudo, ser suavizado por uma outra lei que se tornou conhecida graças ao citado apóstolo: “O amor cobre a multidão dos pecados”, frase que integra a 1ª Epístola de Pedro, cap. 4, versículo 8, o que significa que muitas pessoas podem alterar o mapa de sua vida amando, ajudando, fazendo o bem, uma ideia que Divaldo Franco resumiu numa frase bem conhecida: “O bem que fazemos anula o mal que fizemos”.

O tema foi examinado por Allan Kardec no texto intitulado “Código Penal da Vida Futura”, que faz parte do cap. VII da 1ª Parte do livro O Céu e o Inferno.

Segundo o Codificador, quando o assunto é a regeneração de quem lesou o próximo, o arrependimento, embora seja o primeiro passo, não basta. É preciso ajuntar ao arrependimento a expiação e a reparação.

Arrependimento, expiação e reparação constituem, pois, as condições necessárias para apagar os traços de uma falta e suas consequências.

O arrependimento, afirma Kardec, suaviza os travos da expiação, abrindo pela esperança o caminho da reabilitação; mas somente a reparação pode anular o efeito destruindo-lhe a causa. Não fosse assim, o perdão seria uma graça, não uma anulação.


Quando Pedro escreveu a epístola a que nos reportamos, ele certamente se referia à expiação, que pode ser perfeitamente amenizada e até excluída pela prática do bem e da caridade, que são a expressão maior do amor. Na literatura espírita encontramos diversos exemplos disso. 

Muitas vezes a pessoa deveria perder um braço inteiro, em face de um delito cometido no passado, e perde apenas um dedo. No tocante à reparação, isso, porém, não se dá.

Lembremos o que Kardec escreveu a respeito:
A reparação consiste em fazer o bem àqueles a quem se havia feito o mal. Quem não repara os seus erros numa existência, por fraqueza ou má-vontade, achar-se-á numa existência ulterior em contacto com as mesmas pessoas que de si tiverem queixas, e em condições voluntariamente escolhidas, de modo a demonstrar-lhes reconhecimento e fazer-lhes tanto bem quanto mal lhes tenha feito. Nem todas as faltas acarretam prejuízo direto e efetivo; em tais casos a reparação se opera, fazendo-se o que se deveria fazer e foi descurado; cumprindo os deveres desprezados, as missões não preenchidas; praticando o bem em compensação ao mal praticado, isto é, tornando-se humilde se foi orgulhoso, amável se foi austero, caridoso se foi egoísta, benigno se foi perverso, laborioso se foi ocioso, útil se foi inútil, frugal se foi intemperante, trocando em suma por bons os maus exemplos perpetrados”. (O Céu e o Inferno, 1ª Parte, cap. VII.)

O importante, no entanto, é que tudo isso poderá ser feito não necessariamente debaixo de um grande sofrimento, em face do abrandamento lembrado em boa hora pelo apóstolo Pedro, sintetizado na frase: “O amor cobre a multidão dos pecados”.


Editorial da Revista O Consolador(junho 13)

domingo, 28 de julho de 2013

Pequenos passos



É interessante como ensaiamos movimentos racionalizados, para buscar compreender o movimento do universo e as ações divinas.

Em um desses movimentos, coloquei-me a refletir: existe em nós um movimento de tentativas de independência que começa a brotar por meio das vivências reencarnatórias, ao longo dos ciclos evolutivos.

Ainda criança, aprendemos pequenos movimentos. O pequenino se atreve a largar às vezes a mão dos pais, para se arriscar na aventura de firmar suas perninhas. Mesmo cambaleando, em impulso corajoso, lança-se. Um lançamento extraordinário, mas que guarda o olhar nas mãos protetoras que o esperam.

Percebo que em nosso movimento evolutivo nos assemelhamos aos pequeninos. Mesmo com as pernas ainda frágeis, aventuramo-nos em direção à nossa independência. 

Buscamos construir a nossa individualidade e responder à pergunta constante: “Quem somos?”.

Ao mesmo tempo, mobilizados por um impulso de preservação, estamos sempre buscando um olhar seguro e uma mão protetora que possa nos proteger e acalentar. 

Criamos um movimento de idas ao novo e voltas ao velho. De obediência e desobediência. Acalentar e ser acalentado. Ser livre e estar preso a algo.

