sexta-feira, 30 de dezembro de 2011
quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
A Verdade Libertadora
O mundo está repleto de verdades. Conceitos frágeis, filosofias esdrúxulas, idéias estapafúrdias, pensamentos sem estrutura de lógica, apresentando-se como verdades, são acolhidos com esmero.
Ao lado desses e outros mais, estranhos, incoerentes, pululam as verdades de cada um em aguerridas lutas de facções, de classes, de correntes que desejam dominar.
A verdade, porém, paira sobranceira, imperturbável, acima das paixões dissolventes, aguardando brindar-se àqueles que aspiram as concepções elevadas e entregam-se à estesia, ao conhecimento, à razão, ao mergulho no seu conteúdo iluminativo.
Tudo quanto aflige, apaixona, agrilhoa, da verdade sequer possui a aparência, porquanto essas expressões somente ferreteiam o ser, levando-o a paroxismos e alucinações.
A verdade liberta, acalma e dulcifica.
A união do ser com os seus conteúdos dá-se em regime de entrega e paz. Opera-se com lentidão, segurança e reflexão, produzindo a transformação interior daquele que se lhe facultou conquistar.
O que resolvas, sem aprofundamento de análise, considerar como verdade, em tal se converte.
Acreditando que é legítimo, torna-se-te real.
Necessitas, no entanto, submeter as tuas crenças ao crivo da razão, verificando quanto resistem ao escalpelo da lógica, do bom-senso.
Por isso, as críticas e admoestações que te fazem não te devem perturbar, levando-te a desequilíbrios.
Antes de mais nada, elabora o teu programa de ação, dispõe-te a executá-lo e, escudando-te no ideal que esposas, segue em frente.
Não debatas com os donos da verdade do mundo os teus planos e aspirações, especialmente aqueles que são da tua órbita de conduta íntima, porquanto eles não estão dispostos a compreender-te, menos ainda, a ajudar-te.
A maioria deles é constituída por combatentes apaixonados das suas verdades transitórias, que não cedem, porque ainda não estão convencidos delas. Por isso, tornam-se críticos severos, vigias agressivos, lutadores contundentes contra os outros.
Não lhes dês atenção. Sem considerar-lhes as opiniões contra ti, as referências aleivosas e os comentários ácidos, eis que perdem o sentido, não te alcançando jamais.
Valorizando-os, tornam-se verdades que te incomodam e perturbam a marcha, embora tenhas um destino a objetivar.
A verdade dá equilíbrio, estimula a ordem e o respeito às idéias dos demais.
Desincumbe-te dos compromissos, sem preocupação com aquilo que os outros pensam sobre ti, tuas ações, tua vida. És livre para agir, assim como te tornarás escravo do que faças, colhendo conforme semeies. O mais, não tem importância, exceto se preferes valorizá-lo.
A verdade felicita sempre. Assim, deixa-te penetrar pela sua força dominadora e segue tranqüilo, amparado por ela.
Divaldo Pereira Franco. Da obra: Momentos de Saúde. Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.
terça-feira, 20 de dezembro de 2011
Solidariedade; Comunhão universal
De pé
sobre a Terra, meu sustentáculo, minha nutriz e minha mãe, elevo o meu olhar
para o infinito, sinto-me envolvido pela imensa comunhão da vida; os eflúvios da
Alma universal penetram em mim e fazem vibrar meu pensamento e meu coração;
forças poderosas me sustentam, avivam em mim a existência.
Por toda
a parte para onde minha inteligência alcança, vejo, distingo, contemplo a grande
harmonia que rege os seres e, através de caminhos diversos, guia-os para um
objetivo único e sublime.
Por toda
parte, vejo irradiar a bondade, o amor, a justiça!
Ó meu
Deus! Ó meu Pai! fonte de toda a sabedoria e de todo o amor, Espírito supremo
cujo nome é luz, ofereço-te minhas louvações e minhas aspirações! Que elas subam
a ti como perfume de flores, como os odores inebriantes dos bosques sobem para o
céu.
Ajuda-me
a avançar no caminho sagrado do conhecimento, para uma compreensão mais elevada
das tuas leis, a fim de que desenvolva-se em mim mais simpatia, mais amor pela
grande família humana. Pois sei que através do meu aperfeiçoamento moral,
através da realização, da aplicação ativa em torno de mim e em proveito de
todos, da caridade, da bondade, aproximarme-ei de ti e merecerei conhecer-te
melhor, comunicar-me mais intimamente contigo na grande harmonia dos seres e das
coisas. Ajuda-me a libertar-me da vida material, a compreender, a sentir o que é
a vida superior, a vida infinita. Dissipa a escuridão que me envolve; deposita
em minha alma uma centelha desse fogo divino que reaquece e abrasa os espíritos
das esferas celestes.
Que tua
luz suave e, com ela, os sentimentos de concórdia e de paz se espalhem sobre
todos os seres!
Léon Denis, no livro O Grande Enigma
|
sábado, 17 de dezembro de 2011
O anjo cinzento
Para que o Homem adquirisse confiança em Sua Bondade Infinita, determinou o Senhor que vários Anjos o amparassem na Terra, amorosamente...
Em razão disso, quando mal saía do berço, aproximou-se dele um Anjo Lirial que, aproveitando os lábios daquela que se lhe constituíra em mãezinha adorável, lhe ensinou a repetir:
¯ Deus...Pai do Céu... Papai do Céu...
Era o Anjo da Pureza.
Mais tarde, soletrando o alfabeto, entre as paredes da escola, acercou-se dele um Anjo de Luz
Verde que, por intermédio da professora, o ajudou a pronunciar em voz firme:
¯ Deus, Nosso Pai Celestial, é o Criador de todos os seres e de todas as coisas...
Era o Anjo da Esperança.
Alongaram-se-lhe os dias, até que penetrou uma casa de ensino superior, sob cujo teto venerável foi visitado por um Anjo de Luz de Ouro que, através de educadores eméritos, lhe falou
acerca da glória e da magnificência do Eterno, utilizando a linguagem da filosofia e da ciência.
Era o Anjo da Sabedoria.
O Homem compulsou livros e consultou autoridades, desejando a comunhão mais direta com o Senhor e fazendo-se caprichoso e exigente.
Olvidando o direito dos semelhantes, propunha-se conquistar as atenções de Deus tão somente para si. A Majestade Divina, a seu parecer, devia inclinar-se aos petitórios, atendendo-lhe as
desarrazoadas solicitações, sem mais nem menos; e, porque o Criador não se revelasse disposto a personalizar-se para satisfazê-lo, começou a cultivar o espinheiro da negação e da dúvida.
