- Meu Deus! Que coragem, querida! Com os quatro “capetinhas” que temos, você ainda se dispõe a aumentar a família!... Cássio sorria enternecido, admirando avocação da esposa para a maternidade. Dilma nascera para ter prole numerosa. Realizava-se cuidando de bebês, protegendo-os, ternamente, orientando-lhes os primeiros passos. Os filhos do casal, perto da adolescência, educados com muito carinho e diligência, eram atestados eloqüentes de sua competência como mãe.
- Não se trata disso. É a pressão de compromissos assumidos. Sinto que ainda não é tempo de encerrar a “produção”.- Por mim não há problema. Adoro nossos filhos e eles fazem por merecer todo o afeto que lhes possamos dar. São crianças maravilhosas, que enriquecem nossas vidas, o que é compreensível, considerando-se a mãe que possuem...
- Nada de confete. Apenas tento fazer o melhor, cumprindo meus deveres. E não se esqueça de que eles contam com um paizão para filho nenhum pôr defeito!...
- Somos ótimos, né?
- Não chego a tanto. Temos muito a corrigir, mas Deus tem sido generoso conosco. Nossa família é maravilhosa. Raros lares na Terra desfrutam de tão gratificante convivência. Por isso mesmo estamos em débito com o Céu e devemos fazer algo mais importante do que simplesmente acolher um novo filho.
- O que essa cabecinha está maquinando?
- Nada. Só um filho, como lhe falei.
- Só isso mesmo?
- Um filho muito especial...
- Um missionário?
- Nem pensar! Missionários escolhem o lar onde nascem. Quero acolher alguém que precise de ajuda. Em nossos contatos com a Doutrina Espírita temos notícia da grande quantidade de irmãos nossos que há no plano espiritual, em lamentável estado de desequilíbrio, comprometidos com erros do passado, a necessitar urgentemente dos benefícios da reencarnação. Cássio põe-se pensativo por alguns instantes. A esposa o observa, ansiosa. Ele fala, medindo bem as palavras:
- Espíritos assim renascem com graves deficiências físicas e mentais...
- Isso mesmo.-
- Você quer ter um excepcional por filho?
- Quero. É uma tarefa que me proponho realizar. Mas não posso assumir o compromisso sozinha. Depende de você.
- É muita responsabilidade, Dilma.
- Eu sei. Mas sinto que temos em nosso lar um potencial de amor e entendimento que garantirá nosso êxito na tarefa.
- Está consciente de que a parcela maior de sacrifício será sua?
- Sim, e apesar de minhas limitações estou disposta. Conto com a ajuda de nossos amigos espirituais.
- Pois bem, Dilma! Aceito o compromisso. Você tem razão: realmente temos recebido muito. É tempo de retribuir... A jovem senhora abraçou, emocionada e feliz, o marido. A bênção maior, pela qual jamais seria suficientemente grata, era viver com um homem de tão generosos dotes de coração. A partir desse dia, Cássio e Dilma, em suas orações, propunham-se a acolher como filho alguém em reencarnação emergencial, que necessitasse prementemente de um abrigo cristão na Terra. Pouco depois ela engravidou. Após nove meses nascia um lindo menino que, desde logo, revelou-se portador de grave lesão cerebral, que lhe limitaria irremediavelmente a inteligência e os movimentos, ensejando sublime tarefa de amor para toda uma família. Quando a mulher engravida, há no lar ansiosa expectativa. Todos torcem para que, acima de tudo, nasça uma criança saudável, física e mentalmente. Se ocorre um problema congênito, sobrevêm a frustração e o sofrimento, marcados, não raro, por incontida revolta. Pudessem as personagens desses dramas entender que nada ocorre por acaso e que as crianças com problemas são Espíritos em reajuste, como um doente submetido a tratamento, e não se perturbariam tanto, reconhecendo no filho deficiente uma abençoada tarefa que Deus lhes confiou
Livro : Encontros e desencontros. Autor: Richard Simonetti .
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