sábado, 30 de abril de 2011
Não desdenhe brilhar
Sim, era acusado de um crime e fora aprisionado pelos homens...
Tudo indicava que na máscara daquele rosto e beleza fugira.
Traços duros e irregulares.
Tez sem cor e sem viço.
Cabelos ralos e descuidados.
Testa vincada por rugas profundas.
Olhos embaciados por desesperos ocultos.
Nariz adunco e disforme.
Boca rasgada de cantos contraídos.
Maxilares proeminentes.
Ar de tristeza e preocupação.
E caminha vacilante.
Tormento à vista...
Súbito, porém, o homem sorri e um sopro de simpatia vitalizam-lhe o semblante.
Alteram-se-lhe todas as linhas para melhor qual se possante facho interior fosse aceso de inesperado.
Não era o mesmo homem. Já não parecia um criminoso...
***
Amigo, você já observou o efeito renovador de um sorriso?
Sorriso é raio de luz da alma.
E a luz, ainda mesmo no abismo, é sempre esplendor do Alto vencendo as trevas.
Não negue a dádiva do sorriso seja a quem for.
Sorri na dificuldade.
Sorria na luta.
Sorri na dor.
Sua alma é sol divino.
Não desdenhe brilhar.
Do livro Ideal espírita
Autor: Valérium. Psicografado por Chico Xavier.
quinta-feira, 28 de abril de 2011
Pensamento e vontade
EDUARDO AUGUSTO LOURENÇO
“Tendes ouvido o que foi dito: Não cometereis adultério. Mas eu vos digo: Todo aquele que olhar para uma mulher com mau desejo já cometeu no seu coração adultério com ela” (Jesus. Evangelho de Mateus, 5:27).
Quando foram pronunciadas, há mais de 2.000 anos, as palavras do Mestre Jesus, devem ter causado estranheza aos participantes do inolvidável sermão da montanha.
Quando foram pronunciadas, há mais de 2.000 anos, as palavras do Mestre Jesus, devem ter causado estranheza aos participantes do inolvidável sermão da montanha.
Na época, Jesus trazia a lei do amor incondicional. O conceito de adultério, até então, era somente relacionado ao fato em si.
Mas Jesus esclarece que também aquele que pensa em adulterar estará assumindo graves responsabilidades com a sua consciência em relação ao fato.
O Mestre quis demonstrar que somos responsáveis não só pelo que fazemos, mas, também, pelo que falamos e pensamos.
E sendo o pensamento a “raiz” do que iremos falar, ou fazer, isso o coloca em altíssimo grau de importância, pois somos o que pensamos.
É fácil entendermos a afirmação de Jesus. Um pensamento de adultério se irradiará na direção da pessoa que se deseja, influenciando-a com essa energia negativa, perturbando-a com a idéia de traição e sedução, podendo perdurar dias e noites. Perante as Leis Divinas, essa pessoa que projetou o pensamento é responsável por todo mal que for feito por ele.
Grande é a responsabilidade que temos com os nossos pensamentos.
Ao analisarmos a profundidade do ensinamento de Jesus, percebemos como é de alta relevância compreender o funcionamento dessas energias mentais para conseguirmos, realmente, a nossa tão desejada transformação moral.
Nós somos filhos da divindade, e possuíamos a força do pensamento. Nosso poder mental criador, centelha da mente de “Deus”, permite-nos edificar a paz, pois, “O reino de Deus está dentro de vós” ou criar as trevas íntimas no cerne da alma; a escolha é sempre nossa, paraíso e inferno é grau de consciência.
Todos nós somos usinas mentais, criando e empregando o pensamento e a vontade. O ser atua sobre os fluidos espirituais, construindo os seus mundos particulares, valendo-se do laboratório vivo do astral.
Por meio das vibrações do perispírito, pode provocar fenômenos luminosos, acústicos ou olfativos agradáveis ou desagradáveis.
As construções do mundo invisível revelam uma grande semelhança com as de Terra, uma vez que é elaborada a partir do gosto estético ou das recordações dos seus arquitetos.
Em regiões elevadas moralmente, onde reina o Belo e o Bem, desfilam criações inimagináveis, cidades, jardins, bosques, cuja beleza ultrapassa a dos toscos parâmetros terrenos.
Por outro lado, infestam o invisível inferior ambiente de horror indescritível, produtos das mentes enlouquecidas pelo ódio, pelo sofrimento, pelo remorso, gerando cenas macabras que atormentam, sobretudo assassinos e suicidas.
Pela lei de atração e afinidade, reúnem-se ali grupos ou falanges de Espíritos, alimentando, assim, seus próprios infernos, fortalecendo as algemas que os escravizam a esses antros infernais.
Os nossos pensamentos, sentimentos, tendências e caráter acabam atraindo as companhias espirituais com as quais temos afinidade: “Dize-me com quem tu andas e eu te direi quem tu és”.
Daí a necessidade de educar nossas mentes, elevando-lhes o padrão vibratório, vigiando o pensamento contra o assalto das trevas, instaurando, assim, a nossa própria paz.
As ondas mentais são energias emitidas pela mente, e que podem ser analisadas de acordo com o teor da sua frequência vibratória.
São elas que possibilitam estabelecer a sintonia com outras mentes encarnadas ou desencarnadas. Quanto maior a direção no Bem, maior será a frequência da nossa onda mental.
Assim sendo, eleva a frequência vibratória tudo aquilo que reflete a essência de uma virtude: a bondade, o perdão, a tolerância, a compreensão, a caridade, a solidariedade, a benevolência, uma leitura edificante, uma oração...
Com o mesmo mecanismo acontece com as nossas irradiações negativas. Assim, se nos colocarmos a produzir pensamentos que ninguém conhecerá sobre a mulher ou o homem do próximo, estaremos projetando formas-pensamento negativas à pessoa alvo, que até poderão causar-lhe algum malefício.
Independentemente disto, nós já teremos certa quota de responsabilidade e negatividade perante as Leis Divinas, por causa da semeadura infeliz.
terça-feira, 26 de abril de 2011
segunda-feira, 25 de abril de 2011
Influência da música sobre os criminosos, os loucos e os idiotas
"De todos os tempos, reconheceu-se à música uma influência salutar para o abrandamento dos costumes; a sua introdução entre os criminosos seria um progresso incontestável e não poderia ter senão resultados satisfatórios; ela comove as fibras entorpecidas
da sensibilidade, e as predispõe a receber as impressões morais.
Mas isto é suficiente?
Não; é um trabalho sobre um terreno inculto, que é preciso semear de idéias próprias a fazerem, sobre essas naturezas desencaminhadas uma profunda impressão. É preciso falar à alma depois de ter amolecido o coração. O que lhes falta é a fé em Deus, em sua alma e no futuro; não uma fé vaga, incerta, incessantemente combatida pela dúvida, mas uma fé fundada sobre a certeza, a única que pode torná-la inabalável. Sem dúvida, a música pode a isso predispor, mas ela não a dá. Por isso não é menos uma auxiliar que não é preciso negligenciar. Essa tentativa e muitas outras, às quais a Humanidade e a civilização não podem senão aplaudir, testemunham uma louvável solicitude para o moral dos condenados; mas resta ainda alcançar o mal em sua raiz; um dia se reconhecerá toda a extensão que se pode tirar nas idéias espíritas, cuja influência já está provada pelas numerosas transformações que elas operam sobre as naturezas em aparência as mais rebeldes.