Por mais insistisse o Anjo Dourado, rogando-lhe reverenciar o Senhor, acatando-lhe as leis e os desígnios, mais se mergulhava na hesitação e na indiferença.
Atormentado, procurou um templo religioso, onde um Anjo Azul o socorreu, valendo-se de um sacerdote para recomendar-lhe a prática do trabalho e da humildade, com a retidão da consciência e com a perseverança no bem.
Era o Anjo da Fé.
O Homem registrou-lhe os avisos, mas, sentindo enorme dificuldade para render-se aos exercícios da virtude, clamava intimamente: ¯ “Deus? Mas existirá Deus realmente? Por que
razão não me oferece provas indiscutíveis do seu poder?”
Freqüentando o templo para não ferir as convenções sociais, foi auxiliado por um Anjo Róseo que lhe conduziu a inteligência à leitura de livros santos, comovendo-lhe o coração e conduzindo-lhe o sentimento à prática do amor e da renúncia, da benevolência e do sacrifício, de maneira a abreviar o caminho para o Divino Encontro.
Era o Anjo da Caridade.
O teimoso estudante aprendeu que não lhe seria lícito aguardar as alegrias do Céu, sem havê-las merecido pela própria sublimação na Terra.
Ainda assim, monologava indisciplinado: ¯ “Se sou filho de deus e se Deus existe, não justifico tanta formalidade para encontrá-lo...”
E prosseguia surdo aos orientadores angélicos.
Casou-se, constituiu família, amealhou dinheiro e garantiu-se contra as vicissitudes da sorte; entretanto, por mais se esforçassem os Anjos da Caridade e da Sabedoria, da Esperança e da
Fé, no sentido de favorecer-lhe a comunhão com o Céu, mais repudiava os generosos conselheiros, exclamando de si para consigo: ¯ “Deus? Mas existirá efetivamente Deus?”
Enrugando-se-lhe o rosto e encanecendo-se-lhe a cabeça orgulhosa, reuniram-se os gênios amigos, suplicando a compaixão do Senhor, a benefício do rebelde tutelado.
Foi quando desceu da Glória Celeste um Anjo Cinzento, de semblante triste e discreto.Não tomou instrumentos para comunicar-se.
Ele próprio abeirou-se do revoltado filho do Altíssimo, abraçou-o e assoprou-lhe ao coração a mensagem que trazia...
Sentindo-lhe a presença, o Homem cambaleou, deitou-se e começou a reconhecer a precariedade dos bens do mundo. Notou quão transitória era a posse dos patrimônios terrestres, dos quais não passava de usufrutuário egoísta... Observou que a sua felicidade passageira era simples sombra a esvair-se no tempo... E, assinalando sofrimento e desequilíbrio no âmago de si mesmo, compreendeu que tudo que desfrutava na vida era empréstimo divino da Eterna Bondade...
Meditou... Meditou... reconsiderando as atitudes que lhe eram peculiares e, em lágrimas de sincera e profunda compulsão, qual se fora tenro menino, dirigiu-se pela primeira vez, com toda a
alma, ao Todo Poderoso, suplicando:
¯ Deus de Infinita Misericórdia, meu Criador e meu Pai, compadece-te de mim!...
O Anjo Cinzento era o Anjo da Enfermidade.
Livro: Contos desta e doutra vida. Espírito: Irmão X
Psicografia de Francisco C Xavier.
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
A Celeste indulgência
Porque também nós éramos, outrora, insensatos, desobedientes, extraviados, servindo a várias paixões e deleites, vivendo em malícia e inveja, odiosos, odiando-nos uns aos outros. - Paulo (Tito, cap. 3, versículo 3.)
Sempre que estivermos à beira da intemperança, a ponto de explodir como um vulcão de loucura, façamos uma pequena pausa para meditar na Indulgência Divina com que somos agraciados diariamente, para não cairmos em desequilíbrio, de graves consequências para nós e para o nosso próximo.
Não podemos esquecer que estávamos outrora desarvorados e oprimidos, sofríamos de desilusão e cegueira, jazíamos desassisados na sombra, andávamos desesperados a blasfemar contra a vida, estávamos surdos e rebelados contra as leis; o Senhor, porém, jamais deixou de nos prestar auxílio em todos esses momentos de nossa existência.
A cada situação de opressão e sofrimento, socorreu-nos com a concessão de um novo dia, para recomeçar de forma diferente e melhor; ante a cegueira que nos obstruía a ascensão em direção à luz, reformulou-nos a esperança e a maneira de assimilar as novas experiências, e investiu-nos com a bênção do equilíbrio para falar e agir com acerto; ante nossa desobediência às leis, facultou-nos o raciocínio para assimilar e praticar as normas do bom convívio.
Dessa forma, não olvidemos a tolerância e a paciência com que Jesus, nosso Mestre e Guia, nos suporta a ignorância há milênios, amparando e confortando nossos corações através de mil maneiras a cada passo de nossa caminhada, e entendamos definitivamente que é hora de mostrar toda a nossa gratidão a ELE, que até mesmo na hora suprema de seu testemunho demonstrou seu alto grau de benevolência para conosco, ao rogar ao Pai que nos perdoasse, pois não sabíamos o que estávamos fazendo.
Sigamos seu Evangelho de amor e Luz, e tornemo-nos seus aprendizes autênticos, praticando a caridade para com o semelhante, como ele exemplificou para conosco, perdoando incondicionalmente nossas faltas; e, dessa forma, procuremos atender ao seu supremo apelo – “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”.
Em O Evangelho segundo o Espiritismo, os Imortais da Vida maior nos falam dos benefícios dessa sublime virtude para todos que a praticam, conforme segue:
“Caridade! sublime palavra que sintetiza todas as virtudes, és tu que hás de conduzir os povos à felicidade. Praticando-te, criarão eles para si infinitos gozos no futuro e, enquanto se acharem exilados na Terra, tu lhes serás a consolação, o prelibar das alegrias de que fruirão mais tarde, quando se encontrarem reunidos no seio do Deus de amor. Foste tu, virtude divina, que me proporcionaste os únicos momentos de satisfação de que gozei na Terra. Que os meus irmãos encarnados creiam na palavra do amigo que lhes fala, dizendo-lhes: É na caridade que deveis procurar a paz do coração, o contentamento da alma, o remédio para as aflições da vida. Oh! quando estiverdes a ponto de acusar a Deus, lançai um olhar para baixo de vós; vede que de misérias a aliviar, que de pobres crianças sem família, que de velhos sem qualquer mão amiga que os ampare e lhes feche os olhos quando a morte os reclame! Quanto bem a fazer! Oh! não vos queixeis; ao contrário, agradecei a Deus e prodigalizai a mancheias a vossa simpatia, o vosso amor, o vosso dinheiro por todos os que, deserdados dos bens desse mundo, enlanguescem na dor e no insulamento! Colhereis nesse mundo bem doces alegrias e, mais tarde..., só Deus o sabe!...” Adolfo, bispo de Argel. (Bordéus, 1861.)