Brilhe a vossa luz” (Mateus, 5:16), aconselhou-nos o Mestre Jesus. Brilhar, verbo em ação, traz-nos como recordação as estrelas, que só se fazem vistas por meio da vasta escuridão. Não podemos dizer que a escuridão pode nos atrapalhar quando, de fato, a nossa estrela queira brilhar a sua luz.

Luz, raio energético que pode atravessar meios materiais e imateriais, perpetua, procurando uma brecha. Quer existir, se puder.
Que, pela abertura das vivências evolutivas, possamos existir no vasto campo cósmico, não somente como algo passageiro, mas como uma energia que baila, buscando sua existência brilhante em meio ao breu das possibilidades da vida.

Que nossas mãozinhas, ainda na infância da nossa condição evolutiva, permitam-nos buscar a independência necessária ao nosso crescimento, sem esquecer a origem e os aprendizados de onde viemos.


Ainda que pequenos, firmes para crescer!


Fernanda Leite Bião

quarta-feira, 24 de julho de 2013






Bênçãos de Deus! – para vê-las,
Basta olhar por onde fores,
O céu repleto de estrelas,

A terra cheia de flores.

Livro: Trovadores do além. Espírito: Gomes Leite
Psicografia de Francisco C Xavier

terça-feira, 23 de julho de 2013

Os anjos guardiães



É uma doutrina que deveria converter os mais incrédulos pelo seu encanto e pela sua doçura: a dos anjos guardiães. Pensar que se tem, junto de si, seres que vos são superiores, que estão sempre aí para vos aconselhar, vos sustentar, para vos ajudar a escalar a áspera montanha do bem, que são amigos mais seguros e mais devotados que as mais íntimas ligações que se possa contrair nesta Terra, não é uma idéia bem consoladora? Esses seres estão aí por ordem de Deus; foi ele quem os colocou junto de nós, e estão aí pelo amor dele, e cumprem, junto de nós, uma bela mas penosa missão. Sim, em qualquer parte que estejais, ele estará convosco: os calabouços, os hospitais, os lugares de deboche, a solidão, nada vos separa desse amigo que não podeis ver, mas do qual vossa alma sente os mais doces impulsos e ouve os sábios conselhos.

Por que não conheceis melhor essa verdade! Quantas vezes ele vos ajudou nos momentos de crise, quantas vezes vos salvou das mãos de maus Espíritos! Mas, no grande dia, esse anjo do bem terá, freqüentemente, a vos dizer: "Não te disse isso? E tu não o fizeste. Não te mostrei o abismo, e tu nele te precipitaste; não te fiz ouvir na consciência a voz da verdade, e não seguiste os conselhos da mentira?" Ah! questionai vossos anjos guardiães; estabelecei,
entre ele e vós, essa ternura íntima que reina entre os melhores amigos. Não penseis em não lhes ocultar nada, porque são o olho de Deus, e não podeis enganá-los. Sonhai com o futuro, procurai avançar nesse caminho, vossas provas nele serão mais curtas, vossas existências mais felizes. Ide! homens de coragem; lançai longe de vós, uma vez por todas, preconceitos e dissimulações; entrai no novo caminho que se abre diante de vós; caminhai, caminhai, tendes guias, segui-os: o objetivo não pode vos faltar, porque esse objetivo é o próprio Deus.

Àqueles que pensam que é impossível a Espíritos verdadeiramente elevados se sujeitarem a uma tarefa tão laboriosa e de todos os instantes, diremos que influenciamos vossas almas estando a vários milhões de léguas de vós: para nós o espaço não é nada, e mesmo vivendo em um outro mundo, nossos espíritos conservam sua ligação com o vosso. Gozamos de qualidades que não podeis compreender, mas estejais seguros que Deus não nos impôs uma
tarefa acima de nossas forças, e que não vos abandonou sozinhos na Terra, sem amigos e sem sustentação. Cada anjo guardião tem o seu protegido, sobre o qual ele vela, como um pai vela sobre seu filho; ele é feliz quando o vê seguir o bom caminho, e geme quando seus conselhos são desprezados.