Aqueles que aprofundaram essa doutrina e meditaram sobre as suas tendências e as suas conseqüências inevitáveis, só eles podem compreender o poder do freio que ela opõe aos arrastamentos perniciosos. Esse poder prende-se a que ela se dirige à própria
causa desses arrastamentos, que é a imperfeição do Espírito, ao passo que a maior parte do tempo não se a procura senão na imperfeição da matéria. O Espiritismo, como doutrina moral, hoje não está mais no estado de simples teoria; entrou na prática, ao menos para um grande número daqueles que lhe admitem o princípio; ora, segundo o que se passa, e em presença dos resultados produzidos, pode-se afirmar sem medo que a diminuição dos crimes e delitos será proporcional à sua vulgarização. É o que um futuro próximo se encarregará de demonstrar. À espera disso, que a experiência se faça numa mais vasta escala, se faça todos os dias individualmente. A Revista disso fornece numerosos exemplos; limitar-nos-emos a lembrar as cartas dos dois prisioneiros, publicadas nos números de novembro de 1863, página 350, e fevereiro de 1864, página 44.
Deixamos aos nossos leitores o cuidado de apreciar o fato acima, relativo à loucura; sem contradita, é a mais amarga crítica dos alienistas que não conhecem senão as duchas e a camisa de força.
O Espiritismo vem lançar uma luz toda nova sobre as doenças
mentais, demonstrando a dualidade do ser humano, e a possibilidade de agir isoladamente sobre o ser espiritual e sobre o ser material. O número sem cessar crescente dos médicos
que entram nesta nova ordem de idéias, necessariamente, conduzirá a grandes modificações no tratamento dessas espécies de afecções. Abstração feita de idéia espírita propriamente dita, a constatação dos efeitos da música em semelhante caso é um passo no caminho espiritualista da qual os alienistas, geralmente, estão afastados até este dia, com grande prejuízo dos doentes.
O efeito produzido sobre os idiotas e os cretinos é ainda mais característico. Os loucos, quase sempre, foram homens inteligentes; ocorre de outro modo com os idiotas e os cretinos, que parecem votados, pela própria Natureza, a uma nulidade moral absoluta. O
Espiritismo experimental vem ainda lançar aqui a luz provando, pelo isolamento do Espírito e do corpo, que esses são, geralmente, Espíritos desenvolvidos e não atrasados, como poder-se-ia crer, mas unidos a corpos imperfeitos. A igualdade de inteligência, há esta diferença entre o louco e o cretino, que o primeiro é provido, no nascimento do corpo, de órgãos cerebrais constituídos normalmente, mas que se desorganizam mais tarde; ao passo que o segundo é um Espírito encarnado num corpo cujos órgãos atrofiados, desde o princípio, jamais lhe permitiram manifestar livremente o seu pensamento; está na situação de um homem forte e vigoroso a quem se teria tirado a liberdade de seus movimentos.
Esse constrangimento, para o Espírito, é um verdadeiro suplício, porque ele não tem menos a faculdade de pensar, e sente, como Espírito, a abjeção em que o coloca a suaenfermidade.Suponhamos, pois, que num instante dado se possa, por um tratamento qualquer, desligar os órgãos, o Espírito recobraria a sua liberdade, e o maior cretino se tornaria um homem inteligente; seria como um prisioneiro saindo de sua prisão, ou como um bom músico posto em presença de um instrumento completo, ou ainda, como um mudo recobrando a palavra.
O que falta ao idiota não são as faculdades, mas as cordas cerebrais respondendo a essas faculdades pelas suas manifestações. Na criança normalmente constituída, o exercício das faculdades do Espírito leva ao desenvolvimento dos órgãos correspondentes,
que não oferecem nenhuma resistência; no idiota, a ação do Espírito é impotente para provocar um desenvolvimento, permanecendo num estado rudimentar, como um fruto abortado.
A cura radical do idiota, portanto, é impossível; tudo o que se pode esperar é uma ligeira melhora. Para isto, não se conhece nenhum tratamento aplicável aos órgãos; é ao Espírito que é preciso se dirigir. Estudando as faculdades das quais se descobre o germe, é preciso provocar-lhe o exercício de parte do Espírito, e então este, superando a resistência, poderá obter uma manifestação, se não completa, pelo menos parcial. Se há um meio externo de agir sobre os órgãos, sem contradita, é a música. Ela chega a abalar essas fibras entorpecidas, como um grande barulho que chegue ao ouvido de um surdo; o Espírito a isso se comove, como numa lembrança, e sua atividade, provocada, redobra esforços para vencer os obstáculos.
Para aquele que não vê no homem senão uma máquina organizada, sem levar em conta a inteligência que preside ao funcionamento desse organismo, tudo é obscuridade e problema nas funções vitais, tudo é incerteza no tratamento das afecções; é por isso que,
o mais freqüentemente, se fere ao lado do mal; bem mais: tudo são trevas nas evoluções da Humanidade, tudo é apalpadela nas instituições sociais; é por isso que se faz, tão freqüentemente,
falso caminho. Admiti, somente a título de hipótese, a dualidade do homem, a presença de um ser inteligente independente da matéria, preexistente e sobrevivente ao corpo, que não é para ele senão um envoltório temporário, e tudo se explica. O Espiritismo,
por experiências positivas, fez desta hipótese uma realidade, nos revelando a lei que rege as relações do Espírito e da matéria.
Ride, pois, céticos, da Doutrina dos Espíritos, saída do vulgar fenômeno das mesas girantes, como a telegrafia elétrica saiu das rãs dançantes de Galvani; mas pensai que, negando os Espíritos, estais negando a vós mesmos, e que se riu das maiores descobertas"
Allan Kardec
Revista Espírita de setembro de 1864
Gostaria particularmente de ressaltar o vanguardismo e o bom senso do nosso querido mestre lionês nesse artigo da Revista Espírita quando afirma que a deficiência mental não tem cura diz uma verdade fundamentada pela Ciência. Na época em que os doentes mentais eram amarrados em camisas de força, afirma que a Medicina mudará a forma de tratar o doente psiquiático quando considerá-lo sob a ótica material e espiritual indicando uma nova forma de tratamento humanizado, a Musicoterapia, aplicada aos deficientes mentais denominados "idiotas" sem a conotação pejorativa atual, vislumbra um novo tipo de tratamento complementar e inovador.
Deixo aqui registrada uma análise atual da Musicoterapia e educação especial, extraído do blog musicoterapia-saopaulo.blogspot.com:
A música vem sendo utilizada como cura desde os primórdios da humanidade, mas se estabeleceu como ciência somente após a Segunda Guerra Mundial. A Musicoterapia tem inúmeras aplicações, entre elas síndromes genéticas como Down, Turner e Rett, distúrbios neurológicos, distúrbios emocionais, deficiências sensoriais, visuais e auditivas, autismo, entre outras.
Principais metas da Musicoterapia na educação especial:
l Estimular a comunicação (verbal e não verbal);
l Estimular a expressão corporal, vocal e sonora (através de instrumentos musicais, dança e canto);
l Melhorar a auto-estima;
l Explorar as potencialidades e a conscientização dos próprios limites;
l Estimular a coordenação motora grossa e fina através de atividades musicais, utilizando instrumentos musicais de percussão simples;
l Melhora da orientação espacial e corporal através de vivências musicais;
l Expandir a capacidade de atenção e concentração;
l Estimular a imaginação e criatividade;
l Exercitar a memória;
l Promover um melhor relacionamento intra e interpessoal;
l Atenuar a carência afetiva através de vivências grupais;
Os objetivos gerais podem variar de acordo com as características do grupo ou indivíduo, suas necessidades e peculiaridades.