Que o Mestre de Nazaré nos fortaleça a disposição de amar, crescer e servir cada dia mais e melhor, tornando-nos mensageiros fiéis de sua Divina mensagem.
Bibliografia:
1) Paulo: Tito, cap. 3, versículo 3.
2) O Evangelho segundo o Espiritismo – FEB, 115ª edição – Cap. XIII, item 11.
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
A janela encantada
Para Adib Jatene
A vida sempe foi boa comigo.
Quando soube que o meu coração
estava carregado de sombras,
e que ele só se alimentava de luz,
abriu uma janela no meu peito
para que por ela possam entrar
o esplendor do orvalho,
o fulgor das estrelas
e o invisível arco-íris do amor.
Thiago de Mello
sábado, 3 de dezembro de 2011
A grande educadora
Chama-se Dor.
Revela-se na desventura do amante, na desolação da orfandade, na angústia da miséria, no alquebramento da saúde, no esquife do ser querido que se foi deixando atrás de si a lágrima e o luto, no opróbrio da desonra, na humilhação do cárcere, no aviltamento dos prostíbulos, na tragédia dos cadafalsos, na insatisfação dos ideais, na tortura das impossibilidades – no acervo das desilusões contra que se confunde e se decepciona o coração da Humanidade.
Não obstante, a Dor é a grande amiga a zelar pela espécie humana, junto dela exercendo missão elevada e santa.
Estendendo sobre as criaturas suas asas, úmidas sempre do orvalho regenerador das lágrimas, a Dor corrige, educa, aperfeiçoa, exalta, redime e glorifica o sentimento humano a cada vibração que lhe extrai através do sofrimento.
O diamante escravizado em sua ganga sofre inimagináveis dilacerações sob o buril do lapidário até poder ostentar toda a real pureza do grande valor que encerra. Assim também será a nossa alma, que precisará provar o amargor das desventuras para se recobrir dos esplendores das virtudes imortais cujos germens o Sempiterno lhe decalcou no ser desde os longínquos dias do seu princípio!
A alma humana é o diamante raro que a Natureza – Deus – criou para, por si mesmo, aperfeiçoar-se no desdobrar dos milênios, até atingir a plenitude do inimaginável valor que representa, como imagem e semelhança dAquele mesmo Foco que a concebeu. Mas o diamante – Homem – acha-se envolvido das brutezas das paixões inferiores. É um diamante bruto! Chega o dia, porém, em que os germes da imortalidade, nele decalcados, se revolucionam nos refolhos da sua consciência, nele palpitando, então, as ânsias por aquela perfeição que o aguarda, num destino glorificador: - Foi criado para as belezas do Espírito e vê-se bruto o inferior! Destinado a fulgir nos mostruários de esferas redimidas, reconhece-se imperfeito e tardo nas sombras da matéria! Sonha com a sublimização das alegrias em pátrias divinais, onde suas ânsias pelo ideal serão plenamente saciadas, mas se confessa verme, porquanto não aprendeu ainda sequer a dominar os instintos primitivos!
Então o diamante – Homem – inicia, por sua vontade própria, a trajetória indispensável do aperfeiçoamento dos valores que consigo traz em estado ignorado, e entra a sacudir de si a crosta das paixões que o entravam e entenebrecem.
E essa marcha para o Melhor, essa trajetória para o Alto denomina-se Evolução!
A luta, então, apresenta-se rude! É dolorosa, e lenta, e fatigante, e terrível! Dele requer todas as reservas de energias morais, físicas e mentais. Dilacera-lhe o coração, tortura-lhe a alma, e o martirológico, quase sempre, segue com ele, rondando-lhe os passos!
Mas seu destino é imortal, e ele prossegue!
E prosseguindo, vence!...
Então, já não é o bruto de antanho...
O diamante tornou-se jóia preciosa e refulge agora, pleno de méritos e satisfações eternas, nos grandes mostruários da Espiritualidade – esferas de luz que bordam o infinito do Eterno Artista, que é Deus!
A Dor, pois, é para o Espírito humano o que o Sol é para as trevas da noite tempestuosa: - Ressurreição! Porque, se este aclara os horizontes da Terra, levantando com seu brilho majestoso o esplendor da Natureza, aquela desenvolve em nosso ego os magnificentes dons que nele jaziam ignorados: - fecunda a inteligência, depurando o sentimento sob as lições da experiência, educando o caráter, dignificando, elevando, num progredir constante, todo o ser daquele em quem se faz vibrar, tal como o Sol, que vivifica e benfaz as regiões em que se mostra.
A Dor é o Sol da Alma...
A criatura que ainda não sofreu convenientemente carrega em si como que a aridez que desola os pólos glaciais e, como estes, é inacessível às elevadas manifestações do Bem, isto é, às qualidades redentoras que a Dor produz. Nada possuirá para oferecer aos que se lhe aproximam pelos caminhos da existência senão a indiferença que em seu ser se alastra, pois que é na desventura que se aprende a comungar com o Bem, e não pode saber senti-lo quem não teve ainda as fibras da alma tangidas pela inspiração da Dor!
O orgulho e o egoísmo, cancerosas chagas que corrompem as belas tendências do Espírito para os surtos evolutivos que o levarão a redimir-se; as vaidades perturbadoras do senso, as ambições desmedidas, funestas, que não raro arrastam o homem a irremediáveis, precipitosas situações; as torpes paixões que tudo arrebatam e tudo ferem e tudo esmagam na sua voragem avassaladora que infestam a alma humana, inferiorizando-a ao nível da brutalidade, e os quais a Dor, ferindo, cerceia, para implantar depois os fachos imortais de virtudes tais como a humildade, a fé, o desinteresse, a tolerância, a paciência, a prudência, a discrição, o senso do dever e da justiça, os dons do amor e da fraternidade e até os impulsos da abnegação e do sacrifício pelo bem alheio – remanescentes daquelas mesmas sublimes virtudes que de Jesus Nazareno fizeram o mensageiro do Eterno!
