quinta-feira, 5 de maio de 2011

Considerações sobre o egoísmo



"O egoísmo, chaga da Humanidade, tem que desaparecer da Terra, a cujo progresso moral obsta. Ao Espiritismo está reservada a tarefa de fazê-la ascender na hierarquia dos mundos. O egoísmo é, pois, o alvo para o qual todos os verdadeiros crentes devem apontar suas armas, dirigir suas forças, sua coragem. Digo: coragem, porque dela muito mais necessita cada um, para vencer-se a si mesmo, do que vencer os outros. Que cada um, portanto, empregue todos os esforços a combatê-lo em si, certo de que esse monstro devorador de todas as inteligências, esse filho do orgulho, é o causador de todas as misérias do mundo terreno. É a negação da caridade e, por conseguinte, o maior obstáculo à felicidade dos homens"
(trecho extraído do livro "O Evangelho segundo o Espiritismo", 109ª edição, FEB, 1994, página 191).


É importantíssimo, verdadeiro e deveras atual o ensinamento contido no texto acima reproduzido.

Com efeito, o orgulho e, um de seus filhos, o egoísmo continuam sendo as maiores chagas da Humanidade.

É impressionante como somos egoístas e, sobretudo, como agimos com egoísmo, mesmo nas pequenas coisas ou nos acontecimentos triviais do dia-a-dia, como, por exemplo, quando se estaciona o automóvel em largo espaço público, colocando-o no meio sob o pretexto de melhor preservá-lo, sem cogitação de que ali poderia também caber com folga outro veículo, de outra pessoa; também quando, diante de uma fila formada, procura-se o atendimento rápido, na frente dos outros, que antes chegaram, sob o equivocado entendimento de que o nosso tempo é mais importante do que o tempo daqueles que ali se encontram, expressando-se assim, misturados, o orgulho e o egoísmo, que lamentavelmente ainda portamos, em abundância.

E são essas chagas, características do homem-velho que insiste em habitar o corpo que possuímos na presente existência física, que vão nos conduzindo ao terrível engano de querer levar vantagem em tudo, e sempre.

E, assim, a fim de satisfazer à ambição desmedida e à ganância incontrolável, vai-se passando por cima de valores imperecíveis, como a honestidade, a seriedade, a honradez, a ética, a correção de conduta enfim, construindo, por exemplo, edifícios sem condições elementares de solidez, seja porque o material neles empregado é de qualidade inferior à cobrada dos adquirentes das unidades autônomas, seja porque a sua quantidade é inferior à mínima exigida por padrões técnicos de segurança, mas que, assim aplicados, por sua vez, proporcionam maiores lucros.

É o egoísmo também que faz com que o pão de 50 gramas nem sempre tenha o mínimo de 50 gramas, não obstante seja vendido como se esse fosse o peso; é o egoísmo, por igual, que faz com que laboratórios tantas vezes vendam antibióticos em embalagem que contém oito comprimidos, quando se sabe que a tomada mínima diária é de dois comprimidos, durante cinco dias pelo menos, obrigando o usuário a comprar mais de uma caixa, mesmo que tenha que jogar fora a sobra, procedimento que, como é evidente, gera lucros maiores.

Não se tem levado em consideração, nesses casos, as conseqüências que daí decorram, mesmo que provoquem a morte do corpo físico dos outros, que são, a rigor, seus irmãos, uma vez que Deus é o Pai Celestial de todos nós.

São inúmeros os exemplos que estão a demonstrar, de modo inequívoco, a conduta egoísta do ser humano na face da Terra, esse planeta de provas e expiações e, portanto, de categoria inferior no Universo.

É necessário, pois, que cada um de nós possa vencer-se a si mesmo, combatendo e preferencialmente eliminando o egoísmo que insiste em prevalecer em nossos pensamentos e em nossas atitudes, na certeza de que ele é o causador de todas as misérias do mundo terreno, porque é a negação da caridade e, por conseqüência, o maior obstáculo à felicidade dos homens.

Com efeito, cumpre não perder de vista que "Os homens, quando se houverem despojado do egoísmo que os domina, viverão como irmãos, sem se fazerem mal algum, auxiliando-se reciprocamente, impelidos pelo sentimento mútuo da solidariedade. Então, o forte será o amparo e não o opressor do fraco e não mais serão vistos homens a quem falte o indispensável, porque todos praticarão a lei de justiça.", assim como convém não esquecer que "O egoísmo se enfraquecerá à proporção que a vida moral for predominando sobre a vida material" (trechos encontráveis nas respostas dadas às questões números 916 e 917 de "O Livro dos Espíritos", a obra basilar do Espiritismo, 75ª edição, FEB, 1994, página 420).

Sendo assim, empenhemo-nos por substituir, com determinação e vontade, com urgência e enquanto estamos a caminho, o egoísmo pela caridade, que, na inspirada definição do apóstolo Paulo de Tarso, "é o amor em ação"


Antônio Moris Cury
(Jornal Mundo Espírita de Março de 1998)

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