No autismo, por exemplo, a Musicoterapia atuará no desenvolvimento e estabelecimento de canais de comunicação através da música e do som, se estendendo posteriormente para a comunicação verbal. Com indivíduos portadores de déficits de aprendizagem ou atraso mental, o principal objetivo será focar a cognição e aprendizagem. Em crianças com paralisia cerebral e síndromes que envolvam déficits motores, a Musicoterapia enfocará também o uso de ritmos e instrumentos musicais, agindo tanto como estímulo à comunicação e cognição como na melhora da motricidade.
Na deficiência visual, a música age como excelente forma de expressão e estimulação, auxiliando a localização espacial, a cognição e raciocínio e permitindo a expressão de conteúdos internos de uma forma não verbal. Já na deficiência auditiva, a Musicoterapia trabalha com o tato utilizando vibrações sonoras e instrumentos musicais como material estimulador.
Independente das necessidades provenientes de cada patologia citada acima, a Musicoterapia valoriza a expressão de cada indivíduo, respeitando suas particularidades e auxiliando-o em suas dificuldades, como um ser global.
Os métodos e materiais utilizados serão: a voz, o corpo, instrumentos musicais de fácil manejo e execução, materiais lúdicos-educativos e, ocasionalmente, aparelho de som e CDs específicos.
A Musicoterapia trabalha com tratamentos individuais ou em grupo. Os tratamentos individuais possibilitam um melhor conhecimento do paciente, o estabelecimento de uma relação terapêutica mais personalizada e uma aplicação mais precisa às suas necessidades. São indicadas para alguns casos de autismo, psicoses e distúrbios graves de personalidade. Os tratamentos grupais possibilitam o aprofundamento do autoconhecimento do paciente, mudanças no afeto, cognição e comportamentos e estimula a sociabilização. Os grupos são formados de acordo com as deficiências, idade mental e cronológica, afinidade de gostos musicais e aspectos culturais (quando possível).
BIBLIOGRAFIA
BLASCO, S. P. – Compendio de Musicoterapia; Vol. I, Empresa Editorial Herder, S.A., Barcelona, 1999.
GASTON, E. T – Tratado de Musicoterapia, Ed. Paidos, Buenos Aires, 1968.
JOURDAIN, R. – Música, Cérebro e Êxtase: Como a música captura nossa imaginação, Ed. Objetiva, Rio de Janeiro, 1998.
Ouve os anjos
O quem vem de vós anota sua origem, seu estado, sua vida.
Responde sinceramente e diz-me a verdade.
Existe em teu passo a infalibilidade dos perfeitos e estão tuas asas prontas para voar?
Gostarias de responder que sim, mas nada esta mais distante da realidade.
Vossos pés estão atados ao solo, pelo peso de vossas próprias angustias e cercado pelo medo construído em suas viagens mentais.
Onde esta a chave do sol, da vida, do céu.
Ouve a voz dos anjos, sente dentro de teu coração a voz daqueles que já cruzaram este caminho e venceram o medo e a ansiedade.
Para desfrutar do momento mágico que estas vivendo só recomendamos que se deixe levar pela onda da compaixão.
Nunca mais verás, ouviras ou testemunharas qualquer coisa sem que as fibras de tua alma vibrem em ressonância.
Como calar-se diante da ignorância, dor, do sofrimento?
O preço da luz é não mais acostumar-se a sombra sem fazê-la um objetivo a ser iluminado.
Cada um de nós é chamado a seu tempo a fazer de sua vida um reflexo da bondade Divina.
Deus ajuda os homens pelos próprios homens. Esta época que vivenciais agora é conhecida na noite dos tempos como festa de compaixão e serviço ao menos favorecido.
Através de tua mão amiga, do teu trabalho e do teu esforço desinteressado, alguns passaram estas datas com um pouco mais de esperança, de alegria.
Recorda que no coração dos infelizes o amor segue bem de perto o ódio, então mãos a obra.
Ouve os anjos que estão em toda parte construindo o vosso amanhã.
Reage a dor com atitude, com disposição e vontade e saberás o que fazer, pois os anjos falaram por tua boca e orientaram ao pé de seu ouvido, orientando e conduzindo para que sua presença seja motivo de renovação e renascimento. O amor esta em toda parte, espargindo entendimento e fazendo de nosso caminho um sendero de luz. Ouçamos o chamado em nosso coração e compareçamos com alegria diante de tudo e de todos, somando vossa voz a sinfonia do amor.
Levanta-te agora e faz o que manda seu coração; pois é ali que falam os anjos.
Fraternalmente
Irmãos Incondicionais
sábado, 23 de abril de 2011
A fé que move montanhas
“Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada”
(Mateus, 8:5-11.)
(Mateus, 8:5-11.)
EDUARDO AUGUSTO LOURENÇO
Quando Jesus entrou na cidade de Cafarnaum, um oficial romano foi encontrar-se com ele e pediu que curasse o seu empregado. Ele disse: – Senhor, o meu empregado está na minha casa, tão doente, que não pode nem se mexer na cama. Ele está sofrendo demais. – Eu vou lá curá-lo! - disse Jesus.
O oficial romano respondeu: – Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma só palavra e o meu servo será curado. Eu também estou debaixo da autoridade de oficiais superiores e tenho soldado que obedecem às minhas ordens. Digo para um; “Vá lá”, e ele vai. Digo para outro: “Venha cá”, e ele vem. E digo também para o meu empregado: “Faça isto”, e ele faz.
Quando Jesus ouviu isso, ficou muito admirado e disse aos que o seguiam: – Eu afirmo a vocês que isto é verdade; nunca vi tamanha fé, nem mesmo entre o povo de Israel! E digo a vocês que muita gente vai chegar do Leste e do Oeste e se sentar à mesa no Reino do Céu com Abraão, Isaque e Jacó, e não aparecerá um indivíduo com tanta confiança igual a este homem.
O oficial romano além de ter muita fé, acreditou na autoridade moral de Jesus, por isso o seu soldado foi curado a longa distância. A Fé quando gerada no coração, com muita vontade e confiança, tem uma força direta e transformadora na ação magnética. O ser humano interage sobre o fluido, agente universal, modificando suas qualidades e elementos de acordo com o que cada ser emana nos seus pensamentos, dando-lhe a impulsão desejada. Por isso, aquele que tem um grande poder fluídico, através da sua força mental, juntando-se com uma fé fervorosa e com a vontade dirigida para a bondade, pode operar fenômenos estranhos de cura, a curta ou a longa distância, como foi o caso do oficial romano que acreditou na cura do seu soldado.
Tal o motivo pelo qual Jesus disse aos apóstolos: – Se não haveis curado é que não tínheis fé”, a fé é algo intrínseco no ser humano, tributo natural do Espírito; é um sentimento plantado por “Deus” em nossas consciências.
Sendo que esta fé pode ser manifestada com diferentes nuances, em cada uma das diversas religiões, compreendendo que o divino se revela na capacidade evolutiva de cada ser, dependendo da maneira como cada um interpreta o Criador.
A fé é força motriz que vai sendo afinada no exercício da oração, da caridade e do amor incondicional; a fé ilumina o coração, ultrapassando o âmbito da crença religiosa, aonde o Espírito se refaz na energia que emana do seu próprio íntimo.