Ela, a Dor, é o maior agente do Sempiterno na obra gigantesca da regeneração humana! É a retorta de onde o Sentimento sairá purificado dos vírus maléficos que o infelicitam! Quanto maior o seu jugo, mais benefícios concederá ao nosso ego – tal como o diamante, que mais cintila, alindado, quanto maior for o número dos golpes que lhe talharem as facetas! É a incorruptível amiga e protetora da espécie humana:- zelando pela sua elevação espiritual, inspirando nobres e fraternas virtudes! Ela é quem, no Além-Túmulo, nos leva a meditar, através da experiência, produzindo em nosso ser a ciência de nós mesmos, o critério indispensável para as conquistas do futuro, de que hauriremos reabilitação para a consciência conturbada. É quem, a par do Amor, impele as criaturas à comiseração pelos demais sofredores, e a comiseração é o sentimento que arrasta à Beneficiência. E é ainda ela mesma que nos enternece o coração, fazendo-nos avaliar pelo nosso o infortúnio alheio, predispondo-nos aos rasgos de proteção e bondade; e proteger os infelizes é amar o próximo, enquanto que amar o próximo é amar a Deus, pautando-se pela suprema lei recomendada no Decálogo e exemplificada pelo Divino Mestre!
Por isso mesmo, o coração que sofre não é desgraçado, mas sim venturoso, porque renasce para as auroras da Perfeição, marcha para o destino glorioso, para a comunhão com o Criador Onipotente! Prisioneiro do atraso, o homem somente se desespera sob os embates da Dor porque não a pode compreender ainda. Ela, porém, é magnânima e não maléfica. Não é desventura, é necessidade. Não é desgraça, é progresso. Não é castigo, é lição. Não é aniquilamento, é experiência. Nem é martírio, mas prelúdio de redenção! Notai que – depois do sacrifício na Cruz do Calvário foi que Jesus se aureolou da glória que converterá os séculos:
- “Quando eu for suspenso, atrairei todos a mim”. – Ele próprio o confirmou, falando a seus discípulos.
Sob o seu ferrete é que nos voltamos para aquele misericordioso Pai que é o nosso último e seguro refúgio, a nossa consolação suprema!
As ilusões passageiras da Terra, os prazeres e as alegrias levianas que infestam o mundo, aviltando o sentimento de cada um, nunca fizeram de seus idólatras almas aclaradas pelas chamas do amor a Deus. É que – para levantar na aridez das nossas almas a pira redentora da Fé só há um elemento capaz, e esse elemento é a Dor! Ela, e só ela, é bastante poderosa para reconciliar os homens – filhos pródigos – com o seu Criador e Pai!
Seu concurso é, portanto, indispensável para nos aperfeiçoar o caráter, e inestimável é o seu valor educativo. Serena, vigilante, nobre heróica – ela é o infalível corretivo às ignomínias do coração humano!
Nada há mais belo e respeitável do que uma alma que se conservou serena e comedida em face do infortúnio. Palpita nessa alma a epopéia de todas as vitórias! Responde por um atestado de redenção! Seu triunfo, conquanto ignorado pelo mundo, repercutiu nas regiões felizes do Invisível, onde o comemoraram os santos, os mártires de todos os tempos, os gênios da sabedoria e do bem, almas redimidas e amigas que ali habitam, as quais, como todos os homens que viveram e vivem sobre a Terra, também conheceram as correções da Dor, ela é a lei que aciona a Humanidade nos caminhos para o Melhor até a Perfeição!
Ó almas que sofreis! Enxugai o vosso pranto, calai o vosso desespero! Amai antes a vossa Dor e dela fazei o trono da vossa Imortalidade, pois que, ao findar dessa trajatória de lágrimas a que as existências vos obrigam – é a glorificação eterna que recebereie por prêmio!
Salve, ó Dor bendita, nobre e fiel educadora do coração humano!
E glória ao Espiritismo, que nos veio demonstrar a redenção das almas através da Dor!
Mensagem recebida pela médium Yvone A. Pereira
Espírito Léon Denis
Desafios
A vida só é possível através dos desafios.
A vida só é possível quando você tem
tanto o bom tempo quanto o mau tempo,
quando tem prazer e dor;
quando tem inverno e verão, dia e noite;
quando tem tristeza tanto quanto felicidade,
desconforto tanto quanto conforto.
A vida passa entre essas duas polaridades,
você aprende a se equilibrar.
Entre essas duas asas,
você aprende a voar até a estrela mais brilhante.
Osho
sexta-feira, 25 de novembro de 2011
Neurofisiologia da Mediunidade
O desenvolvimento da neuropsicologia apoiada por recursos propedêuticos sofisticados como a tomografia computadorizada, a ressonância magnética e a tomografia por emissão de pósitrons, tem permitido uma compreensão cada vez maior dos mecanismos envolvidos na fisiologia do cérebro.
Com base nestes achados tem surgido novas interpretações para os quadros mentais das demências, das psicoses e até dos distúrbios de comportamento.
Atualmente admite-se que a atividade mental é resultante em termos neurológicos, de um “concerto” de um grupo de áreas cerebrais que interagem mutuamente constituindo um sistema funcional complexo .
Com o conhecimento espírita aprendemos porém, que os processos mentais, são expressões da atividade espiritual com repercussão na estrutura física cerebral. A participação do cérebro é meramente instrumental.
Sabemos também que a ação do espírito sobre o cérebro, ao integrar elementos de classes diferentes (mente e matéria), implica na existência de um terceiro elemento, transdutor desse processo, que transmite e transfere as “idéias formas” geradas pelo espírito em fluxo de pensamento expresso pelo cérebro.
Este elemento intermediário que imprime ao corpo físico as diretrizes definidas pelo espírito, constitui nosso corpo espiritual ou perispírito.
Após a morte o espírito permanece com seu corpo espiritual, o qual, permite sua integração no ambiente espiritual onde vive. É por este corpo semimaterial, de que dispõe também os espíritos desencarnados que tornam-se possíveis as chamadas comunicações mediúnicas.
Para Allan Kardec, no Livro dos Médiuns, em diversas citações, os espíritos o esclareceram mais de uma vez que, todos os fenômenos mediúnicos de efeito inteligente se processam através do cérebro do médium.
No estágio atual do conhecimento que nos fornece a neurologia, seria oportuno indagarmos se é possível uma maior compreensão do fenômeno mediúnico e se identificar no cérebro as áreas e as funções que estariam envolvidas nestes processos.
Os espíritos desencarnados devem de alguma maneira co-participarem com as funções cerebrais dos médiuns seguindo regras compatíveis com os recursos da fisiologia cerebral.
Podemos correlacionar, pelo menos hipoteticamente, quais as funções cerebrais já conhecidas que podem se prestar para a exteriorização da comunicação mediúnica.
Analisando algumas áreas cerebrais podemos teorizar sobre as possíveis participações de cada uma delas, na expressão da mediunidade.