Não temais nos cansar com vossas perguntas; ficai, ao contrário, em relação conosco: sereis mais fortes e mais felizes. São essas comunicações, de cada homem com seu Espírito familiar, que fazem todos os homens médiuns, médium ignorados hoje mas que se manifestarão mais tarde, e que se espalharão como um oceano sem limites para refluir a incredulidade e a ignorância. Homens instruídos, instruí; homens de talento, elevai vossos irmãos. Não sabeis que obra cumpris assim: é a do Cristo, aquela que Deus vos impôs. Por que Deus vos deu a inteligência e a ciência, se não para partilhá-las com vossos irmãos, certamente para avançá-los no caminho da alegria e da felicidade eterna.



Revista Espírita, 1859. 
São Luís, Santo Agostinho

segunda-feira, 22 de julho de 2013

O rio





Uma gota de chuva 

A mais, e o ventre grávido 

Estremeceu, da terra. 

Através de antigos 

Sedimentos, rochas 

Ignoradas, ouro 

Carvão, ferro e mármore 

Um fio cristalino 

Distante milênios 

Partiu fragilmente 

Sequioso de espaço 

Em busca de luz. 



Um rio nasceu



Vinícius de Moraes

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Em silêncio



Há muito ruído no mundo.
Tumulto na multidão.
Zoada nas ruas.
Barulho no trabalho.
Vozerio no lar.
Sons desordenados, movimento incessante produzindo inquietação e loucura.
Em todo lugar a correria infrene.
Desespero clamando.
Maldição gritando.
Angústia chorando.
Pela boca da aflição gemem os homens.
Há muito ruído nos corações...

Faça silêncio na sua alma.
Silêncio em torno dos seus passos.
Quietação em volta das suas atividades.
Apague todos os ruídos com o veludo da paz : ruídos internos e não apenas sons externos.

No imenso sossego de espírito, você escutará a voz do Cristo falando com você, vibrando no seu ser.
Abra a concha acústica da alma e como Lázaro você ouvirá o chamado para a Vida, saindo, lentamente, do cárcere da morte em cujo tumulto e perturbação você por enquanto reside.


Livro: Panoramas da vida.
Psicografado por Divaldo Franco. Espírito: Ignotos

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Existência de Deus




Conta-se que um velho árabe analfabeto orava com tanto fervor e com tanto carinho, cada noite, que, certa vez o rico chefe de grande caravana chamo-o à sua presença e lhe perguntou:

- Por que oras com tanta fé? Como saber que Deus existe, quando nem ao menos sabes ler?

O Crente fiel respondeu:

- Grande Senhor, conheço a existência de Nosso Pai Celeste pelos sinais dele.

- Como assim? - Indagou o chefe, admirado.

O servo humilde explicou-se:

- Quando o senhor recebe uma carta de pessoa ausente, como reconhece quem a escreveu?

- Pela letra.

- Quando o senhor recebe uma jóia, como é que se informa quanto ao autor dela?

- Pela marca do ourives.

O empregado sorriu e acrescentou:

- Quando ouve passos dos animais, ao redor da tenda, como sabe, depois, se foi um carneiro, um cavalo, ou boi?

- Pelos rastros - respondeu o chefe, surpreendido.

Então, o velho crente convidou-o para fora da barraca e, mostrando-lhe o céu onde a lua brilhava, cercada por multidões de estrelas, exclamou, respeitoso:

-  Senhor, aqueles sinais, lá em cima, não podem ser dos homens!

Nesse momento, o orgulhoso caravaneiro, de olhos lacrimosos, ajoelhou-se na areia e começou a orar também.


Meimei

Texto extraído do Jornal: A Caridade - Ano XIII - n.º 139- Março de 1993

quarta-feira, 3 de julho de 2013

No lar




Seja qual for a condição em que te encontras no lar, recorda que ele é para tua alma, a casa e a escola; a oficina e o hospital, donde deves cultivar a paciência e a humildade, o trabalho e o amor.

Todos os componentes do grupo em que o lar te apresentam, são peças vivas na engrenagem da vida, a oferecer-te as oportunidades mais belas de renúncia e serviço, para o engrandecimento de tua alma.

Sê grato em todas as circunstâncias da vida, oferecendo compreensão e desculpa, entendimento e perdão.

Recorda a necessidade de auxiliar sempre, ao irmão que como tu, veio a procurar no recinto do lar, o aprimoramento das virtudes que lhe assinalam o curso da existência. A vitória dele, redundará em benefício para o teu coração, não apenas nesta hora em que lhes disputa a companhia, mas, como também o dia de amanhã dentro do tempo infinito, quando o reencontres na figura de um homem de bem dentro da humanidade.