A palavra fé vem do latim: que significa “fides”, e o termo pode ser empregado em duas categorias: profana ou religiosa. No sentido profano, significa dar crédito na existência do fato, fazer bom juízo sobre alguém, expressar sinceridade no modo de agir etc. Quando o testemunho, no qual se baseia a confiança absoluta, é a revelação divina, fala-se de fé no seu sentido religioso. A fé, neste sentido, não é um ato irracional. Com efeito, o espírito humano só pode aderir incondicionalmente a um objeto quando possui a certeza de que é verdadeiro.
Muitos homens estudiosos aliaram a fé com a ciência; sendo que esta ferramenta que comprova e descobre oferece ao ser humano o conhecimento das leis da natureza concreta; ao contrário, a fé transporta o homem à transcendência do mundo invisível.
A ciência gera a investigação metodológica do mundo visível; a fé se desenvolve na confiança e na esperança do nosso Criador.
A ciência precisa de provas e pesquisas; a fé requer compreensão e benevolência; a ciência exige estudo e prática; a fé exige contemplação, entendimento e movimento.
Há um ponto sutil entre a ciência e a fé; aonde termina o limite estreito da ciência, começa o espaço infindável da fé. O homem da ciência estuda para entender; o homem da fé pratica a caridade para desabrochar este sentimento. Ambas se completam e se auxiliam mutuamente. Podemos citar alguns pensadores e cientistas que aliaram estas duas asas:
– Max Planck (1858-1947), prêmio Nobel de Física em 1918, pela descoberta do “quantum” de energia, dizendo: “O impulso de nosso conhecimento exige que se relacione a ordem do universo com Deus”.
– Antoine Henri Becquerel (1852-1908), Nobel de Física em 1903, descobridor da radioatividade, afirmou: “Foram minhas pesquisas que me levaram a Deus”.
– Andrews Millikan (1868-1953), prêmio Nobel de Física, em 1923, pela descoberta da carga elétrica elementar: “A negação de Deus carece de toda base científica”.
– Albert Einstein (1879-1955), Nobel de Física em 1921, pela descoberta do efeito fotoelétrico: “Quanto mais acredito na ciência, mais acredito em Deus”. “O universo é inexplicável sem Deus”.
– Erwin Schorödinger (1887-1961), prêmio Nobel de Física em 1933, pelo descobrimento de novas fórmulas da energia atômica: “A obra mais eficaz, segundo a Mecânica Quântica, é a obra de Deus”.
– Voltaire (1694-1778), racionalista e inimigo sagaz da fé católica, foi obrigado a dizer: “O mundo me perturba e não posso imaginar que este relógio funcione e não tenha tido um relojoeiro”.
– Edward Mitchell, astronauta da Apolo 14, um dos primeiros homens a pisar na Lua: “O Universo é a verdadeira revelação da divindade, uma prova da ordem universal da existência de uma inteligência acima de tudo o que podemos compreender”.
Seria lógico analisarmos que a fé e a ciência se entrelaçam; tendo a ciência o papel de livrar a fé da cegueira; e a fé orientando a ciência a não cair num materialismo radical. A fé precisa ser amparada sob a ótica da ciência para não ser míope e nem cair no misticismo, tornando-se fanática e doentia; como a ciência precisa ser auxiliada pela fé, para não virar uma ferramenta a serviço da destruição da humanidade.
A fé, através da oração e da meditação, vem sendo comprovada por pesquisas científicas, como afirma o radiologista Andrew Newberg, da Universidade da Pensilvânia, que submeteu o cérebro de budistas do Tibet em profunda meditação a exames tomográficos, e consequente acompanhamento da atividade cerebral após injeções de soluções radioativas na veia. Este estudo também foi repetido com freiras em oração.
Chegou-se à conclusão que tanto a meditação como as orações desligaram os circuitos cerebrais que controlam a noção de limites físicos do ser humano. Seria a explicação bioquímica para a sensação de transcendência e o alto grau de concentração mental obtidos com a meditação.
O médico americano, Dr. Harold Koenig, formado pela Universidade da Califórnia, com especializações em Geriatria, Psiquiatria e Bioestatística, fez inúmeras pesquisas no campo da ciência com relação à espiritualidade, chegando à conclusão que as pessoas que oram regularmente e possuem práticas religiosas apresentam melhor sistema imunológico, ou seja, adoecem menos, e, quando doentes, superam melhor a enfermidade. Aponta também, que pessoas com fé reduzem a incidência de doenças cardiovasculares, câncer, pressão alta, entre outros males, além do tempo de sobrevivência maior no caso de doenças graves, como o câncer e o HIV.
O psiquiatra Frederico Camelo Leão afirma que “pessoas com atitude positiva e fé têm saúde melhor”; ele defendeu a tese de doutorado sobre o assunto no Hospital das Clínicas de São Paulo. “Isso vale tanto para a espiritualidade intrínseca, quando a pessoa é voltada a seus valores internos, quanto à extrínseca, quando a pessoa se associa a grupos e cerimônias”.
David Myers, professor de psicologia da Faculdade Hope, em Michigan (EUA), fez uma pesquisa afirmando que pessoas com fé religiosa conseguem melhorar o funcionamento de seu sistema imunológico. “Ter uma fé ativa é tão fortemente associado à longevidade, quanto ao hábito de não fumar”.
Um grupo de pesquisadores da Dana-Farber Cancer Institute e da Escola de Medicina da Universidade de Harvard realizou uma pesquisa, publicada no Journal of Clinical Oncology, em fevereiro (2007), para avaliar a importância e a influência da religiosidade e da espiritualidade sobre os pacientes com câncer em estágios terminais. “A religiosidade e a fé são questões presentes, de forma marcante, na vida de muitas pessoas, seja em momentos de alegria, seja em situações delicadas ou difíceis, como durante uma doença com poucas possibilidades de cura.”
A fé é o combustível para entendermos as engrenagens do nosso universo íntimo, sendo que somos fagulhas celestiais, energias geradas pelo cosmo divino. Esta fé nos dá o sustento e o equilíbrio para uma vida mental saudável; ela é a geradora da esperança, da resignação, da compreensão e da humildade. A fé nos mostra que somos pequenos grãos de areia perante a perfeição de “Deus”.
Este sentimento desperto em nossa alma cura-nos das nossas doenças e mazelas do Espírito; intercede por aqueles que sofrem; liga-nos através da prece com nosso Criador, alimentando-nos de esperança e de paz.
– A prece é agradável a Deus? "A prece é sempre agradável a Deus, quando ditada pelo coração, porque a intenção é tudo para Ele. A prece do coração é preferível à que podes ler, por mais bela que seja, se a leres mais com os lábios que com o pensamento. A prece é agradável a Deus quando é proferida com fé, com fervor e sinceridade. Não creias, pois, que Deus seja tocado pelo homem vão, orgulhoso e egoísta, a menos que sua prece represente um ato de sincero arrependimento e de verdadeira humildade." (O Livro dos Espíritos, pergunta 658.)
Agradece
Agradece as mãos que te constróem a existência, decorando-a com as tintas da alegria e da esperança, mas endereça os teus pensamentos de gratidão àquelas outras que te ferem com os espinhos da incompreensão, ensinando-te a conviver e a servir.
Agradece as vozes que te embalam os anseios, entretecendo hinos de paz e amor com que te inspiram as melhores realizações, no entanto, envia as tuas vibrações de reconhecimento àquelas outras que te exageram essa ou aquela falha, induzindo-te a compreender e a perdoar.