Córtex Cerebral
No córtex cerebral se origina a atividade motora, voluntária e consciente. Nele são decodificadas todas as percepções sensitivas que chegam ao cérebro e são organizadas todas as funções cognitivas complexas.
A atividade cerebral para se expressar conscientemente, estabelece uma interação entre o córtex cerebral, o tálamo e a substância reticular do tronco cerebral e do diencéfalo onde se situa o centro da nossa consciência. Uma lesão nesta área provoca o estado de coma.
A partir da substância reticular, se projetam estímulos neuronais que ativam ou inibem a atividade cerebral cortical como um todo, levando a um maior ou menor estado de atenção, alerta ou sonolência.
Pelo exposto podemos compreender que fenômenos como a psicografia, a vidência, a audiência e a fala mediúnica, devem implicar numa participação do córtex do médium, já que aqui se situam áreas para a escrita, visão, audição e a fala.
Se o espírito comunicante e o médium não disciplinarem seu intercâmbio para promoverem um bloqueio no “sistema reticular ativivador ascendente” que nos referimos atrás, as mensagens serão sempre conscientes e, o médium, além de acrescentar sua participação intelectual na comunicação, poderá por em dúvida a autenticidade da participação espiritual no fenômeno.
Por outro lado, nenhuma mensagem poderá ser totalmente inconsciente, visto que em todas há participação do córtex do médium e, se por acaso este não se recordar dos eventos que se sucederam durante a comunicação, o esquecimento deve ser atribuído a ocorrência de uma simples amnésia.
Considera-se portanto, que o processo mediúnico transcorre sempre em parceria, com assimilação das idéias do espírito comunicante e a participação cognitiva do médium. Sendo comum uma amnésia que ocorre logo após a rotura da ligação fluídica (interação de campos de força), entre o médium e a entidade espiritual.
É do conhecimento dos pesquisadores do fenômeno mediúnico que a clarividência, a telepatia e a capacidade de desenhar objetos fora do alcance da visão do médium, ocorrem com características muito semelhantes a organização de noção geométrica e espacial que ultimamente tem-se identificado na fisiologia normal do hemisfério cerebral direito.
Quando ocorrem lesões no hemisfério cerebral direito as falhas nos desenhos são muito características. Os objetos são esquematizados com negligência de detalhes, ficando as figuras incompletas. Um óculos, por exemplo, é desenhado sem uma das hastes e uma casa pode ser rabiscada sem um dos seus lados ou sem o telhado.
Os médiuns que captam as informações à distância ou registram visões imateriais, também costumam descrever suas percepções com falta de detalhes ou amputações das imagens de maneira muito semelhante a negligência observada nas síndromes do hemisfério direito.
É possível que estes médiuns registrem as imagens utilizando as áreas corticais especificas para funções visuais e gonósticas (de reconhecimento) do hemisfério direito do cérebro. O grau de distorção ou de falta de detalhes mais preciso deve depender do maior ou menor grau de desenvolvimento mediúnico.
Gânglios da base
As estruturas nucleares constituídas por aglomerados de neurônios situados na profundidade da substância branca cerebral são denominados de gânglios ou núcleos da base. Eles são responsáveis por uma série de funções motoras automáticas e involuntárias, fazendo parte do chamado sistema extrapiramidal.
Os gânglios da base controlam o tônus muscular, a postura corporal e uma série enorme de movimentos gestuais que completam nossa movimentação voluntária.
Logo após o nascimento a gesticulação de uma criança é visivelmente reflexa e automatizada. Progressivamente vão surgindo os movimentos intencionais (voluntários), projetados a partir do córtex piramidal (área motora principal). No processo de aprendizado a criança vai repetindo gestos para pegar os objetos, para se levantar, para engatinhar e andar até que progressivamente estes movimentos vão se sucedendo com maior facilidade passando-se a se realizarem automaticamente.
A mímica, a mastigação, a marcha, são automatismos aprendidos no decorrer do desenvolvimento da criança.
Posteriormente, uma série de automatismos mais complexo vão se desenvolvendo, como é o caso de, por exemplo, aprendermos a dirigir o automóvel, a tocar piano ou nadar.
Depois de uma certa idade é possível de se ver facilmente que, qualquer movimento voluntário que realizamos conscientemente, é enriquecido com uma constelação de gestos automáticos e involuntários que dão um colorido característico, individual e identificador do nosso modo de ser.
Estes nossos pequenos gestos estão freqüentemente muito bem fixados na imagem que nossos amigos fazem de nós. Por isto o dissemos que eles servem também para nos identificar.
Convém ficar claro esta noção de que nossos movimentos podem ser voluntários ou automáticos. No primeiro caso quando são conscientes e intencionais, como por exemplo, quando estendemos a mão para pegar um lápis. No segundo caso, o movimento é semiconsciente, automático, muito menos cansativo que o primeiro. Os movimentos automáticos podem ser simples como mastigar e deglutir ou mais complexos como por exemplo para dirigir automóvel, nadar ou tocar um instrumento musical.
A execução de um ato automático mobiliza os gânglios da base e as áreas motoras complementares do lobo frontal. Mesmo os mais complexos como por exemplo, tocar uma partitura bem decorada ao piano, nos permite que fiquem livres outras funções do cérebro, particularmente nossa consciência e todas as demais capacidades cognitivas do cérebro. Assim, mesmo tocando ao piano ou dirigindo automóvel podemos manter livremente uma conversação.
Considerando o fenômeno mediúnico da psicografia e da fala mediúnica, podemos observar corriqueiramente que, os médiuns ao discursarem ou psicografarem um texto sob a influência do espírito comunicante, o fazem revelando gestos, posturas e expressões mais ou menos comuns a todos eles.
No caso da psicografia, a escrita se processa freqüentemente com muita rapidez, as palavras podem aparecer escritas com pouca clareza, as letras às vezes são grandes, provavelmente, para facilitar a escrita rápida, a caligrafia tem pouco capricho, não há necessidade do médium acompanhar o que escreve e pode ocorrer escrita em espelho.
Na comunicação oral, o médium se expressa com vozes de características variadas, o sotaque pode ser pausado como feito com esforço, mas, em médiuns mais preparados, a fala costuma ser fluente e muito rápida, parecendo se tratar de um discurso previamente preparado ou muito bem decorado. Nota-se também que, durante a comunicação, o médium assume posturas e gestos incomuns ao seu modo de se expressar.
Quando interrogamos os médiuns conscientes estes dizem que no decorrer do fenômeno, eles como que são levados a falar ou a escrever como se isto não dependesse da vontade própria.
