quarta-feira, 23 de março de 2011
Hormônio do amor
Existem evidências rigorosamente científicas de que a generosidade, a cordialidade e o amor fraterno são fatores geradores de saúde e longevidade.
Muitos estudos realizados em várias partes do mundo têm mostrado que indivíduos que desenvolvem tarefas altruístas, como voluntários em grupos religiosos ou ONGs preocupadas com o bem-estar dos mais necessitados, adoecem menos e vivem mais.
Até então não se sabia como isso se dava. Pesquisas recentes têm mostrado a possibilidade de um hormônio, denominado ocitocina, ser o responsável pelos efeitos positivos das qualidades morais sobre a saúde humana.
A ocitocina é uma substância produzida pelo hipotálamo e armazenada na hipófise posterior. Quando liberada na circulação sanguínea, promove a liberação de leite durante a lactação e a contração uterina no parto. Isso já se sabe, há muitos anos. A novidade é a seguinte: a ocitocina liberada no sistema nervoso central age de forma bem diferente, influenciando várias funções orgânicas e psíquicas. Ela inibe dois sistemas importantes, o Sistema nervoso simpático (reduzindo a liberação de Noradrenalina e Adrenalina) e a produção de cortisol pelas glândulas supra-renais. As conseqüências dessa inibição são: dilatação dos vasos sanguíneos, diminuição do trabalho cardíaco, queda da pressão arterial, relaxamento muscular, diminuição da tensão e sensação de bem-estar. Isso é tudo o que nós precisamos para viver mais e melhor.
A ocitocina definitivamente deixou de ser apenas um hormônio associado à lactação e parto. Suas funções pró-sociais já incluem a formação de laços afetivos entre mães e filhos e entre namorados, o que tem levado alguns pesquisadores a denominá-la de “hormônio do amor”.
Segundo um estudo da Universidade de Zurique, um pouquinho de ocitocina pingada no nariz de casais prestes a começar uma discussão diminui o estresse e deixa os casais mais propensos a “abrir seu coração” durante a briga.
Uma tese de mestrado realizada na Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto mostrou que ocitocina aplicada de forma intranasal reduziu significativamente o estresse advindo de ser obrigado a falar em público.
Cientistas da Claremont Graduate University estudaram os efeitos da ocitocina em voluntários que deveriam decidir se davam ou não dinheiro a estranhos. Segundo os pesquisadores, os que receberam o hormônio ofereceram 80% mais dinheiro que aqueles que tomaram um placebo.
Em artigo publicado em 2005, na revista Nature, outra experiência apontou a ocitocina como um hormônio do bem. Um spray de ocitocina foi aplicado a 194 jovens universitários, para um estudo realizado por pesquisadores de Zurique, na Suíça. Depois do contato com a substância, eles deveriam encontrar um banqueiro para decidir o destino de seus investimentos. Resultado: duas vezes mais investidores confiaram dinheiro aos bancos, por conta da substância. Isso indicaria que ela também desperta a reação de confiança.
Curiosamente o hormônio está presente em níveis bem superiores nas mulheres que nos homens. Talvez isso possa representar a causa da maior valorização do compromisso por parte das mulheres, que são muito mais fiéis que os homens em suas relações afetivas.
A neuroendocrinologista Sue Cartes, de Illinois, nos Estados Unidos, descobriu que camundongos, cujo cérebro responde à ocitocina, são mais fiéis, e que estímulos como carinho, calor e experiências agradáveis aumentam os níveis dessa substância.
Todas essas descobertas são muito esclarecedoras e começam a construir uma ponte entre os valores morais e o bem-estar físico e mental, no entanto, a ciência encontra-se ainda um pouco distante da chave que abre o cofre da real compreensão de todos esses processos. Só a “Psicologia Integral”, na feliz expressão de Gabriel Delanne, vai equacionar definitivamente tudo isso: o Espírito, através de sua poderosa energia, via perispírito, sensibiliza o cérebro, e este, então, através de substâncias específicas, como a ocitocina, age promovendo as respostas desejadas no corpo – veículo transitório desse mesmo Espírito em direção a um futuro venturoso.
RICARDO BAESSO DE OLIVEIRA kargabrl@uol.com.br
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