Agradece aos amigos que te proporcionam mesa farta, impulsionando-te a pensar na abastança da Terra, mas não recuses respeito àqueles que, em algum tempo, te sonegaram o pão, levando-te a prestigiar a fraternidade e a beneficência.
Agradece aos irmãos que te reconhecem a nobreza de sentimentos, louvando-te o trabalho, entretanto, não olvides o apreço que se deve àqueles outros que te menosprezam, auxiliando-te a descobrir os tesouros da humildade e da tolerância.
Certa feita, um pedaço de carbono sumido no monturo pediu a Deus o levasse para a superfície da Terra, a fim de ser mais útil. O Supremo Senhor ouviu-lhe a súplica e determinou fosse ele detido no subsolo para a devida maturação.
O minério humilde aceitou a resposta e permaneceu na clausura, por séculos e séculos, suportando a química da natureza com o assalto constante dos vermes que habitavam o chão.
Chegou, por fim, o tempo em que o Criador mandou arrancá-lo para atender-lhe aos ideais. Instrumentos de perfuração exumaram-no a golpes desapiedados e o lapidário cortou-lhe o corpo, de vários modos, em minucioso burilamento.
Mas quando o carbono sublimado surgiu, de todo, aos olhos do mundo, Deus o havia transformado no brilhante, que passou a brilhar, entre os homens, parecendo uma flor do arco-íris com o fulgor das estrelas.
Psicografia: Francisco Cândido Xavier. Autora: Meimei
Livro: Amizade
Poeminha Amoroso
tão meigo, tão terno, tão teu...
É uma oferenda aos teus momentos
de luta e de brisa e de céu...
E eu,
quero te servir a poesia
numa concha azul do mar
ou numa cesta de flores do campo.
Talvez tu possas entender o meu amor.
Mas se isso não acontecer,
não importa.
Já está declarado e estampado
nas linhas e entrelinhas
deste pequeno poema,
o verso;
o tão famoso e inesperado verso que
te deixará pasmo, surpreso, perplexo...
eu te amo, perdoa-me, eu te amo..."
Cora Coralina
sexta-feira, 22 de abril de 2011
Considerações sobre a prece no Espiritismo
Cada um é livre para encarar as coisas à sua maneira, e nós, que reclamamos essa liberdade para nós, não podemos recusá-la aos outros. Mas, do fato de que uma opinião seja livre, não se segue que não se possa discuti-la, examinar-lhe o forte e o fraco, pesar-lhe as vantagens ou os inconvenientes.
Dizemos isto a propósito da negação da utilidade da prece, que algumas pessoas gostariam de erigir em sistema, para dela fazer a bandeira de uma escola dissidente.
Essa opinião pode se resumir assim:
"Deus estabeleceu leis eternas, às quais todos os seres estão submetidos; não podemos nada lhe pedir e não lhe temos a agradecer nenhum favor especial, portanto, é inútil orar-lhe.
"A sorte dos Espíritos está traçada; é, pois, inútil orar por eles. Não podem mudar a ordem imutável das coisas, portanto, é inútil orar por eles.
"O Espiritismo é uma ciência puramente filosófica; não só não é uma religião, mas não deve ter nenhum caráter religioso. Toda prece dita nas reuniões tende a manter a superstição e a beatice."
A questão da prece foi, há muito tempo, discutida para que seja inútil repetir aqui o que se sabe a esse respeito. Se o Espiritismo proclama-lhe a utilidade, não é por espírito de sistema, mas porque a observação permitiu constatar-lhe a eficácia e o modo de ação.
Desde então que, pelas leis fluídicas, compreendemos o poder do pensamento, compreendemos também o da prece, que é, ela mesma, um pensamento dirigido para um objetivo determinado.
Para algumas pessoas, a palavra prece não revela senão uma idéia de pedido; é um grave erro. Com relação à divindade é um ato de adoração, de humildade e de submissão ao qual não se pode recusar sem desconhecer o poder e a bondade do Criador. Negar a prece a Deus é reconhecer Deus como um fato, mas é recusar prestar-lhe homenagem; está ainda aí uma revolta do orgulho humano.
Com relação aos Espíritos, que não são outros senão as almas de nossos irmãos, a prece é uma identificação de pensamentos, um testemunho de simpatia; repeli-la, é repelir a lembrança dos seres que nos são caros, porque essa lembrança simpática e benevolente é em si mesma uma prece. Aliás, sabe-se que aqueles que sofrem a
reclamam com instância como um alívio às suas penas; se a pedem, é, pois, que delatem necessidade; recusá-la é recusar o copo d'água ao infeliz que tem sede.
Além da ação puramente moral, o Espiritismo nos mostra, na prece, um efeito de alguma sorte material, resultante da transmissão fluídica. Sua eficácia, em certas doenças, está constatada pela experiência, como é demonstrada pela teoria. Rejeitar a prece é, pois, privar-se de um poderoso auxiliar para o alívio dos males corpóreos.
Vejamos agora qual seria o resultado dessa doutrina, e se ela teria alguma chance de prevalecer.
Todos os povos oram, desde os selvagens aos homens civilizados; a isto são levados pelo instinto, e é o que os distingue dos animais. Sem dúvida, oram de uma maneira mais ou menos racional, mas, enfim, eles oram. Aqueles que, por ignorância ou presunção, não praticam a prece, formam, no mundo, uma ínfima minoria.
A prece é, pois, uma necessidade universal, independente das seitas e das nacionalidades. Depois da prece, estando-se fraco, sente-se mais forte; estando-se triste, sente-se consolado; tirar a prece é privar o homem de seu mais poderoso sustento moral na adversidade. Pela prece ele eleva sua alma, entra em comunhão com Deus, se identifica com o mundo espiritual, desmaterializa-se, condição essencial de sua felicidade futura; sem a prece, seus pensamentos ficam sobre a Terra, se prendem cada vez mais às coisas materiais; daí um atraso em seu adiantamento.
Contestando um dogma, não se coloca em oposição senão com a seita que o professa; negando a eficácia da prece, melindra o sentimento íntimo da quase unanimidade dos homens. O Espiritismo deve as numerosas simpatias que encontra às aspirações do coração, e nas quais as consolações que se haurem na prece entram com uma grande parte. Uma seita que se fundasse sobre a negação da prece, privar-se-ia do principal elemento de sucesso, a simpatia geral, porque em lugar de aquecer a alma, ela a gelaria; em lugar de elevá-la, a rebaixaria. Se o Espiritismo deve ganhar em influência, isto é aumentando a soma das satisfações morais que proporciona. Que todos aqueles que querem a todo preço novidade no Espiritismo, para ligar seu nome à sua bandeira, se esforcem para dar mais do que ele; jamais dando menos do que ele que o suplantarão. A árvore despojada de seus frutos saborosos e nutritivos será sempre menos atraente que aquela que deles está ornamentada. É em virtude do mesmo princípio que sempre temos dito aos adversários do Espiritismo: O único meio de matá-lo, é dar alguma coisa de melhor, de mais consolador, que explique mais e que satisfaça mais. E é o que ninguém ainda fez.
Pode-se, pois, considerar a rejeição da prece, da parte de alguns crentes nas manifestações espíritas, como uma opinião isolada que pode reunir algumas individualidades, mas que jamais reunirá a maioria. Seria errado que se imputasse essa doutrina ao Espiritismo, uma vez que ele ensina positivamente o contrário.