Correlacionando agora, o que vimos em termos neurológicos para a fisiologia do sistema extrapiramidal (gânglios da base e área cortical pré-motora) com as características da comunicação mediúnica, temos a impressão de que a entidade comunicante se utiliza deste sistema automático para se manifestar com maior rapidez, com o mínimo de dispêndio de energia, com menor interferência da consciência do médium e com maior possibilidade de se suceder uma amnésia.
Resumidamente, poderíamos enquadrar este tipo de comunicação mediúnica como uma constelação de automatismos complexos, desempenhados pelo sistema extrapiramidal do médium, mas com a co-autoria do espírito comunicante.
Já vimos também, que durante nossos atos automáticos, nossa consciência está livre para a execução de atos voluntários e intencionais, podendo com eles interromper ou modificar nossos automatismos. Por isto podemos dizer e concluir que, a manifestação mediúnica, em se tratando de gestos automatizados, sofre o controle e a ingerência da consciência do médium. O que não deixa de ser um fator inibidor mas, necessário para a própria “disciplina” da entidade quando isto se fizer necessário.
Tálamo
O tálamo é um núcleo sensitivo por excelência. Ele exerce um papel receptor, centralizador e seletor das informações sensitivas que se dirigem ao cérebro.
Os estímulos externos do tipo dor, tato, temperatura e pressão percebidos em toda extensão do nosso corpo percorrem vias neurais que terminam no tálamo (no centro do cérebro). A partir daí estes estímulos são priorizados e selecionados para que chegue ao cérebro apenas os estímulos convenientes, principalmente os mais urgentes, como o caso dos estímulos nocivos que exigem uma rápida retirada. É o caso de retirarmos logo a mão de um objeto que está muito quente.
Por outro lado, mesmo para estímulos de pouca importância, o tálamo pode fornecer para a consciência as informações desejadas, quando elas forem requeridas para o córtex. É o caso de a qualquer momento, mesmo de olhos fechados, queremos saber se estamos ou não usando uma aliança no dedo ou uma meia calçada nos pés.
Portando, as informações sensitivas são percebidas no tálamo e este exerce o papel bloqueador interrompendo o caminho até o córtex cerebral que só será alcançado quando a informação for nova ou quando despertar interesse ou risco.
As informações monótonas e corriqueiras ficam provisoriamente interrompidas no tálamo. As informações das roupas que, por exemplo, tocam a nossa pele, não precisa afetar nossa consciência continuadamente.
É possível que, muitas das nossas sensações somáticas referidas pelos médiuns que dizem perceber a aproximação de entidades espirituais, como se estes lhes estivessem tocando o corpo, seja efeito de estímulos talâmicos.
Neste caso, pela ação do córtex do médium os estímulos espirituais podem ser facilitados ou inibidos pela aceitação ou pela desatenção do médium, bem como, por efeito de estados emocionais não disciplinados pelo médium.
Glândula Pineal
A estrutura e as funções da glândula pineal passaram a ser estudadas com maior ênfase após a descoberta da melatonina por Lener em 1958.
Embora a pineal já fosse conhecida desde 300 anos DC ( foi descoberta por Herophilus ), só após a descoberta da melatonina se descobriu sua relação com a luminosidade e a escuridão.
Ficou demonstrado experimentalmente que a luz interfere na função da pineal através da retina, atingindo o quiasma óptico, o hipotálamo, o tronco cerebral, a medula espinhal, o gânglio cervical superior chegando finalmente ao nervo conari na tenda do cerebelo. Entre a pineal e o restante do cérebro não há uma via nervosa direta. A ação da pineal no cérebro se faz pelas repercussões químicas das substâncias que produz.
Hoje já se identificou um efeito dramático da pineal (por ação da melatonina), na reprodução dos mamíferos, na caracterização dos órgãos sexuais externos e na pigmentação da pele.
Investigações recentes mostram também, uma relação direta da melatonina com uma série de doenças neurológicas que provocam epilepsia, insônia, depressão e distúrbios de movimento.
Animais injetados com altas doses de melatonina desenvolvem incoordenação motora, perda da motricidade voluntária, relaxamento muscular, queda das pálpebras, piloereção, vaso dilatação das extremidades, redução da temperatura e respiração agônica.
Descobriu-se também que a melatonina interage com os neurônios serotoninérgicos e com os receptores benzodiazepínicos do cérebro tendo portanto, um efeito sedativo e anticonvulsivante.
Pacientes portadores de tumores da pineal podem desenvolver epilepsia por depleção da produção de melatonina.
A melatonina parece ter também um papel importante na gênese de doenças psiquiátricas como depressão e esquizofrenia.
Outros estudos confirmam uma propriedade analgésica central da melatonina, integrando a pineal à analgesia opiácea endógena.
A literatura espírita há muito vem dando destaque para o papel da pineal como núcleo gerador de irradiação luminosa servindo como porta de entrada para a recepção mediúnica.
Como a pineal é sensível à luz, não será de estranhar que possa ser mais sensível ainda a vibração eletromagnética. Sabemos que a irradiação espiritual é essencialmente semelhante a onda eletromagnética que conhecemos, compreendendo-se assim, sua ação direta sobre a pineal.
Podemos supor que este primeiro contato da entidade espiritual com a pineal do médium, possibilitaria a liberação de melatonina predispondo o restante do cérebro ao “domínio” do espírito comunicante. Esta participação química do fenômeno mediúnico poderia nos explicar as flutuações da intensidade e da freqüência com que se observa a mediunidade.
Até o presente a espécie humana recebe a mediunidade como carga pesada de provas e sacrifícios. Raras vezes como oportunidade bem aproveitada para prestação de serviço e engrandecimento espiritual.
A evolução, no entanto, caminha acumulando experiências, repetindo aprendizados. Aos poucos iremos acumulando tanto espiritualmente como fisicamente modificações no nosso cérebro. O homem do futuro deverá dispor da mediunidade como dispõe hoje da inteligência. Confiamos que a misericórdia de Deus nos conceda a benção de saber usar bem as duas a partir de hoje.
Prof. Dr. Nubor Orlando Facure
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
A força do amor
Rubens Romaneli
Preparavam-se os noivos para os esponsais, quando os pais da jovem descobriram que o pretendente à mão da filha era freqüentador assíduo de uma casa de jogos. Decidiram então se opor tenazmente à realização do matrimônio, a pretexto de que o homem que se dá ao vício do jogo jamais pode ser bom marido. Mas, a jovem, obstinada em desconhecer as razões invocadas pelos pais, acabou por vencer-lhes a resistência e casou-se.
