É
interessante como ensaiamos movimentos racionalizados, para buscar
compreender o movimento do universo e as ações divinas.
Em
um desses movimentos, coloquei-me a refletir: existe em nós um
movimento de tentativas de independência que começa a brotar por
meio das vivências reencarnatórias, ao longo dos ciclos evolutivos.
Ainda
criança, aprendemos pequenos movimentos. O pequenino se atreve a
largar às vezes a mão dos pais, para se arriscar na aventura de
firmar suas perninhas. Mesmo cambaleando, em impulso corajoso,
lança-se. Um lançamento extraordinário, mas que guarda o olhar nas
mãos protetoras que o esperam.
Percebo
que em nosso movimento evolutivo nos assemelhamos aos pequeninos.
Mesmo com as pernas ainda frágeis, aventuramo-nos em direção à
nossa independência.
Buscamos construir a nossa individualidade e
responder à pergunta constante: “Quem somos?”.
Ao
mesmo tempo, mobilizados por um impulso de preservação, estamos
sempre buscando um olhar seguro e uma mão protetora que possa nos
proteger e acalentar.
Criamos um movimento de idas ao novo e voltas
ao velho. De obediência e desobediência. Acalentar e ser
acalentado. Ser livre e estar preso a algo.
“Brilhe
a vossa luz” (Mateus, 5:16), aconselhou-nos o Mestre Jesus.
Brilhar, verbo em ação, traz-nos como recordação as estrelas, que
só se fazem vistas por meio da vasta escuridão. Não podemos dizer
que a escuridão pode nos atrapalhar quando, de fato, a nossa estrela
queira brilhar a sua luz.
Luz,
raio energético que pode atravessar meios materiais e imateriais,
perpetua, procurando uma brecha. Quer existir, se puder.
Que,
pela abertura das vivências evolutivas, possamos existir no vasto
campo cósmico, não somente como algo passageiro, mas como uma
energia que baila, buscando sua existência brilhante em meio ao breu
das possibilidades da vida.
Que
nossas mãozinhas, ainda na infância da nossa condição evolutiva,
permitam-nos buscar a independência necessária ao nosso
crescimento, sem esquecer a origem e os aprendizados de onde viemos.
Ainda
que pequenos, firmes para crescer!
Fernanda Leite Bião
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