Nas reuniões espíritas, a prece predispõe ao recolhimento e à seriedade, condição indispensável, como se sabe, para as comunicações sérias. Quer dizer que ele manda transformá-las em assembléias religiosas? De nenhum modo; o sentimento religioso não é sinônimo de protestante; deve-se mesmo evitar o que poderia dar às reuniões esse último caráter. É nesse sentido que constantemente desaprovamos as preces e os símbolos litúrgicos de um culto qualquer. Não é preciso esquecer que o Espiritismo deve tender para a aproximação das diversas comunhões; já não é raro ver nessas reuniões a confraternização dos representantes de diversos cultos, e é porque ninguém deve se arrogar a supremacia. Que cada um em seu particular ore como o entende, é um direito de consciência; mas numa assembléia fundada sobre o princípio da caridade, deve-se abster de tudo o que poderia ferir suscetibilidades, e tender a manter uma antagonismo que se deve ao contrário se esforçar em fazer desaparecer. As preces especiais ao Espiritismo não constituem, pois, um culto distinto, desde o instante em que elas não são impostas e cada uma está livre para dizer aquelas que lhe convém; mas elas têm a vantagem de servir para todo mundo e de não ferir ninguém.
O mesmo princípio de tolerância e de respeito para com as convicções alheias nos faz dizer que toda pessoa razoável que as circunstâncias levam num templo, de um culto
do qual não partilha as crenças, deve se abster de todo sinal exterior que poderia escandalizar os assistentes; ela deve, tem mesmo necessidade, de sacrificar aos usos de
pura forma que não podem em nada empenhar sua consciência. Que Deus seja adorado num templo de maneira mais ou menos lógica, isto não é um motivo para ferir aqueles que acham essa maneira boa.
O Espiritismo dando ao homem uma certa soma de satisfações e provando um certo número de verdades, dissemos que não poderia ser substituído senão por alguma coisa que desse mais e provasse melhor do que ele. Vejamos se isto é possível. O que faz a principal autoridade da Doutrina é que não há um único de seus princípios que seja o produto de uma idéia preconcebida ou de uma opinião pessoal; todos, sem exceção, são o resultado da observação dos fatos; foi unicamente pelos fatos que o Espiritismo chegou a conhecer a situação e as atribuições dos Espíritos, assim como as leis, ou melhor uma parte das leis que regem suas relações com o mundo invisível; este é um ponto capital.
Continuando a nos apoiar sobre a observação, fazemos filosofia experimental e não especulativa. Para combater as teorias do Espiritismo, não basta, pois, dizer que elas são
falsas, seria preciso opor-lhes fatos dos quais estariam impossibilitadas de dar a solução.
E neste caso mesmo manter-se-á sempre num nível, porque seria contrário à sua essência se obstinar numa idéia falsa, e que se esforçará sempre em preencher as lacunas que possa apresentar, não tendo a pretensão de ter chegado ao apogeu da verdade absoluta. Essa maneira de encarar o Espiritismo não é nova; pode-se vê-la em todos os tempos formulada em nossas obras. Desde que o Espiritismo não se declara nem estacionário nem imutável, ele assimilará todas as verdades que forem demonstradas, de qualquer parte que venham, fosse da de seus antagonistas, e não
permanecerá jamais atrás do progresso real. Ele assimilará essas verdades, dizemos nós,mas somente quando forem claramente demonstradas, de dar por elas, ou seus desejos pessoais ou os produtos de sua imaginação.
Estabelecido este ponto, o Espiritismo não poderia perder senão se se deixasse distanciar por uma doutrina que daria mais do que ele; nada a temer daquelas que dariam menos e dele fortificariam o que faz a sua força e a sua principal atração.
Se o Espiritismo ainda não disse tudo, ele é, no entanto, uma certa soma de verdades adquiridas pela observação e que constituem a opinião da maioria dos adeptos; e se essas verdades passaram hoje ao estado de artigos de fé, para nos servir de uma expressão empregada ironicamente por alguns, isto não é nem por nós, nem por ninguém, nem mesmo por nossos Espíritos instrutores e elas foram assim colocadas e ainda menos impostas, mas pela adesão de todo mundo, cada um estando em condições de constatá-las.
Se, pois, uma seita se formasse em oposição com
experiência e geralmente admitidas em princípio, ela não poderia conquistar as simpatias da maioria, da qual melindraria as convicções. Sua existência efêmera se extinguiria com o seu fundador, talvez mesmo antes, ou pelo menos com os poucos adeptos que ela teria podido reunir. Suponhamos o Espiritismo partilhado em dez, em vinte seitas, aquela que tiver a supremacia e mais vitalidade será naturalmente a que dará maior soma de satisfações morais, que encherá o maior número de vazios da alma, que será fundada sobre as provas mais positivas, e que melhor se colocará ao uníssono com a opinião geral.
Ora, o Espiritismo, tomando o ponto de partida de todos os seus princípios na observação dos fatos, não pode ser derrubado por uma teoria; mantendo-se constantemente ao nível das idéias progressivas, não poderá ser ultrapassado; apoiando-se sobre o sentimento da maioria, ele satisfaz as aspirações da maioria; fundado sobre estas bases, é imperecível, porque aí está a sua força.
Aí está também a causa do insucesso das tentativas feitas para colocar-lhe obstáculos; em fato de Espiritismo, há idéias profundamente antipáticas à opinião geral e
que esta repele instintivamente; erguer sobre essas idéias, como ponto de apoio, um edifício ou esperanças quaisquer, é agarrar-se desastradamente a ramos partidos; eis ao
que estão reduzidos aqueles que, não tendo podido derrubar o Espiritismo pela força, tentam derrubá-lo por si mesmo.
Allan Kardec
Revista Espírita, janeiro de 1866
Allan Kardec
Revista Espírita, janeiro de 1866
Respeito ao próximo
Deus não nos fez desligados da Humanidade. Somos elos da grande corrente universal e as energias divinas que vão alcançar os outros devem passar por nós, beneficiando-nos e ao nosso próximo.
Carecemos dos outros, qual eles de nós na imensa vinha do nosso Pai Celestial. Portanto, o nosso segundo dever é amar o próximo, como nos aconselha o Mestre por intermédio do Seu Evangelho de Luz. E amar é acatar os direitos daqueles que andam conosco no mesmo caminho. Nada fazemos sem a participação dos nossos
irmãos. Cada um nos ajuda em algo de que carecemos. Somos devedores da humanidade, como também emprestamos a ela o nosso concurso, e a fraternidade é o caminho mais desejado
na área do Bem, ao tratarmos com os nossos companheiros.
As exigências devem ser feitas a nós para com nós mesmos; o apreço, esse deve ser dirigido aos nossos semelhantes.
A imposição é o modo de nos educarmos; a consideração, o ambiente que deve ser feito aos companheiros de labor.
O mando deve ser a disposição na disciplina dos nossos instintos. A cortesia haverá de ser o meio de comunicar mais agradável com os nossos irmãos.
A imposição é o caminho interno quando nos indica o bem, a fraternidade nos faz atrair companheiros para o mesmo convívio.
A crítica encontra campo frutífero quando exercida no nosso mundo interno.
E a ponderação cresce e faz crescer a nossa amizade em todos os rumos. O mal merecedor de comentário é aquele que fazemos; em referência aos outros, o resguardo nos traz confiança de que todos se esforçam para o melhor.