Nos primeiros dias de vida conjugal, o homem portou-se como um marido ideal. A pouco e pouco, porém, renascia-lhe, cada vez mais irrefreável, o desejo de voltar à mesa de jogo. Certa noite, incapaz de resistir a pressão do vício, retornou ao convívio de seus antigos companheiros.
No lar, a esposa, sentada em uma cadeira de balanço, aguardava o regresso do marido, que tardava. Embora ocupada com alguns trabalhos de bordado, tinha a mente presa aos ponteiros do relógio, cujas horas pareciam suceder-se cada vez mais lentas. Já era quase uma hora da madrugada, quando o marido abriu a porta da sala. Visivelmente irritado com o surpreender a companheira ainda em vigília, pois via nisso ostensiva censura à sua conduta, interrogou-a asperamente:
- Que fazes aí, a estas horas?
- Entretenho-me com este bordado, respondeu ela, imprimindo à voz um acento de ternura e bondade.
- Não vês que é tarde?
- Sinceramente, distraída como me achava, não havia atentado para o adiantado da hora...
E, sem dar maior importância à ocorrência, foi ela deitar-se.
No dia seguinte, à noite, repetiu-se a cena. O marido ausentou-se e a esposa, já ciente do que se passava, pôs-se de novo a esperá-lo. Quando ele chegou, já pelas duas da madrugada, encontrou a companheira de pé. Então, num assomo de cólera, bradou:
- Que é isto? Outra vez acordada?!
- Sim, não quis que fosse deitar-te, sem que antes fizesses um ligeiro repasto. Preparei-te um chá com torradas e aqui o tens quentinho! Espero que o aprecies.
E, sem indagar do marido onde estivera e o que fizera até aquelas horas, a boa esposa beijou-lhe carinhosamente a fronte e recolheu-se ao leito.
Na terceira noite, nova ausência do marido e nova espera da esposa. Lá por volta de uma e meia da madrugada, entrou ele e, antes que se insurgisse contra a atitude da companheira, esta se lhe prendeu ao colo, num afetuoso abraço, e exclamou:
- Querido, D. Antonieta, nossa vizinha, ensinou-me a receita de um bolo delicioso e eu não queria que te deitasses, sem que antes provasses dele.
A ocorrência repetiu-se por várias vezes, com visíveis e crescentes preocupações para o marido. Na mesa de jogo, tinha o pensamento menos preso às cartas do que à esposa que o esperava pacientemente, como um anjo da paz. Começou, então, a experimentar uma sensação de vergonha, ao mesmo tempo que de indiferença e quase de repulsa por tudo quanto o rodeava, porque já era mais forte do que o vício o amor por aquela criatura que nele operava tão radical transformação. De olhar vago e distante, como se tivesse diante de si outro cenário, levantou-se abruptamente, cedendo a um impulso quase automático, e retirou-se, para nunca mais voltar...
Transcrito de "O Primado do Espírito"
Vinte e seis maneiras de identificar se uma mensagem provém de um bom espírito
Seja você espírita ou não, provavelmente, já se viu em determinada situação em que alguém lhe transmitiu alguma "mensagem", recebida por algum médium, adivinho ou "sensitivo", tendo você como especial destinatário.
É muito provável, também, você conhecer pessoas que andam consultando e recebendo instruções de espíritos por aí, na intenção de obter soluções rápidas para seus problemas ou aflições. Há também o caso daquele seu vizinho que "recebe" tal e qual entidade e "trabalha" em casa mesmo.
Pois bem, você deve ter ficado em dúvida, sem saber discernir o conteúdo dessas mensagens. Teria sido proveniente de um espírito mesmo? Ou então, no mínimo, teria esse espírito uma índole moral superior capaz de merecer a sua confiança?
Levando ainda essa questão para o campo estritamente psíquico, da influenciação espiritual, a que todos estamos sujeitos e que ocorre inconscientemente, na rotina de nossas vidas, podemos observar a natureza de nossas próprias cogitações mentais. O que estamos cogitando? Seja o que for, será algo digno de alguém preocupado com a auto-educação espiritual?
Respostas para dúvidas mediúnicas estão na obra de Allan Kardec
O codificador do espiritismo, Allan Kardec, em sua obra O Livro dos Médiuns, deixou tudo isso muito bem claro e, para os estudiosos da doutrina, o que falamos aqui não é nenhuma novidade. Mas, para quem está chegando agora e para os que se interessam em recapitular o aprendido, aqui vão 26 maneiras de identificar se uma comunicação é proveniente de um espírito superior ou não:
1.- Não há outro critério para discernir o valor dos espíritos senão o bom-senso.
2.- Conhecemos os espíritos pela sua linguagem e pelos seus conselhos, ou seja, pelos sentimentos que inspiram e os conselhos que dão.
3.- Uma vez admitido que os bons espíritos não podem dizer e fazer senão o bem, tudo o que for mau não pode provir de um bom espírito.
4.- A linguagem dos espíritos superiores é sempre digna, nobre e elevada, sem mistura de trivialidades. Dizem tudo com simplicidade e modéstia, não se gabam jamais, não exibem seu saber nem a sua posição entre os outros.
A linguagem dos espíritos inferiores ou vulgares tem sempre algum reflexo das paixões humanas. Toda expressão que indique baixeza, presunção, arrogância, fanfarrice, acrimônia, é indício característico de inferioridade, ou de fraude se o espírito se apresenta sob um nome respeitável e venerado.
5.- Não é pela forma material e nem pela correção do estilo que se julga um espírito mas, sim, sondando-lhe o íntimo, esquadrinhando suas palavras, pesando-as friamente, maduramente e sem prevenção. Todo desvio de lógica, razão e de sabedoria, não pode deixar dúvida quanto à sua origem, qualquer que seja o nome com o qual se vista a entidade espiritual comunicante.
6.- A linguagem dos espíritos elevados é sempre idêntica, senão quanto à forma, pelo menos quanto ao fundo. Não são contraditórios.
7.- Os bons espíritos não dizem senão o que sabem, calam-se ou confessam sua ignorância sobre o que não sabem.
Os maus falam de tudo com segurança, sem se preocuparem com a verdade. Toda heresia científica notória, todo princípio que choque o bom-senso, mostra a fraude se o espírito se diz esclarecido.
8.- É fácil reconhecer os espíritos levianos pela facilidade com que predizem o futuro e precisam fatos materiais que não nos é dado conhecer. Os bons espíritos podem fazer pressentir as coisas futuras quando esse conhecimento for útil, mas não precisam jamais as datas: todo anúncio de acontecimento com época fixada é indício de uma mistificação.