Teu lar, tua benção maior! Dignifica-o com a tua presença! Sê para os corações que te compartilham a caminhada, a presença da paz refletindo-a em tuas ações.

Não te canses de repetir os pequenos deveres do dia a dia, embora isto te custe os mais altos sacrifícios para tua alma. 

As horas e os dias, devolver-te-ão a soma de benefícios ou de desacertos que tiveres plasmado em torno de teus pés.

Sê, nesta oficina gloriosa, o irmão, o amigo, o professor e o enfermeiro de todos, enquanto as forças e a oportunidade te favoreçam, porque amanhã, pela imposição da própria vida, haverás de precisar do amparo de irmãos, de amigos, de professores e de enfermeiros, para a restituição das energias perdidas. 


Psicografia de Aurora Barba

domingo, 30 de junho de 2013

Romance





E cruzam-se as linhas
  no fino tear do destino.
 Tuas mãos nas minhas.

 Guilherme de Almeida

sábado, 29 de junho de 2013

A inveja



"Vede este homem: seu Espírito está inquieto, sua infelicidade terrestre está em seu auge; ele inveja o ouro, o luxo, a felicidade aparente ou fictícia de seu semelhante; seu coração está destroçado, sua alma surdamente consumida por essa luta incessante do orgulho, da vaidade não satisfeita; ele carrega consigo, em todos os instantes de sua miserável existência, uma serpente que ele re-aquece, que lhe sugere, sem cessar, os mais fatais pensamentos: 

"Terei essa volúpia, essa felicidade? Isso me é devido, não obstante, como a estes; sou homem como eles; por que seria deserdado?" E se debate sob sua impotência, vítima dos horríveis suplícios da inveja. Feliz ainda se essas funestas idéias não o levarem para a beira de um abismo. Entrado nesse caminho, ele se pergunta se não deve obter pela violência o que acredita lhe ser devido; se não irá expor, a todos os olhos, o mal horrível que o devora. Se esse infeliz tivesse apenas olhado abaixo de sua posição, teria visto o número
daqueles que sofrem sem se lamentar, ainda bendizendo o Criador; porque a infelicidade é um benefício do qual Deus se serve para fazer a pobre criatura avançar para o seu trono eterno.

Fazei vossa felicidade e vosso verdadeiro tesouro sobre a Terra em obras de caridade e de submissão, as únicas que devem contribuir para serdes admitidos no seio de Deus; essas obras do bem farão vossa alegria e vossa felicidade eternas; a Inveja é uma das mais feias e das mais tristes misérias do vosso globo; a caridade e a constante emissão da fé farão desaparecer todos esses males, que se irão um a um à medida que os homens de boa vontade, que virão depois de vós, se multiplicarem. Amém."

S. Luís.
Revista Espírita. 1858

terça-feira, 25 de junho de 2013

Oração das mães



Senhor!

Abriste-me o próprio seio e confiaste-me os filhos do Teu amor.

Não me deixes sozinha na estrada a percorrer.

Nas horas de alegria, dá-me temperança.

Nos dias de sofrimento, sê minha força.

Ajuda-me a governar o coração para que meu sentimento não mutile as asas dos anjos tenros que me deste e adoça-me o raciocínio para que a minha devoção afetiva não converta em severidade arrasadora.

Defende-me contra o egoísmo para que a minha ternura não transforme em prisão daqueles que asilaste em meus braços.

Ensina-me a corrigir amando, para que eu não possa trair o mandato de abnegação que depuseste em meu espírito.

Nos minutos difíceis, inclina-me à renúncia com que devo iluminar o trilho daqueles que me cercam.

Senhor auxilia-me a tudo dar sem nada receber.

Mostra-me os horizontes eternos de Tua Graça, para que os desejos da carne não me encarcerem nas sombras.

Pai, sou também Tua filha!

Guia-me nos caminhos escuros, a fim de que saiba conduzir ao infinito Bem os promissores rebentos de Tua Glória.
Senhor, não me desampares!