Se tens alguma educação, aplica-a diante dos outros, e se isso te falta, lembra-te de ti mesmo. O nosso mundo interno é uma lavoura grandiosa que poderá dar muitos frutos e flores compatíveis com o nosso comportamento. Trabalhemos nele.
Quando deixamos o nosso sítio íntimo para analisar e falar mal do que não nos pertence, cresce em nós a erva daninha capaz de sufocar o trigo do Bem, que já havíamos plantado. A energia que nos foi dada deve ser usada na auto-educação, estabelecendo
assim, no nosso reino, a verdadeira harmonia espiritual, que se refletirá em todos os outros corpos. Mas, com respeito aos outros, a maior cota que poderemos fornecer para os seus corações é o exemplo dignificante, é a vivência no Amor nos caminhos da Caridade.
Se deres a devida importância ao teu próximo, nunca perderás.
Receberás, pelos meios que por vezes ignoras, a atenção que te agradará e te fará feliz. respeita os direitos dos outros, que eles, certamente, e por lei, respeitarão os teus; e ainda, a harmonia do
Universo compartilhará contigo no Bem que estimas fazer, por necessidade de amar, utilizando o comportamento elevado para ajudar a construir o reino de Deus nos corações, como também o Céu em qualquer lugar em que estiveres.
Confiemos nas forças superiores e também nas nossas, que elas crescerão de acordo com as nossas disposições de melhorar, sem nunca nos esquecermos da deferência para com aqueles que nos seguem, instruindo-nos e aqueles que nos instruem, seguindo-nos.
O respeito é luz, porque ajuda a transformar as trevas em claridades imortais.
Livro: Cirurgia Moral. Autor: Lancellin. Psicografado por João Nunes Maia
quinta-feira, 21 de abril de 2011
Nunca perca a esperança
A você, que traz o coração sofrido e torturado, envio esta mensagem para levantar seu ânimo, nesse momento difícil de sua vida. Diante do que você está passando, se for preciso chorar, chore, mas que suas lágrimas não sejam de revolta ou de inconformação e possam elas lavar sua alma, balsamizando sua dor.
Se você encontrar um ombro amigo para se escorar, faça dele um ponto de apoio para continuar a luta abençoada de sua existência. E tem mais: não se curve com o peso da cruz que você carrega, parando no meio do caminho. Lembre-se de que Jesus foi auxiliado pelo Cirineu a carregar sua cruz em direção ao cimo do Calvário. Acredite, há sempre alguém neste mundo para ajudá-lo. É só manter a esperança e prosseguir de fronte erguida para os céus.
Deus existe e olha por você. Não duvide disso, porque o Seu infinito amor envolve o seu coração sangrando pela estocada da ingratidão recebida. Não desista da vida em momento algum e nunca perca a esperança na bondade de Deus.
Lembre-se também de que a vida pede a você simplesmente para caminhar. Não olhe para trás. Parar? Nunca! Caminhe fitando o infinito dos céus em busca do socorro de Deus. Se tropeçar e cair, sacuda a poeira e dê a volta por cima, porque tudo isso há de passar. Deus o ama! Ele deseja a sua felicidade!
No entanto, faça a sua parte, estendendo com humildade as suas mãos para o Senhor da Vida ajudá-lo a superar as dificuldades. E por mais que haja sombra na noite do seu infortúnio, nunca perca a esperança, pois, ao fim da madrugada, surge sempre no horizonte, a claridade da manhã, inundando de luz o alvorecer.
A coragem de viver será sempre a força capaz de tirá-lo da depressão. Agora, fique sabendo que por mais que alguém queira levantá-lo, você deve recordar que os pés são seus e apenas a você cabe reerguê-los para dar os primeiros passos.
Por último, pense no quanto Deus lhe deu e lhe dá para ser feliz, e quantas bênçãos descem sobre você vindas da Sua Bondade Infinita. Não seja ingrato com Ele. Enfim, ame, perdoe e confie, pois assim vencerá.
Se você encontrar um ombro amigo para se escorar, faça dele um ponto de apoio para continuar a luta abençoada de sua existência. E tem mais: não se curve com o peso da cruz que você carrega, parando no meio do caminho. Lembre-se de que Jesus foi auxiliado pelo Cirineu a carregar sua cruz em direção ao cimo do Calvário. Acredite, há sempre alguém neste mundo para ajudá-lo. É só manter a esperança e prosseguir de fronte erguida para os céus.
Deus existe e olha por você. Não duvide disso, porque o Seu infinito amor envolve o seu coração sangrando pela estocada da ingratidão recebida. Não desista da vida em momento algum e nunca perca a esperança na bondade de Deus.
Lembre-se também de que a vida pede a você simplesmente para caminhar. Não olhe para trás. Parar? Nunca! Caminhe fitando o infinito dos céus em busca do socorro de Deus. Se tropeçar e cair, sacuda a poeira e dê a volta por cima, porque tudo isso há de passar. Deus o ama! Ele deseja a sua felicidade!
No entanto, faça a sua parte, estendendo com humildade as suas mãos para o Senhor da Vida ajudá-lo a superar as dificuldades. E por mais que haja sombra na noite do seu infortúnio, nunca perca a esperança, pois, ao fim da madrugada, surge sempre no horizonte, a claridade da manhã, inundando de luz o alvorecer.
A coragem de viver será sempre a força capaz de tirá-lo da depressão. Agora, fique sabendo que por mais que alguém queira levantá-lo, você deve recordar que os pés são seus e apenas a você cabe reerguê-los para dar os primeiros passos.
Por último, pense no quanto Deus lhe deu e lhe dá para ser feliz, e quantas bênçãos descem sobre você vindas da Sua Bondade Infinita. Não seja ingrato com Ele. Enfim, ame, perdoe e confie, pois assim vencerá.
GERSON SIMÕES MONTEIRO é presidente da Fundação Cristã-Espírita Paulo de Tarso, do Rio de Janeiro, RJ, e diretor da Rádio Rio de Janeiro.
quarta-feira, 20 de abril de 2011
Medicina da alma
Aquele poderia ser mais um dia de aula na faculdade de medicina, não fosse o aprendizado que dele tirei...
A tarde se iniciava calorosa, quando, juntamente com outros colegas, adentrei o ambulatório do hospital universitário a que me vinculava. Iríamos acompanhar consultas na área da psiquiatria.
A preceptora era conhecida nossa, pois, além de já nos ter ministrado aulas teóricas, liderava importantes pesquisas na área da saúde mental dentro daquela academia. Contudo, embora anteriormente já tivéssemos a ocasião de observá-la na excelência científica, particularmente, estava ansioso para vê-la atuar na arte médica.
Isto porque, durante o curso médico, tive a oportunidade de observar – infelizmente, diga-se de passagem – exemplos variados de dissociação entre o discurso e o fazer. Renomados professores nos falavam de princípios bioéticos e, na contramão disto tudo, faziam uma medicina precária nesse aspecto. Outros versavam sobre a imperiosa necessidade de se olhar o paciente como um todo e, no cantochão de suas consultas, realizavam uma paródia patética de um ver holístico, fragmentando muito mais do que integrando.
Todo este cenário, portanto, levava-nos – pelo menos a mim – à moderada ansiedade – e, de quando em vez, pequena desmotivação, sejamos honestos – diante das diversas aulas práticas de que participávamos.
Os minutos, entretanto, não se fizeram muito céleres e, rapidamente, pude perceber que aquela tarde seria diferente.
– Como estás? Tens-te sentido mais disposta?