9.- Os espíritos elevados se exprimem de maneira simples, sem prolixidade. Seu estilo é conciso, sem excluir a poesia de idéias, de expressões sempre inteligíveis e ao alcance de todos, sem exigir esforço para ser compreendido. Têm a arte de dizerem muitas coisas com poucas palavras, porque cada palavra tem sua importância.
Os espíritos inferiores, ou falsos sábios, escondem sob a presunção e ênfase o vazio dos pensamentos. Sua linguagem, freqüentemente, é pretensiosa, ridícula, ou obscura à força de querer parecer profunda. Mas não é.
10.- Os bons espíritos jamais ordenam: não se impõem, aconselham e, se não são escutados, se retiram. Os maus são imperiosos, dão ordens, querem ser obedecidos e permanecem mesmo assim. Todo espírito que se impõe, trai sua origem. São exclusivos e absolutos em suas opiniões, e pretender ter, só eles, o privilégio da verdade. Exigem uma crença cega e não apelam à razão, porque sabem que a razão os desmascariam.
11.- Os bons espíritos não lisonjeiam. Aprovam quando se faz o bem, mas sempre com reservas. Os maus dão elogios exagerados, estimulam o orgulho e a vaidade, pregando a humildade, e procuram exaltar a importância pessoal daqueles a quem desejam captar.
12.- Os espíritos superiores estão acima das puerilidades da forma e em todas as coisas. Só os espíritos vulgares podem dar importância a detalhes mesquinhos, incompatíveis com as idéias verdadeiramente elevadas. Toda prescrição meticulosa é um sinal certo de inferioridade e de fraude da parte de um espírito que toma um nome importante.
13.- Desconfie dos nomes bizarros e ridículos que tomam certos espíritos que querem se impor à credulidade. Seria soberanamente absurdo tomar esses nomes a sério.
14.- Desconfie também dos espíritos que se apresentam muito facilmente com nomes extremamente venerados e não aceite suas palavras senão com a maior reserva. Neste caso é necessário um controle severo e indispensável, porque, freqüentemente, é uma máscara que tomam para fazer crer em pretendidas relações íntimas com os espíritos excepcionais. Por esse meio afagam a vaidade do médium e dela se aproveitam para induzi-lo, constantemente, a diligências lamentáveis ou ridículas.
15.- Os bons espíritos são muito escrupulosos sobre as atitudes que podem aconselhar. Em todos os casos, não aconselham jamais se não houver um objetivo sério eminentemente útil. Deve-se considerar como suspeitas todas as que não tiverem esse caráter, ou não estiverem de acordo com a razão. É ainda necessário refletir maduramente todo conselho recebido para não correr o risco de expor-se a mistificações desagradáveis.
16.- Os bons espíritos podem também serem reconhecidos pela sua prudente reserva sobre todas as coisas que podem comprometer. Repugna-lhes revelar o mal.
Os espíritos levianos ou malévolos se comprazem em faze-lo realçar. Enquanto que os bons procuram suavizar os erros e pregam a indulgência, os maus os exageram e sopram a cizânia por meio de insinuações pérfidas.
17.- Os bons espíritos prescrevem unicamente o bem. Toda máxima, todo conselho que não esteja estritamente conforme a pura caridade evangélica, não pode ser obra dos bons espíritos.
18.- Os bons espíritos não aconselham jamais senão coisas perfeitamente racionais. Toda recomendação que se afaste da reta linha do bom-senso ou das leis imutáveis da natureza, acusa um espírito limitado e, por conseqüência, pouco digno de confiança.
19.- Os espíritos maus ou simplesmente imperfeitos se traem ainda por sinais materiais ante os quais a ninguém poderiam enganar. Sua ação sobre o médium é algumas vezes violenta, nele provocando movimentos bruscos e sacudidos, uma agitação febril e convulsiva, que se choca com a calma e a doçura dos bons espíritos.
20.- Os espíritos imperfeitos, freqüentemente, aproveitam os meios de comunicação de que dispõem para dar pérfidos conselhos. Excitam a desconfiança e animosidade contra aqueles que lhe são antipáticos, os que podem desmascarar suas imposturas são, sobretudo, o objeto de sua repreensão.
Os homens fracos são seu alvo para os induzir ao mal. Empregando, sucessivamente, os sofismas, os sarcasmos, as injúrias e até sinais materiais de seu poder oculto para melhor convencer, procuram desviá-los da senda da verdade.
21.- O espírito de homens que tiveram, na Terra, uma preocupação única, material ou moral, se não estão libertos da influência da matéria, estão ainda sob o império das idéias terrestres, e carregam consigo uma parte de preconceitos, de predileções e mesmo de manias que tinham neste mundo. O que é fácil de se reconhecer pela sua linguagem.
22.- Os conhecimentos com os quais certos espíritos se adornam, com uma espécie de ostentação, não são um sinal de sua superioridade. A inalterável pureza dos sentimentos morais é, a esse respeito, a verdadeira prova de sua superioridade moral.
23.- Não basta interrogar um espírito para conhecer a verdade. É preciso, antes de tudo, saber a quem se dirige, porque os espíritos inferiores, ignorantes eles mesmos, tratam com frivolidade as questões mais sérias.
Também não basta que um espírito tenha tido um grande nome na Terra, para ter, no mundo espírita, a soberana ciência. Só a virtude pode, em purificando-o, aproximá-lo de Deus e desenvolver seus conhecimentos.
24.- Da parte dos espíritos superiores, o gracejo, freqüentemente, é fino e picante, mas jamais é trivial. Entre os espíritos gracejadores que não são grosseiros, a sátira mordaz é sempre muito oportuna.
25.- Estudando-se com cuidado o caráter dos espíritos que se apresentam, sobretudo do ponto de vista moral, se reconhece sua natureza e o grau de confiança que se lhe pode conceder. O bom-senso não poderia enganar.
26.- Para julgar os espíritos, como para julgar os homens, é preciso saber primeiro julgar a si mesmo. Infelizmente, há muitas pessoas que tomam sua opinião pessoal por medida exclusiva do bom e do mau, do verdadeiro e do falso. Tudo o que contradiga sua maneira de ver, suas idéias, o sistema que conceberam ou adotaram, é mau aos seus olhos. A tais pessoas, evidentemente, falta a primeira qualidade para uma justa apreciação: a retidão do julgamento. Mas disso não suspeitam. É o defeito sobre o qual mais nos iludimos.
Acreditamos que tendo essas considerações em mente, fica bem mais fácil discernirmos a qualidade de nossos próprios pensamentos e também nos precavermos de tanta charlatanice que anda deturpando a essência esclarecedora do espiritismo por aí.
Centro de Estudos Espíritas Paulo Apóstolo, Ceepa, Mirassol, SP
Assinar:
Postagens (Atom)