Quando a Tua Sabedoria exigir o depósito de bênçãos com que me adornaste a estrada por empréstimo sublime, dá-me o necessário desapego para que eu Te restitua as jóias vivas do meu coração, com serenidade e alegria, e quando a vida me impuser em Teu nome, o desprendimento e a solidão, reaquece minh'alma ao calor
do Teu Caminho Celeste para que eu venere a Tua vontade para sempre.

Assim seja.


Livro: A luz da oração. Autora: Meimei. Psicografia de Francisco C Xavier

terça-feira, 18 de junho de 2013

A surpresa do crente



O devoto feliz experimentava a doce comoção do espetáculo celeste. Mais que a perspectiva do plano divino, porém, via, extasiado, o Senhor à frente dele.

Chorava, ébrio de júbilo. Sim, era o Mestre que se erguia, ali, inundando-lhe o espírito de alegria e de luz.

Sentia-se compensado de todos os tormentos da vida humana. Esquecera espinhos e pedras, dificuldades e dores.
Não vivia, agora, o instante supremo da realização? não esperara, impacientemente, aquele minuto divino? suspirara, muitos anos, por repousar na bem-aventurança. Recolhera-se em si próprio, no mundo, aguardando aquela hora de imortalidade e beleza. Fugira aos homens, renunciara aos mais singelos prazeres, distanciara-se das contradições da existência terrestre, afastara-se de todos os companheiros de humanidade, que se mantinham possuídos pela ilusão ou pelo mal. Assombrado com as perturbações sociais de seu tempo e receoso de complicar-se, no domínio das responsabilidades, asilara-se no místico santuário da adoração e aguardara o Senhor que resplandecia glorificado, ali diante dos seus olhos.

Jesus aproximou-se e saudou-o.

Oh! semelhante manifestação de carinho embriagava-o de ventura. Sentia-se mais poderoso e mais feliz que todos os príncipes do mundo, reunidos!...

O Divino Mestre sorriu e perguntou-lhe:
– Dize-me, discípulo querido, onde puseste os ensinamentos que te dei?

O crente levou a destra ao tórax opresso de alegria e respondeu:
– No coração.

– Onde guardaste – tornou o Amigo Sublime – minhas continuadas bênçãos de paz e misericórdia?
  – No coração – retrucou o interpelado.

– E as luzes que acendi, em torno de teus passos?

– Tenho-as no coração – repetiu o devoto, possuído de intenso júbilo.

O Mestre silenciou por instantes e indagou novamente:
– E os dons que te ministrei?

– Permanecem comigo – informou o aprendiz –, no recôndito da alma.

Silenciou o Cristo e, depois de longo intervalo, inquiriu, ainda:
– Ouve! onde arquivaste a fé, as dádivas, as oportunidades de santificação, as esperanças e os bens infinitos que te foram entregues em meu nome?

Reafirmou o discípulo, reverente e humilde:
– Depositei-os no coração, Senhor!...

A essa altura, interrompeu-se o diálogo comovente. Jesus calou-se num véu de melancolia sublime, que lhe transparecia do rosto.

O devoto perdeu a expressão de beatitude inicial e, reparando que o Mestre se mantinha em silêncio, indagou :
– Benfeitor Divino, poderei doravante abrigar-me na paz inalterável de tua graça? já que fiz o depósito sagrado de tuas bênçãos em meu coração, gozarei o descanso eterno em teu jardim de infinito amor?

O Mestre meneou tristemente a cabeça e redargüiu:
– Ainda não!... o trabalho é a única ferramenta que pode construir o palácio do repouso legítimo. Por enquanto, serias aqui um poço admirável e valioso pelo conteúdo, mas incomunicável e inútil... Volta, pois, à Terra! Convive com os bons e os maus, justos e
injustos, ignorantes e sábios, ricos e pobres, distribuindo os bens que represaste! Regressa, meu amigo, regressa ao mundo de onde vieste e passa todos os tesouros que guardaste no santuário do coração para a oficina de tuas mãos!...

Nesse momento, o devoto, em lágrimas, notou que o Senhor se lhe subtraía ao olhar angustiado.
Antes, porém, observou que o Cristo, embora estivesse totalmente nimbado de intensa luz, trazia nas mãos formosas e compassivas os profundos sinais dos cravos da cruz.


Livro: Pontos e Contos. Autor: Humberto de Campos.
Psicografado por Francisco Cândido Xavier