– Ah, doutora! Depois que comecei o tratamento com a senhora, sinto-me melhor. Porém, percebo que a melhora inicial foi maior e que nos últimos tempos não consigo progredir tanto...
– Tens ido à psicóloga?
– Não. Onde eu moro, só há isto uma vez ao mês, e quando há! E a cidade mais próxima fica distante. Para conseguir um transporte é uma dificuldade!
– E as atividades? Estás trabalhando?
– Também não. É muito difícil conseguir algum trabalho por lá...
– Tens conseguido, no entanto, realizar algum lazer?
– Doutora, para ser sincera, em minha cidade não há o que fazer! Mesmo assim, tenho conseguido sair de casa e andar conversando até a pracinha com algumas amigas.
– E os estudos?
– Graças a Deus consegui acabá-los. Inclusive, eu vim prestar vestibular aqui nesta universidade. E a senhora sabe que eu passei?
– Que maravilha! Qual curso?
– Pedagogia.
– E quando começaram as aulas?
– Na verdade, eu só passei, mas não fiz minha matrícula...
– Como foi isto?!
– Não tinha dinheirinho..., além do mais, como eu iria conseguir me sustentar?!
– Por que não me procuraste? Por que não vieste aqui? Isso era o de menor importância! O mais difícil era passar e você conseguiu, apesar do seu estado de saúde. Você deveria ter vindo, nós procurávamos uma solução, encontraríamos uma forma juntas... E não há algo que nós possamos fazer ainda?!
O interesse da médica ia por outros aspectos além dos sintomas e das posologias
Tratava-se de uma jovem passando pelos tristes vales da depressão. O tratamento psiquiátrico lhe havia trazido muito benefício, mormente porque aos psicofármacos foram adicionadas gotas medicinais de atenção por nossa professora. Entretanto, para ir profundamente às raízes do problema era preciso mais.
Daí, o interesse da médica por outros aspectos que iam bastante além dos sintomas e das posologias. E, por isto, em seu semblante havia o sentir real, a empatia verdadeira, a profunda preocupação com a vida daquela moça. Enquanto que, no olhar desta, a emoção de se sentir acolhida.
O curso, é bem verdade, não tinha mais como ser feito. A vaga já tinha sido ocupada por outra candidata. Um outro alguém festejava a esperança, enquanto nossa paciente não sabia dimensionar ao certo a importância que teria sido aquela atividade em sua vida e, consequentemente, em sua saúde.
Sem que nossa preceptora se desse conta, porém, aquele seu movimento de interesse havia mobilizado a vida daquela jovem. E, energia acionada, certamente, no futuro, outros caminhos se abririam no horizonte daquela mulher. A partir dali, ela deixaria de ser uma paciente de sua doença, transformando-se, paulatinamente, em agente de seu bem-estar mental.
Aquela cena simples deixou-me forte impressão.
Com a convivência, no entanto, outras se somaram.
No seu consultório, um armário guardava remédios que eram doados àqueles que mais necessitavam. A nobre médica guardava várias amostras grátis – e quiçá comprava tantos outros – e as distribuía como verdadeiras sementes de esperança.
Em algumas ocasiões, discretamente saía de suas mãos o dinheiro da passagem para que os pacientes não deixassem de cuidar da saúde por falta de condução.
Oportunidades outras, o número de consultas era aumentado por necessidade de mais alguém ser atendido.
Em determinado momento, um paciente padecia grave moléstia psiquiátrica. O tratamento fê-lo melhorar sobremaneira. Contudo, porque faltasse um algo a mais, estando ele desempregado, nossa preceptora arrumou alguns contatos e lhe conseguiu um trabalho, já que o labor dignifica o ser, melhorando, inclusive, as perspectivas de saúde. Especialmente, no caso em questão.
– Esta não é a função dela! O sistema único de saúde brasileiro, ou então o governo, é que tem esta obrigação! – dirão alguns.
Por certo que sim.
– Ela não precisava fazer tudo isto! Ela já ajuda, contribuindo com a parcela de impostos que lhe compete pagar ao estado! – argumentarão tantos outros.
Sem dúvida.
Ela, porém, conseguiu ver além; aprendeu a fazer um pouco mais; conquistou a capacidade de se projetar no local do outro; se deu conta que não se pode esperar somente...
Para muitos, ela é apenas conhecida por seus artigos científicos.
Para as pessoas que ela atende, entretanto, ela jamais vai ser esquecida por seus gestos nobres de humanidade.
Intimamente, pensava: como argumentar diante
de um delírio coletivo?
de um delírio coletivo?
Na dinâmica da saúde, muito se tem escrito sobre a medicina da alma.
Religiosos teimam em brigar com a ciência, defendendo exclusivamente seus métodos. Cientistas, a seu turno, insistem em ignorar a realidade transcendental.
Nesta perspectiva, novas técnicas surgem – às vezes, um tanto quanto estranhas – prometendo a cura, a pretexto de serem espirituais, comprometendo, vez que outra, a credibilidade da possível união entre a medicina do corpo e a da alma.
Certa feita, estava eu a desenvolver atividades no âmbito da Doutrina Espírita, quando me levaram, muito entusiasmados, a conhecer determinada pessoa.
Desejavam apresentar-me nova ferramenta da espiritualidade que eles estavam desenvolvendo nos mecanismos de assistência aos Espíritos sofredores e obsessores.
– Estamos, no momento – dizia-me mais ou menos nestes termos –, indo um passo à frente na nossa abordagem. Agora, realizamos cirurgias no perispírito (1) dos seres. Temos conseguido modificar o DNA e os genes espirituais. Com isto, mudamos a destinação, bem como a arquitetura das obsessões.
Enquanto os companheiros versavam empolgados, só me restava balançar a cabeça como um calango, pensando – Meu Deus, abençoe!
E porque insistissem para que eu participasse pessoalmente de uma das reuniões e verificasse a veracidade das narrações feitas, só me coube responder reticente:
– Vamos ver a nossa possibilidade... – enquanto, intimamente, pensava: como argumentar diante de um delírio coletivo?
Mesmo sem desejar, entretanto, em outras oportunidades, em outras instituições que me convidavam, tive chance de ver – porque eram feitas em público, depois de nossas palestras – tratamentos de cirurgias espirituais que, embora não fossem exatamente como a descrita acima, guardavam uma desajeitada semelhança.
Questiono-me, portanto, o que seria uma medicina da alma?
E, invariavelmente, não consigo ter o exemplo das técnicas de DNA espiritual como resposta. Concomitantemente, porém, a imagem de minha professora ganha espaço.
Como cuidar da alma, senão...
Fazendo além do que se é obrigado – isto é andar dois mil passos.
Olhando além de um cérebro ou de um ser espiritual em desalinho – isto é ter olhos de ver.
Doando e se dando mesmo que não seja em um templo ou em uma obra social – isto é caridade.
Colocando-se no lugar do outro – isto é amor.
Foram justamente estes os ingredientes que um Homem incomparável ensinou.
E estas são as ferramentas fundamentais para se cuidar da alma.
O demais é apenas secundário – quando não, delírios da mente humana que sempre ambiciona ter o poder de tudo curar.
(1) Termo espírita criado por Allan Kardec em O Livro dos Espíritos para designar o envoltório do ser espiritual que o liga ao corpo material. Em outras tradições filosóficas e religiosas, ele ganha outras denominações. Na Bíblia, por exemplo, vamos encontrá-lo em uma das epístolas de Paulo como sendo o corpo espiritual, o corpo incorruptível.
Leonardo Machado
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